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Tremor transmite mensagem de inclusão em espetáculo no primeiro dia

O festival Tremor juntou, ao primeiro dia, alunos de Rabo de Peixe e a Associação de Surdos da ilha de São Miguel, nos Açores, num espetáculo que pretendeu transmitir uma mensagem de inclusão.

Tremor transmite mensagem de inclusão em espetáculo no primeiro dia
Notícias ao Minuto

14:15 - 10/04/19 por Lusa

Cultura Festival

A sexta edição arrancou na terça-feira com um espetáculo que juntou em palco alunos e professores da Escola de Música de Rabo de Peixe, utentes da Associação de Surdos da Ilha de São Miguel e músicos locais, com a coordenação e participação do projeto de intervenção artística Ondamarela.

O espetáculo, de entrada livre, encheu o Teatro Micaelense para uma performance que pedia ao público para tirar "a mensagem da garrafa" e mostrou que "nenhum homem é uma ilha", o lema que foi gritado e sussurrado por todos.

Em declarações à agência Lusa, Ricardo Baptista, cofundador do projeto Ondamarela, já tinha explicado que a música foi "o ponto de partida" para o "imaginário" criado para a abertura do festival, "porque a música é universal, mesmo para surdos", mas também a linguagem gestual e a poesia assumiram um papel fundamental no espetáculo.

A ideia era que este espetáculo deixasse "uma mensagem forte" e que tentasse "passar a ideia de que o Tremor é um grito, uma mensagem, que a ilha deixa numa garrafa e atira ao Atlântico".

Já antes do concerto, o codiretor do festival, António Pedro Lopes, tinha passado algumas máximas do festival, sendo a primeira delas todas "dar espaço ao outro". A ideia concretiza-se de uma forma prática, "dando boleia ou deixando os mais pequenos irem para a frente nos concertos", mas também através de um tema que rege o festival já há quatro anos e que promove a inclusão.

"The future is female" ("o futuro é feminino", em tradução livre do inglês) é o título escolhido este ano para um lema que já é seguido há quatro anos e que se materializa em colaboração com a Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa e a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.

À Lusa, António Pedro Lopes explicou que, para o festival, a diversidade "é um traço fundamental, não só nas escolhas artísticas, como nas escolhas identitárias, como no que interessa mostrar, partilhar, dar a ver e celebrar, que é a diversidade".

"Seja ela geográfica, seja ela identitária, sejam homens, sejam mulheres, sejam surdos, sejam ouvintes, sejam saxofonistas que fazem música transcendental ou sejam surdos que ouvem com o corpo todo e ouvem a música que fazem a partir do chão", acrescentou.

Sobre o tema "The future is female", esclareceu que "a ideia é celebrar a igualdade de género, além dos esquemas binários, de ser homem ou mulher, até mesmo da forma como as mulheres ou artistas que se pensam ou se tomam no feminino utilizam o seu trabalho para veicular outra ideia de corpo, outra ideia de organização do mundo que não seja cingida a isso".

"É também bonito ver como é que ao longo de quatro anos a colocar o foco aí, a meter o dedo na ferida, a coisa tem também estabilizado e o nosso cartaz já é um cartaz equilibrado, porque se quis lançar esta conversa, porque se achou importante, que de facto havia mais homens privilegiados no espaço destes cartazes e isso não faz sentido nenhum", prosseguiu.

O músico Colin Stetson encheu o auditório Luís de Camões, em Ponta Delgada, perante um público que procurava visibilidade da forma que podia, subindo degraus ou empoleirando-se em pequenas plataformas de madeira na base das colunas que rodeiam o claustro da Igreja da Graça, onde fica o auditório que é agora utilizado pelo Conservatório Regional de Ponta Delgada.

O festival prossegue, até sábado, espalhando-se pela ilha de São Miguel durante os próximos dias, e dando também um salto a Santa Maria, na sexta-feira.

Ao todo, serão mais de 50 os artistas que ocuparão "as principais salas de Ponta Delgada e Ribeira Grande, assim como espaços informais, comércio local e pontos de interesse cultural", com nomes como Jacco Gardner, Bulimundo, Grails, Haley Heynderickx, Lafawndah, Hailu Mergia, Lula Pena e Pop Dell'Arte.

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