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Retratos de Lisboa por Andreas Bitesnich no Museu Berardo

Um conjunto de retratos monocromáticos de grandes cidades, cujo núcleo principal é centrado em Lisboa, exploradas pelo artista austríaco Andreas Bitesnich, combinando realidade com imagens de estúdio, está patente no Museu Berardo, em Lisboa, a partir de quarta-feira.

Retratos de Lisboa por Andreas Bitesnich no Museu Berardo
Notícias ao Minuto

22:31 - 18/02/20 por Lusa

Cultura Museu Berardo

Resultante de uma residência artística de Andreas H. Bitesnich, em Lisboa, em 2019, esta exposição faz parte da série 'Deeper Shades', retratos de grandes cidades exploradas pelo artista nas últimas três décadas.

Desta exposição, intitulada 'Deeper Shades. Lisboa e Outras Cidades', com retratos de grande dimensão a preto e branco, fazem parte imagens de Nova Iorque, Tóquio, Paris, Viena e Berlim (cidades exploradas pelo artista nos seus projetos anteriores), mas o núcleo principal, e com maior quantidade de fotografias, está centrado em Lisboa.

São fotografias "predominantemente monocromáticas, sem cores de suporte, e de uma densidade eloquente", afirma o curador da exposição, João Miguel Barros, considerando que esta mostra permite ter uma visão da criatividade, do perfeccionismo técnico e estético e do espírito romântico do artista.

Fazendo uma retrospetiva do trabalho de Andreas Bitesnich, a diretora artística do Museu Coleção Berardo, Rita Lougares, assinalou que o artista começou no mundo da moda, no final dos anos 1980, tendo pouco depois percebido a sua aptidão para fotografias do corpo humano.

Já nos anos 1990, Andreas Bitesnich alargou o leque da sua criatividade para as cidades por onde viajava, fruto da sua paixão por viagens, inspiradas por livros de viagens.

"Mas a técnica era diferente, porque juntava fotografia de rua e de arquitetura com a fotografia de estúdio, combinando a realidade e o criativo, o real com imagens em estúdio", explicou Rita Lougares.

Esta série deu origem a um livro, 'Deep shades', que antecedeu as residências, explicou a responsável, afirmando que o artista se apaixonou pela cidade de Lisboa e pela sua luz, e que, foi palmilhando a cidade que fez "um inventário de detalhes invisíveis para nós".

João Miguel Barros corrobora, com a afirmação: "Nós, que vivemos num determinada cidade, muitas vezes somos incapazes de ver o que nos rodeia. Deixamos esse privilégio a quem vem de fora, com o olhar fresco e sem preconceitos".

Dividida em cinco núcleos, que são na verdade cinco salas do museu, cada uma dedicada a uma cidade e pintada de uma cor diferente, a mostra conta com um conjunto total de 143 fotografias, apresentadas por ordem cronológica.

Para cada cidade, há um vídeo de cinco minutos que mostra o trabalho e o percurso de Andreas Bitesnich na cidade, comentada pelo próprio, explicou o curador.

Existem ainda outras duas zonas, onde se apresentam um 'slideshow' com uma "miscelânea de todas as cidades" e uma espécie de "prestação de contas" que o artista faz aos visitantes, através de um vídeo de 20 minutos com uma seleção de fotografias, acompanhadas de sons de cidade, recolhidos pelo próprio nas cidades por onde andou.

Na primeira sala dispõe-se uma seleção dos trabalhos mais icónicos da cidade de Nova Iorque, que compreendem o período entre 1997 e 2011.

Segue-se o núcleo dedicado aos retratos da cidade de Tóquio, recolhidos em 2012, e que foram feitos em cinco dias, contou Andreas Bitesnich, a quem chegou a ser dito que um trabalho daquela qualidade é o que outros artistas levam anos a fazer.

A sala seguinte compreende um conjunto de fotografias da cidade de Paris, em 2013, entre as quais o artista destaca um retrato dos Champs-Élysées, com uma perspetiva única que diz nunca ter encontrado e que o fazem sentir "muito orgulhoso".

Viena (2015) e Berlim (2017) são os dois últimos núcleos antes de se entrar no maior de todos, dedicado à cidade de Lisboa.

Descrevendo o seu trabalho como "muito gráfico, visual e fácil de apreender", Andreas Bitesnich afirma que encontrou a sua própria linguagem visual e que é sempre o elemento gráfico que guia o seu trabalho.

Sobre o núcleo principal da exposição, o artista explica que visitou a cidade de Lisboa pela primeira vez em 1990 e que quando voltou, muitos anos mais tarde, encontrou uma cidade que mudara muito, mantendo o comércio tradicional, combinado com espaços bastante mais modernizados.

Em todas as visitas, o que sempre o "tocou" foi o tempo bom e a luz, razão por que a cor escolhida para as paredes da sala dedicada aos retratos de Lisboa é o amarelo, "da luz e da carris, imagem de marca da cidade".

Retratos das estátuas de D. José, do Marquês de Pombal e da Justiça, imagens do rio, de trabalhadores, de passageiros em transportes públicos, do elevador de Santa Justa ou dos carris do elétrico são algumas das cenas emblemáticas da cidade de Lisboa imortalizadas a preto e branco por Andreas Bitesnich.

A exposição 'Deeper Shades. Lisboa e Outras Cidades' vai estar patente ao público até dia 20 de junho.

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