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Livro traz "diferentes olhares", alguns inéditos, sobre Santarém

O livro 'Santarém: Arte, História e Património', que vai ser lançado na sexta-feira, em Santarém, reúne contributos de 24 investigadores, trazendo "diferentes olhares", alguns inéditos, ao património histórico, cultural e natural do concelho, disse a sua coordenadora à Lusa.

Livro traz "diferentes olhares", alguns inéditos, sobre Santarém
Notícias ao Minuto

20:33 - 17/06/21 por Lusa

Cultura Santarém

Segundo a historiadora Maria Emília Vaz Pacheco, o livro, patrocinado pela Câmara de Santarém, resulta de um desafio lançado em 2018 pelo editor Jorge Ferreira, da Caleidoscópio, tendo no seu interior uma "preciosidade", ao revelar uma iluminura inédita de uma "vista de Santarém", de autor anónimo e que se supõe ser do último quartel do século XVII.

"É das coisas que mais me orgulha", disse Emília Pacheco, salientando que a imagem -- que parcialmente foi usada na capa do livro e que é reproduzida integralmente no interior -- integra um álbum que se encontra na mão de privados, os quais autorizaram excecionalmente a reprodução do que a historiadora classifica como "uma vista inédita lindíssima" de Santarém.

"É um documento belíssimo e que, pela primeira vez, aparece publicado e é também um desafio que fica para todos os estudiosos e para os interessados, uma vez que é uma imagem muito cobiçada", disse a historiadora, a qual faz, no livro, uma leitura da iluminura.

Salientando que a obra "vem colmatar algumas lacunas no conhecimento existente sobre Santarém", Emília Pacheco afirmou que esta edição, que integra a linha editorial da Caleidoscópio destinada à divulgação do património histórico-cultural e artístico dos concelhos portugueses, traz "um olhar renovado", já que vários especialistas estão "de fora", trazendo "outra sensibilidade e outra capacidade crítica".

"Mesmo que os documentos já sejam conhecidos, são sempre esses olhares renovados dos historiadores, com a sua sensibilidade muito própria, que fazem leituras diferentes", disse, salientando que o livro traz "um conhecimento acrescido" e "chama a atenção para a qualidade e diversificação do património, a todos os níveis, que o concelho de Santarém tem".

Além do património religioso -- de que destaca a parceria estabelecida com o Museu Diocesano de Santarém e o envolvimento dos seus responsáveis e técnicos, com a especialista em restauro Eva Neves a surgir igualmente como coordenadora da obra -, o livro abarca uma panóplia de temáticas.

Dividida em seis partes, a obra, amplamente ilustrada, analisa desde a arquitetura, tanto erudita como popular, esta pela primeira vez, a arqueologia, a pintura, a escultura, a retabulística, a azulejaria, a tumulária, a heráldica, o património rural, aspetos etnográficos e a paisagem natural, "tão relevante na construção da identidade da região", disse.

Maria Emília Pacheco deu o exemplo da azulejaria existente no concelho, de uma "riqueza e diversificação enorme", a ponto de o especialista que a analisou para o livro, Alexandre Pais, ter ficado "estupefacto com o que encontrou".

Lamentando que este património permaneça "guardado, fechado", Emília Pacheco apelou a que se comece "a pensar em fazer o aproveitamento desse património", através de "um turismo regrado, que divulgue Santarém na sua totalidade, mas que respeite a autenticidade e a sua salvaguarda".

"É por aí que este livro surgiu, com essa vontade de dar visibilidade àquilo que é nosso", declarou.

A obra começa por uma Contextualização Histórica, pelo arqueólogo Carlos Batata, num percurso desde a Pré-História à Época Moderna, e pelo historiador Luís Mata, desde a formação do concelho até ao Estado Novo.

A segunda parte aborda a Arquitetura, com o arquiteto e mestre em História de Arte João Vieira Caldas a tratar da arquitetura religiosa, do Gótico ao Renascimento e Ecletismo, e o investigador Hélder Carita, doutorado em História da Arquitetura e Urbanismo, as tipologias da arquitetura senhorial (Séculos XVI a XIX), num "estudo inédito" e "contributo fundamental" para a compreensão da evolução da casa senhorial em Santarém.

Ainda nesta temática, José Manuel Fernandes, catedrático em História da Arquitetura e do Urbanismo, aborda, num artigo, a arquitetura erudita do Século XX e, noutro, "inédito", a arquitetura vernácula ou popular em Santarém, em contexto urbano e rural, cabendo à arquiteta Helena Delgado desenvolver a temática da arquitetura do ferro, desde o final do Século XIX até aos anos 40 do século XX.

Na parte dedicada ao Património Móvel e Integrado, o historiador de arte Vítor Serrão analisa a Pintura durante a Idade Moderna (Séculos XV-XVIII), com referência à importância do património artístico de Santarém, cabendo a Alexandre Pais, conservador do Museu Nacional do Azulejo, a descrição da azulejaria existente no concelho, desde o Século XVI ao Século XIX, e a Carla Queirós, especialista em talha dourada e retábulos, desenvolver uma temática até aqui "pouco abordada".

A escultura religiosa é tratada no livro pelas especialistas Joana Antunes e Sandra Costa Saldanha, tendo Eva Neves estudado objetos religiosos e devocionais provenientes de várias igrejas existentes no concelho e salvaguardados no âmbito da constituição do Museu Diocesano de Santarém.

O "abundante acervo tumular" de Santarém é tratado pela historiadora de arte Carla Varela Fernandes, desenvolvendo o também historiador de arte Francisco Queiroz o tema do património cemiterial e o especialista em heráldica Miguel Metelo de Seixas a heráldica das famílias nobres e a municipal.

Na quarta parte, dedicada à Arte na Contemporaneidade, Emília Pacheco analisa obras cujo motivo da representação é Santarém e o artista plástico Mário Tropa aborda as práticas artísticas contemporâneas surgidas no concelho.

Na parte sobre o Património Paisagístico, o antropólogo Alberto Guerreiro e o investigador Ignacio García-Pereda desenvolvem os contextos históricos, geográficos e climáticos do território vinícola do concelho, e ainda os temas dos olivais, cereais e florestas.

À historiadora de arte Ana Duarte Rodrigues coube analisar a paisagem tejana e os jardins públicos e privados existentes no concelho, enquanto a bióloga Maria de Jesus Fernandes e o espeleólogo Olímpio Martins apresentam "a belíssima paisagem natural do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros".

Finalmente, a sexta parte trata do Património Imaterial e Outros Contextos Patrimoniais, com artigos da historiadora Teresa Rodrigues da Fonseca Rosa sobre o ensino dos Jesuítas no Colégio de Nossa Senhora da Conceição de Santarém, e do folclorista Ludgero Mendes sobre as tradições, costumes e lendas do concelho.

O livro será posto à venda numa livraria do centro histórico de Santarém.

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