'Boa noite mãe' estreia-se no teatro da Trindade
A peça 'Boa noite mãe'", da dramaturga norte-americana Marsha Norman, que se estreia na quarta-feira na sala Estúdio do Teatro da Trindade, em Lisboa, venceu o Prémio Pulitzer, em 1983, e agora tem a ação passada numa aldeia do Fundão.
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Cultura Marsha Norman
A ação centra-se numa mãe fria e pragmática e numa filha que falhou em tudo na vida, e o encenador Hélder Gamboa coloca-as numa aldeia próxima do Fundão, Peraboa, no distrito de Castelo Branco, onde fez uma residência artística sobre a peça.
"É uma peça fabulosa, com um sentido de humor muito requintado sobre duas mulheres -- mãe e filha -- que vivem juntas e que, pela primeira vez na vida, têm uma conversa aberta uma com a outra", disse o encenador à agência Lusa.
Uma mãe viúva, na casa dos 60 anos, e uma filha com epilepsia, na casa dos 35, 40 anos, são as personagens centrais de "Boa noite mãe".
A peça decorre ao longo de hora e meia, tempo real de uma noite em que mãe e filha conversam, após esta dizer à mãe que às 23:00 dessa noite se vai suicidar.
A conversa corre sobre a vida de cada uma delas, naquela que é a única noite em que mãe e filha rompem a solidão e o isolamento que marcava a existência de ambas, apesar de partilharem o mesmo espaço físico.
Ao longo desta hora de conversa, a mãe -- Telma -- vai esgrimindo argumentos para tentar evitar o suicídio de Luísa, a filha, não conseguindo, contudo, cumprir o objetivo.
Doente de epilepsia e com um filho delinquente, Luísa acaba por não ceder, naquela que é a única ação da sua vida em que decide por si, sublinhou Helder Gamboa, ressalvando, contudo, que "nunca ao longo da peça o espetador é levado a ter pena desta personagem".
E é ao longo de hora e meia de conversa que Telma e Luísa se apercebem de que, apesar da distância que pauta o relacionamento de ambas, as duas têm muito em comum.
Tal como a filha não amou o marido que a mãe lhe arranjou para casar, nem desejou o filho que o marido acabou por lhe impor, também a mãe nunca amou o pai de Luísa.
"Esta peça acaba por retratar uma única noite em que mãe e filha são, pela primeira e única vez, verdadeiras uma com a outra", frisou Helder Gamboa.
Os argumentos que a filha invoca para se suicidar são tão sustentados que a ter pena de alguém o espetador ficará com pena de quem fica e nunca de quem parte, sublinhou.
"Mas esta peça é também um libelo à vida e ao amor", sublinhou Helder Gamboa, o encenador.
A peça tem tradução de Ângela Pinto, que também interpreta a obra, com Sylvie Dias.
A cenografia é de Rui Filipe Lopes, a música original, de Luís Lucena e, a encenação e dramaturgia, de Helder Gamboa.
"Boa noite mãe" é uma coprodução do Teatro da Trindade Inatel com a Tenda Produções e vai estar em cena até 25 de novembro, com espetáculos de quarta a sábado, às 21:30, e, aos domingos, às 17:00.
A peça, que, segundo Helder Gamboa, recebeu vários prémios Tony, em Nova Iorque, estreou-se em Portugal em 1986, no Teatro Nacional D. Maria II, com interpretação de Fernanda Borsatti e Guida Maria.
Há perto de 11 anos, Celso Cleto fez também uma encenação da obra, protagonizada por Sofia Alves e Manuela Maria.
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