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"Quem diz quem vai tocar no Rock in Rio é o público"

Roberta Medina, a vice-presidente do Rock in Rio, é a entrevistada de hoje do Vozes ao Minuto.

"Quem diz quem vai tocar no Rock in Rio é o público"
Notícias ao Minuto

08:10 - 22/06/18 por Fábio Nunes

Cultura Roberta Medina

Um dos eventos mais aguardados do panorama musical global está de regresso a Lisboa para mais uma edição naquela que tem sido a sua casa desde 2004, o Parque da Bela Vista. Nos dias 23, 24, 29 e 30 de junho vão passar nomes como os Muse, Bruno Mars, The Killers, Katy Perry, Anitta, Xutos e Pontapés e The Chemical Brothers pela Cidade do Rock, que este ano vai contar com mais novidades desde que chegou a Portugal.

“É quase tudo novo”, destaca Roberta Medina na conversa que teve com o Notícias ao Minuto. Sempre com o objetivo de oferecer uma experiência de entretenimento e lazer a um público que é principalmente familiar, o Rock in Rio promete surpreender este ano. O Super Bock Digital Stage é um dos palco novos que parece estar a fazer maior sucesso na antecâmara do festival. Com uma proposta diferente, virada para o mundo digital, vai estar a cargo dos principais Youtubers nacionais.

Mas há mais. Muito mais. O Music Valley vai mostrar o que de melhor se tem feito na música portuguesa nos últimos tempos e o Pop District vai ter muitas surpresas para quem passar por lá.

O Rock in Rio deverá continuar em Lisboa e já começaram as primeiras conversas para o evento de 2020. A internacionalização do festival continua a ser uma aposta e poderá chegar a novos mercados no futuro.

Quais as suas expectativas para esta edição do Rock in Rio?

Nós estamos a ter um gosto a 2004 quando chegámos com um produto novo para o mercado, enquanto descobríamos novas fronteiras também. Talvez esse seja o território mais diferente de 2004. Já sabemos muito bem por onde andamos e o que estamos a trazer já experimentámos no Brasil em setembro do ano passado. Mas foi uma fase que começou em 2015 quando o Rock in Rio fez 30 anos. Decidimos fazer uma série de estudos para desenhar os próximos 30 anos e uma das coisas que validámos é que cada vez mais faz sentido ir ao encontro daquilo que o nosso consumidor gosta de fazer no seu momento de lazer e entretenimento, onde a música é soberana, é a rainha da festa, é ela que guia e que motiva a maior parte das pessoas e une todas as pessoas aqui. Mas as pessoas gostam cada vez mais de variedade na sua experiência de lazer.

O que nós fizemos desde que viemos para Portugal foi estabelecer esta proposta de parque temático da música. E o que fizemos no ano passado no Brasil foi acelerar ainda mais nessa direção depois de fazermos esses estudos. Em 2016 já tínhamos começado uma experiência de trazer chefes para a Bela Vista como o Kiko, por exemplo. Quando fomos para o Brasil fizemos um espaço chamado Gourmet Square, inspirado no Mercado da Ribeira. Aquilo ficou lotado do primeiro ao último minuto. Tinha uma proposta para as pessoas comerem com mais qualidade do que o que costuma acontecer nos festivais. Era um outro perfil de consumo. Voltando a Lisboa, a ideia natural foi ir lá buscar os originais. Então desafiámos a Time Out para fazer o primeiro ‘pop-up’ Time Out Market aqui na Cidade do Rock. Vamos ter chefes com estrelas Michelin. São 14 espaços como o Sea Me, a Manteigaria ou a Confraria. As pessoas podem sentar-se e ter uma experiência diferente no que toca à gastronomia, que é não só uma experiência final, mas é cada vez mais relevante como parte de qualquer experiência de entretenimento.

Depois trouxemos para a Cidade do Rock duas novas indústrias de entretenimento. A indústria do entretenimento digital com o Super Bock Digital Stage, que iniciámos no Brasil assustados com a forma como poderia resultar, mas foi o máximo. Lotado do primeiro ao último minuto e agora aqui vamos ter um ‘upgrade’, com uma variedade de conversas e um horário de funcionamento maiores do que tivemos no Brasil. O nosso objetivo com o Digital Stage não é fazer um produto para os jovens que já estão habituados com uma linguagem para a qual as pessoas da minha geração olham para aquilo e não percebem o que está a acontecer. Como o público do Rock in Rio é muito transversal nós queremos que tudo o que aconteça tenha a capacidade de dialogar com quem quer que seja. O palco vai ser muito dinâmico, frenético, sem parar. Vai ter música, dança, humor, hipnose, vai ter coisas muito engraçadas. Os nossos Youtubers, o Windoh, o Sirkazzio, o D4rkframe e o Wuant, estão a inventar o que vão fazer e o que procurámos foi quem tem experiência no mercado, porque uma coisa é fazer na internet um vídeo editado outra coisa é fazer ao vivo. Esse é o grande desafio. Então trouxemos uma equipa de direção artística para os ajudar a dar forma à produção que querem fazer. E o Digital Stage está dentro de um novo bairro da Cidade do Rock, onde também está outra indústria que estamos a trazer, a indústria do gaming. Porque tanto a Worten Game Ring como o Super Bock Digital Stage estão dentro do Pop District, um bairro que traz o desafio de falar de cultura pop. Das coisas mais antigas mas também tentar adivinhar o que vem aí. Vai haver um espaço dedicado a Star Wars com uma das naves e os Stormtroopers, que vão estar a fazer uma série de brincadeiras. Também trazemos o cinema para este espaço pela primeira vez. Para as pessoas verem filmes? Claro que não. A experiência do cinema vai ser fazer uma apresentação ao vivo dos filmes. Vamos ter oito lançamentos. Quatro internacionais e quatro nacionais. Vários artistas nacionais vão estar aqui, vão estar perto das pessoas, interagir com o público.

Quanto ao gaming, vamos ter campeonatos mas também vai-se jogar na brincadeira. Uma outra coisa que vamos ter na nossa área de gaming são experiências físicas de gaming em que parece que as pessoas estão dentro do jogo. É uma indústria que é maior do que a música e o cinema no mundo. E não adianta continuarmos com aquela linguagem de que os jogos isolem os miúdos em casa. Eles jogam e dialogam com o mundo inteiro. É outra era. Não podemos virar as costas. Todas as indústrias que viraram as costas para as novas tendências morreram. Então temos de trazê-las para perto de nós.

Vamos ter outro palco, que materializa várias formas de consumir a música. O Music Valley é 1000% música. Começamos com uma ‘pool party’. Vai ser uma curtição e vamos ter depois concertos das bandas e cantores que estão a fazer sucesso em Portugal como a Carolina Deslandes, HMB ou a Blaya. E ainda o Revenge of the 90’s que é absolutamente soberano.

Mas além das novidades, há apostas 'antigas' que se mantêm...

A Rock Street [está de] volta. Já não passamos sem ela. E volta focada no continente africano. Há um investimento mais forte no palco da EDP Rock Street com música pura e dura e com menos entretenimento. Queremos ter uma conversa culturalmente interessante. Vamos do Bonga ao Nástio Mosquito. Vai ser um cartaz muito bom. [Mas] claramente somos um festival de família [e por isso] pensámos no que podíamos trazer para as crianças e nesta altura em Portugal não há nada mais sensacional do que o Dino Parque. Então vamos ter um circuito do Dino Parque aqui dentro que vai ser absolutamente enlouquecedor. Vamos ter ainda um espaço de prestígio que é o Hall of Fame. É uma parede inspirada em Hollywood com os moldes das mãos dos artistas que têm passado com o Rock in Rio. Temos por exemplo dos Xutos com o Zé Pedro e é muito emocionante. Nós vimos para este ano com uma proposta de mercado em que é quase tudo novo.

Há muitos artistas que querem tocar no Rock in Rio. Artistas que ainda não têm uma dimensão tão grande, artistas que são meus amigos e já me perguntaram ‘Eu quero tocar no Rock in Rio. Como é que faço?’. Quem diz quem vai tocar no Rock in Rio é o público

Uma das novidades de que falou é o Super Bock Digital Stage. Quando o Rock in Rio veio para Portugal em 2004 estávamos num altura em que as redes sociais estavam a começar e o Rock in Rio Lisboa acompanhou esse crescimento ao longo dos anos. Esta era uma aposta que tinha de acontecer, criando esta ligação ao mundo digital?

Confesso que não sei se tem a ver com acompanhar esse crescimento. Acho que estamos numa sociedade, num mercado, e estamos a falar do mundo e não só de Portugal, em que as coisas vão ganhando determinada dimensão. Se olharmos para um evento como o Rock in Rio e pensarmos na música, há muitos artistas que querem tocar no Rock in Rio. Artistas que ainda não têm uma dimensão tão grande, artistas que são meus amigos e já me perguntaram ‘Eu quero tocar no Rock in Rio. Como é que faço?’. Quem diz quem vai tocar no Rock in Rio é o público. Não quer dizer que não apresentamos artistas novos. Ninguém pediu o line up da EDP Rock Street, certo? Não estava na lista do que as pessoas querem ver. Mas quando andamos no pop, no rock, etc, quem decide é o público. Se o artista ganhar dimensão, gostando ou não, ele vem. Não sei se acompanhou as conversas com a Anitta. O Roberto (Medina) tinha determinado que não queria o funk no Rock in Rio. A dimensão que a conversa foi ganhando e a evolução da carreira da Anitta, que é funk mas, não sei se existe este nome, é um funk pop ou pop funk, começou a ter outra linguagem. Já tem outra maturidade. Depois há fenómenos gigantescos mas que não combinam com o festival. O artista que mais vende em Portugal, o Tony Carreira, combina com o Rock in Rio? Isso não faz dele pior. Muito pelo contrário, ele é genial, é brutal. Só não combina com a proposta do evento. Não há qualquer preconceito. Tem a ver com um tempo de maturação dos assuntos e de afinidade com a proposta, seja Rock in Rio ou outra, para as coisas acontecerem.

Nós fizemos o Digital Stage 2017. Apavorados. Eu não estava confortável. A piada que fazíamos era de pedir ao Roberto para não aparecer lá. Porque aquilo de facto era distante do Rock in Rio de há 33 anos, do maior evento de música do mundo que tem um prestígio enorme. Que só trabalha com os dinossauros do rock e da música. Estávamos completamente apavorados. Eu dizia ‘O que é que aquelas criaturas vão falar ali em cima’. Mas temos de arriscar porque a dimensão no caso do digital ficou maior até do que a maturidade. Decidimos construir juntos. É diferente do mundo do gaming, que tem a sua vida própria. O que estamos a fazer é ter uma conversa mais transversal e abrir mais o diálogo com um público mais mainstream.

Eu não vejo como uma evolução do tema das redes sociais. As redes sociais estão a constituir-se. Algumas cresceram, outras são absolutamente questionadas. Elas também estão a testar-se. Quando se usam algoritmos todos os dias é porque também está a acontecer algo do lado de lá. Eles também não sabem as respostas. O que é absolutamente angustiante para uma geração que se habituou a comunicar de uma forma limitada versus o que nós temos hoje, mas segura. ‘Põe aqui na televisão, põe no rádio, no jornal’ e as pessoas sabiam o que estavam a fazer. Agora atira-se para milhões de lados e não há ninguém que saiba como se faz. Eu quero saber quem é que no mundo diz que faz um vídeo viral? Há milhões de ideias para criar uma banda mas para fazer um vídeo viral quero saber que é que tem essa resposta. É um mercado que ainda está em evolução, ainda em definição, ainda em amadurecimento. Mas é um mercado absolutamente gigantesco. Não podemos esperar. “Quando tiver sólido vamos lá”. Não, vamos tentando. E acho que é bacana. Tanto que uma das coisas de que mais se fala é no Super Bock Digital Stage.

Música portuguesa? Está muito mais forte, muito mais rica e com muita renovação

No caso do Music Valley, há uma preponderância de música portuguesa neste palco. Com muitas bandas e cantores portugueses novos que estão a ter sucesso e a dar um novo ímpeto à música nacional. Sente que desde que o Rock in Rio veio para Lisboa a música portuguesa está a atravessar uma das suas fases mais interessantes?

Está muito mais forte, muito mais rica e com muita renovação. Está a aparecer muita coisa boa e nós quisemos ir nessa direção de focarmo-nos para que fosse um palco muito atual na cena musical de Portugal. Há uma coisa engraçada na música de hoje com as possibilidade dos canais de comunicação, que já não são controlados e a música vem de todo o lado. Nós vivemos músicas, não vivemos álbuns e corremos o risco de não viver mais artistas. É mais fácil dar visibilidade para um artista mas talvez seja mais difícil criar um grande artista. Há tanta opção. Veja-se o Spotify. Eu sei qual é a música mas não faço a menor ideia de quem é que canta. Porque amanhã já há outro com uma música brutal e que não sabemos se vamos ouvir.

Acho que a diferença é que neste caso os artistas locais ganham muita vantagem porque estão aqui, estão a falar connosco, estão a construir-se de uma forma próxima, têm uma identificação muito grande com o público e dessa forma ganham muito mais espaço. As pessoas sabem qual é a música da Carolina Deslandes, constroem uma relação com ela, o que talvez já não aconteça com outros artistas. O mercado tem interesse em conversar com ela porque se pode marcar uma entrevista com ela. Portugal é um mercado muito poderoso em termos de nova música. O que eu pergunto é: quantos destes artistas vão conseguir construir-se enquanto artistas? Hoje é este, amanhã é outro. E nós vamos consumindo boa música, certo. Mas é diferente. Nós construímos uma relação com os músicos que estão aqui de uma forma que é muito difícil de construir com os que vêm de fora.

Concerto dos Xutos e Pontapés? Há músicas que já tinham sido gravadas com o Zé. Que presente da vida! Através da tecnologia e da música vamos continuar a viver o Zé em cada acorde

Como tem sido tradição, os Xutos e Pontapés vão atuar no Rock in Rio Lisboa. Vai ser a primeira vez sem o Zé Pedro neste palco. Acha que vai ser um concerto de emoções fortes para todos os que vão estar presentes no Parque da Bela Vista nesse dia?

Vai. Acho que vai ser emocionante até porque não vamos fingir que não aconteceu nada. Mas a proposta do concerto dos Xutos, e eu sou uma das principais encorajadoras disso, é olhar para o futuro. Não é lamentar, até que porque não era isso que o Zé Pedro iria querer. Se o Zé Pedro estivesse aqui e outro dos rapazes não estivesse, ele ia dizer ‘Acelera e vamos lá’. Porque há que honrar o trabalho que foi feito até hoje. A música deles é absolutamente relevante para muitas gerações. Faz-se o quê? Desliga-se? Não se desliga. Não dá para fingir que saiu o Zé Pedro e agora acabou. Não acabou nada. Eles estão a mostrar o que têm. Há músicas que já tinham sido gravadas com o Zé. Que presente da vida! Através da tecnologia e da música vamos continuar a viver o Zé em cada acorde. De todas as canções que ele já fez e de outras que não o vimos tocar ao vivo mas que ele gravou e tudo o que os Xutos fizerem no futuro porque ele faz parte dos Xutos.

Vai ser um concerto, obviamente como todos os concertos do Rock in Rio, de grandes sucessos, de emoção porque vamos falar do Zé Pedro mas nessa perspetiva da alegria, da pessoa incrível e do grupo unido que eles sempre foram. Quantos grupos de rock têm os anos que eles têm de estrada? E apontando para o futuro. Já com canções novas, já prometendo grandes vibrações para a frente.

Notícias ao MinutoO Super Bock Digital Stage é um dos palcos novos desta edição do Rock in Rio e está a suscitar grande interesse© Rock in Rio

Com quanta antecedência é que costuma ser planeado o Rock in Rio?

Basicamente estamos a começar a falar em 2020. A primeira etapa é a renegociação do protocolo com a Câmara. Essa conversa já está a acontecer. Quando nos aproximamos do festival, mesmo nos dias do festival, temos algumas conversas comerciais que começam a acontecer mas que ganham força nos meses seguintes ao festival. São muitos departamentos diferentes. Mas toda a equipa reúne-se dois dias depois do evento para falar sobre o que correu bem e do que correu menos bem, sobre novas ideias que alguém teve. Já está tudo bem fresquinho e ali começa a ser desenhada a próxima experiência. Cada departamento, cada equipa tem um tempo diferente. O comercial tem de mostrar os resultados aos patrocinadores para atraí-los para uma próximo edição. Depois começa a produção de conteúdos novos, a criação de novas coisas. A parte artística normalmente é um ano antes, hoje em dia é possível em certos casos ser um ano e meio antes mas é muito raro o artista que tem disponibilidade para marcar uma data com tanta antecedência, em geral é um pouco mais em cima. E depois entra a comunicação e lá vamos nós. Bem ou mal, acabam por ser dois anos.

A internacionalização é muito complexa. Os investimentos para cada edição do Rock in Rio são gigantescos e é um modelo de negócio muito disruptivo e de muito risco para qualquer mercado

Entrar no mercado norte-americano foi um passo importante para a marca. Pretende levar o Rock in Rio a mais algum país, a mais algum mercado? O asiático, por exemplo?

Tivemos algumas conversas com a China e uma das conclusões a que chegámos é que existem mercados onde não vamos conseguir produzir em mandarim. Isso é algo que não vai acontecer. Então começámos a desenvolver um modelo de franchise mas que não é exatamente franchise, porque era bom se fosse assim tão fácil dar uma bula e alguém fosse capaz de fazer aquilo. Havia muitos Rock in Rio por aí. O que criámos foi um modelo que agora estamos a começar a experimentar nas primeiras conversas. Desenvolvemos um plano para fazer o Rock in Rio, no qual algumas tarefas, onde fazemos toda a diferença, continuamos a tratar delas mas com um parceiro local forte para tratar das outras.

Estamos a ter conversas com a Alemanha, que estão em andamento. É uma experiência nova e não sabemos até que ponto irá resultar. O mercado brasileiro é um mercado onde a marca tem interesse em investir. É um mercado cada vez em maior crescimento. O Game XP, a nossa arena de gaming, tornou-se um evento permanente no calendário do Rio de Janeiro e acontece agora em setembro. O Digital Stage tornou-se um festival que é o Like Fest que acontece em São Paulo. A dimensão do mercado brasileiro com a vantagem que o mercado brasileiro ainda funciona com comunicação nacional e faz as possibilidades serem muito maiores em termos de expansão de produtos e subprodutos da marca e da empresa. O mercado americano continua a ser um mercado de muito interesse, só que a nossa grande fonte de rendimento para continuar a fazer novos investimentos é o Brasil. Nós estávamos num processo de acionistas que foi finalizado há um ou dois meses, a Live Nation entrou como sócia do festival substituindo a SFX, que tinha entrado em recuperação judicial. Então estamos agora a ter essa discussão com o nosso novo parceiro para perceber quais os planos futuros. O projeto da Argentina está pronto. Nós chegámos a anunciar o Rock in Rio em Buenos Aires com o Macri quando ele era governador da cidade. Ele agora é presidente e tem todo o interesse em levar o Rock in Rio para lá mas economicamente aquilo não está estável o suficiente para ter o volume de patrocínios necessário. Então está em espera até as coisas melhorarem.

Notícias ao MinutoSim, este ano os dinossauros vão andar à solta na Bela Vista para felicidade dos mais novos© Rock in Rio

Que outros planos têm a médio-longo prazo para o Rock in Rio?

Temos criado algumas coisas na área de partilha de conhecimento. Temos o Academy que começou há duas edições do Brasil e vai acontecer aqui agora. É um live case como chamamos-lhe. Em vez de estudar um caso num curso vem para aqui falar com quem faz, tirar as dúvidas e ouvir diretamente de quem faz. A forma como pode inspirar outros negócios. Não é um curso de entretenimento, é de gestão. Na primeira edição falámos no modelo de negócio, de valores, de criatividade. Qual é o limite para manter sempre os valores muito fortes com renovação de conteúdos e de imagem. Este ano estreamos em Portugal um projeto novo que é o Innovation Week que vai acontecer no LACS em paralelo ao Rock in Rio. Acontece na semana de intervalo do festival. São mais de 100 palestras e workshops. Um mix gigante que fala de communitivity, que é o próprio conceito que criámos para o LACS e que é um ambiente de criatividade, de comunidade e de inovação com foco na criatividade.

O lançamento da plataforma de publishing Reverb com a Webedia no Brasil é algo muito bom. Lançámos no Rock in Rio Brasil um produto novo que foi o Now, que faz uma cobertura ao vivo nas redes sociais. Os números foram uma loucura. Antes do festival tínhamos previsto cerca de dois mil posts. Foram 2.500 posts ao longo dos sete dias do Rock in Rio Brasil com um alcance gigantesco. Então criámos este produto novo que agora oferecemos a outros eventos e a outras marcas. Hoje estamos muito mais focados em subprodutos da marca do que até na internacionalização que é muito complexa. Os investimentos para cada edição do Rock in Rio são gigantescos e é um modelo de negócio muito disruptivo e de muito risco para qualquer mercado.

Com todas estas novidades que o Rock in Rio vai ter este ano, com que sentimento é que gostava que uma pessoa que venha a um dos dias do festival saia da Bela Vista?

De coração cheio. Um sentimento de plenitude, de alma realizada, de felicidade. A felicidade é uma coisa que dura pontualmente. Mas que saiam daqui flutuando de tanta felicidade e com o desejo de voltarem já no próximo.

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