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Novo álbum é "conjunto de diferentes formas de olhar a mesma realidade"

Há um mês, Noiserv lançou 'Uma Palavra Começada por N’, poucos dias depois, entrou para o top de vendas nacional. O Notícias ao Minuto esteve à conversa com o músico português para tentar desvendar o segredo deste sucesso.

Novo álbum é "conjunto de diferentes formas de olhar a mesma realidade"
Notícias ao Minuto

08:30 - 29/10/20 por Natacha Nunes Costa

Cultura Noiserv

Ao longo do ano, desde dezembro de 2019, Noiserv, o alter ego musical de David Santos, lançou uma música por mês, em ritmo desacelerado, para que todo o álbum tivesse o mesmo destaque, ao contrário do que, normalmente, acontece nos lançamentos de novos discos.

Uma fuga à regra que parece ter resultado. Mal foi lançado, a 25 de setembro, o novo álbum do músico português, ‘Uma Palavra Começada por N’, entrou diretamente para segundo lugar do top de vendas nacional.

Claro que a cadência com que as músicas foram reveladas ao público é, provavelmente, apenas uma das justificações para o sucesso. ‘Uma Palavra Começada por N’ é uma caixinha de pandora, desvendada a cada música ouvida (e vista) e que trouxe à boleia uma digressão pelo país, algo raro perante os agendamentos e cartazes incertos fruto da pandemia da Covid-19.

Numa entrevista dada ao Notícias ao Minuto, Noiserv levanta um bocadinho o véu sobre o novo trabalho e os concertos que tem dado, mas também fala das dificuldades que tem sentido, tal como muitos artistas, nesta ‘convivência’ com o novo coronavírus.

Apesar de admitir que o “apoio à Cultura em Portugal sempre foi insuficiente”, David Santos garante que “parar nunca será a solução”. E aqui está ele, mostrando isso mesmo com um novo álbum, totalmente em português, e vários espetáculos dados e agendados.

O álbum ‘Uma Palavra Começada por N’ foi lançado em frações. Um tema de cada vez, ao longo de vários meses, desde dezembro de 2019. Porquê é que tomou esta opção?

Fez-me sentido que todas as músicas tivessem um destaque semelhante, tentando contrariar o que normalmente acontece, onde apenas duas ou três canções de cada disco novo são referenciadas.

'Uma Palavra começada por N' é um disco homónimo? Ou a palavra começada por N não é Noiserv?

Na verdade, a palavra começada por N pode ser Noiserv, mas também pode não ser. O que mais gosto neste título é essa versatilidade, é uma palavra que fica no ar, cheia de possibilidades.

Apesar de já ter lançado quatro discos, este é o primeiro inteiramente cantado em português. Foi propositado? Porquê?

Gosto muito de desafios novos, e o que ainda não tinha feito era um disco inteiramente em português com um instrumental cheio camadas. O disco anterior já tinha uma aproximação ao português mas era apenas ao piano e, por esse motivo, este pareceu-me passo seguinte.

Além da parte musical, este disco tem uma componente visual bastante marcada. Fale-nos um pouco dessas componentes... O que pretende transmitir ao público com elas?

No seguimento de lançar uma música por mês, quis também que cada música fosse acompanhada por um vídeo. Quis depois que todos os vídeos se relacionassem uns com os outros por forma a reforçar a unidade que acredito que o disco tem. E foi isso que acabou por acontecer, um conjunto de diferentes formas de olhar uma mesma realidade.

Lançou o disco há quase um mês. Como tem sido o feedback dos fãs?

O feedback tem sido muito bom, acho que as pessoas estão a gostar muito.

Desde que lançou o disco, também deu vários concertos pós-desconfinamento. Como é que têm corrido?

Não quero parecer repetitivo, mas os concertos têm corrido muito bem, e o feedback que tenho tido por parte do público tem sido incrível.

Até que ponto é que compensa dar concertos para, em alguns casos, metade da plateia? Muitos artistas dizem que alguns dos espetáculos não dão, sequer, para os gastos da deslocação...

E qual seria a outra opção? Deixar de dar concertos? Vivemos tempos complicados que, esperamos ser de exceção, mas são momentos difíceis. Nada está como antes, mas acredito que a forma mais correta de agir é lidar com o que temos à frente e é isso que continuarei a fazer. Parar nunca será a solução.

Como é que acha que o Ministério da Cultura tem lidado com o setor durante a pandemia? De que forma é que o Governo poderia auxiliar os artistas?

Numa situação como esta, em que está posta em causa a existência de espectáculos, espectáculos esses que são a base de trabalho de qualquer artista, a única forma de auxiliar são apoios a fundo perdido. Alguns têm existido, podemos dizer que não são suficientes, mas o apoio à cultura em Portugal sempre foi insuficiente comparando com outros países. Se poderia ser feito de melhor maneira? Acredito que sim, mas não tenho conhecimento suficiente para ser objetivo na resposta.

Quinze anos depois de lançar o primeiro EP, que mudanças profissionais e alterações sofreu o artista David Santos?

Em 2005, estava a terminar o meu curso de Engenharia e a assinar um contrato de trabalho. Em 2020, editei o meu quarto disco e vivo apenas da música que faço.

 

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