Ao que tudo indica, Mohammed Ben Sulayem não vai ter oposição nas eleições para a presidência da FIA em dezembro. Indiretamente, as regras vão a impedir outras candidaturas.
Segundo a agência Reuters, cada lista candidata tem de designar seis vice-presidentes (um por região global), provenientes de uma lista de 29 pessoas elegíveis para o Conselho Mundial da FIA.
Acontece que a América do Sul só tem uma representante. É Fabiana Ecclestone, que já está do lado de Ben Sulayem. Já em África há duas pessoas, que também já apoiam o atual líder da federação.
Como cada um desses possíveis vice-presidentes só pode estar associado a uma candidatura, outras já não são possíveis.
Tim Mayer desiste e fala de "ilusão de democracia"
Perante este cenário, Tim Mayer anunciou a sua desistência da candidatura à liderança da FIA. Citado pela Reuters, afirmou: "Na América do Sul, só uma pessoa concorreu ao Conselho Mundial de Automobilismo. Em África, apenas duas. Todas as três estão diretamente associadas ao incumbente. O resultado é simples. Ninguém além do incumbente se pode candidatar sob o atual sistema da FIA".
O agora ex-candidato estranha a falta de interesse regional e a redução face aos mais de 40 candidatos ao Conselho disponíveis em 2021: "Os clubes membro perderam, repentinamente, o interesse em moldar o desporto? Foram persuadidos, pressionados, ou foi-lhes prometido algo para não se manterem? Não posso dizer com certeza, mas quando só três de 12 clubes elegíveis na América do Sul e em África se chegam à frente, independentemente de me apoiarem ou não, é claro que já não é um processo democrático".
E Tim Mayer afirmou também: "Desta vez não existirá eleição. Não existirá debate entre ideias, não haverá comparação de visões, não haverá exame de liderança. Só haverá um candidato, o incumbente, e isso não é democracia. É ilusão de democracia".
Já em declarações veiculadas pelo Motorsport.com, o americano sublinhou: "Quando as eleições são decididas antes da votação, isso não é democracia. Isso é teatro. E quando um clube membro fica sem uma real opção, torna-se espectador, não participante".
As eleições para a presidência da FIA serão durante a assembleia-geral marcada para 12 de dezembro em Tasquente (Usebequistão). Além de Tim Mayer, que agora se retira da corrida, e do atual presidente Mohammed Ben Sulayem, também foram anunciadas intenções de candidatura por parte de Laura Villars e de Virginie Philipott - que, considerando as regras, devem ter o mesmo desfecho de Tim Mayer.
FIA garante que processo é "democrático"
Segundo a agência Reuters, a FIA assegurou que as eleições são um "processo estruturado e democrático". Frisou, também, que os interessados em candidatarem-se à presidência estavam informados desde 13 de junho dos requisitos para se poderem preparar.
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