"O que me chama atenção na vida é o improvável, o que parece deslocado. Às vezes sinto que estou abusando, mas sinto não ter medo disso", disse o escritor português.
Entre os elementos improváveis mencionados durante o debate esteve a vaca que vive com a família Sarga, no livro "O remorso de Balthazar Serapião".
Valter Hugo Mãe explicou que essa foi a forma que escolheu para retratar a maneira como a mulher é colocada na sociedade, "muitas vezes sem voz" e "bestializada".
O escritor também comentou sobre o seu livro "O apocalipse dos trabalhadores", o último a ser lançado no Brasil, que também aborda a questão de género, com duas mulheres-a-dias como protagonistas.
Villalobos realçou que, no seu livro "Festa no Covil", há um retrato da mesma questão, mas no contexto de uma família mexicana, já que as personagens mulheres não possuem falas, com exceção de apenas uma.
Seguindo o tema da mesa, "O apocalipse das vacas", o escritor mexicano também citou a presença do animal em um dos seus livros, nesse caso o "Se vivêssemos em um lugar normal", passado numa cidade que possui "mais vacas do que pessoas".
O Festival Pauliceia Literária começou na quinta-feira e decorre até domingo, em São Paulo. Ao todo, 33 autores vão participar no evento, contando com 13 escritores brasileiros e três portugueses.
Além de Valter Hugo Mãe, vencedor do Prémio Portugal Telecom em 2012, participam os portugueses Pedro Rosa Mentes e Inês Pedrosa, e o colombiano Jerónimo Pizarro, especialista em Fernando Pessoa, com apoio do Instituto Camões e do Consulado de Portugal em São Paulo.