Serralves inaugura exposições de Cildo Meireles e Ahlam Shibli

Cildo Meireles e Ahlam Shibli são os dois nomes, com "práticas artísticas bem diferentes", que até ao final de Janeiro vão encher as salas do Museu de Serralves, no Porto, com duas exposições antológicas das suas obras.

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Lusa
14/11/2013 20:27 ‧ 14/11/2013 por Lusa

Cultura

Museu

Como chamou a atenção a diretora do museu, Suzanne Cotter, na apresentação das exposições à imprensa "são dois artistas, muito diferentes, duas práticas artísticas muito diferentes na forma como se relacionam com o mundo".

Em comum, o facto de exibirem ambos preocupações de reflexão política sobre o mundo que os rodeia nas obras que produzem e de serem estas as duas últimas exposições programadas pelo ex-diretor João Fernandes.

Foi a ele que coube a apresentação das obras do brasileiro Cildo Meireles (nascido em 1948) a quem se referiu como um artista que "sempre fugiu da associação a um estilo".

"Ele não tem um estilo, ele tem uma obra", afirmou João Fernandes, acrescentando que Cildo Meireles "constrói a sua linguagem peça a peça, projeto a projeto".

Ao longo das salas desta exposição, que reúne obras produzidas entre 1969 e 2013, o visitante tanto pode debruçar-se sobre vários trabalhos que refletem sobre os cantos das casas comuns como caminhar sobre os 20.050 ovos de madeira que constituem a peça "Amerikkka", que integra também um teto com 76.150 balas.

Ao lado desta peça, uma outra, em que dentro de um círculo formado por 69.300 velas estão três toneladas de ossos e uma tenda de índios, formada por 6.000 notas de banco, mostrando que as peças oníricas de Cildo Meireles contêm enraizadas preocupações políticas.

Na exposição de Serralves, o brasileiro apresenta também em estreia uma outra obra de grandes dimensões, "Nós formigas", em que uma grua instalada por cima de uma câmara subterrânea escavada no solo, suspenderá um cubo de pedra sob a qual foi instalada de cerca de 100 mil térmitas.

Com preocupações políticas também óbvias o trabalho da palestiniana Ahlam Shibli, (nascida em 1970) está, ao contrário das peças de Cildo Meireles, bem inscrito na realidade já que se tratam de fotografias, embora a artista recuse a ideia de ser uma documentarista.

O trabalho de Ahlam Shibli coloca o espectador em confronto com situações de perda de um lar e da luta por esse lar, seja na Palestina ocupada por Israel, seja em orfanatos na Polónia ou nas comunidades transexuais de muçulmanos emigrados na Europa.

A artista explicou que o seu trabalho fotográfico no terreno é precedido de uma pesquisa muito profundo e quase da construção de guião, a partir do qual recolhe as imagens que servem essa narrativa preestabelecida, e daí a sua recusa em ser catalogada como documentarista.

As muitas fotografias que compõe esta exposição intitulada "Phantom Home" [Casa Fantasma], com as suas pormenorizadas legendas, não fogem a nenhum assunto polémico como, por exemplo os palestinianos que integram o exército israelita ou cruzamento de histórias entre resistentes franceses da II Guerra e os franceses que foram combater os independentistas do Vietname e da Argélia.

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