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Híbridos plug-in enganam? Poluição e despesas muito acima do anunciado

Os automóveis híbridos plug-in são anunciados como favoráveis a poupanças com combustível e mais amigos do ambiente do que os carros de combustão tradicionais. No entanto, a poluição e os custos reais podem ser muito superiores à anunciada.

Híbridos plug-in enganam? Poluição e despesas muito acima do anunciado

© Shutterstock

Bernardo Matias
17/10/2025 09:47 ‧ há 4 horas por Bernardo Matias

As despesas e as emissões poluentes dos automóveis híbridos plug-in podem estar muito acima do anunciado - estando pouco distantes dos registos dos veículos com motores convencionais ou híbridos simples.

 

É a conclusão de uma análise do coletivo Transport & Environment a 800 mil híbridos plug-in (PHEV) registados entre 2021 e 2023. Segundo o relatório, as emissões de dióxido de carbono em contexto de utilização real dos modelos de 2023 "são quase cinco vezes superiores às emissões oficiais" - 4,9 por cento, depois de em 2021 terem sido 3,5 vezes superiores.

Esta disparidade justifica-se, sobretudo, "pelas suposições erradas sobre a participação do modo de condução elétrico", que é sobrestimada. As medições oficiais, que utilizam um valor UF ('Utility Factor') considerado desajustado pela T&E, estimam que estes veículos andem em modo elétrico 84 por cento do tempo. Porém, os dados em mundo real apontam para 27 por cento.

E, mesmo em modo totalmente elétrico, estes automóveis emitem 68 gramas de dióxido de carbono por quilómetro, já que não existe potência suficiente no motor elétrico e é necessário acionar o propulsor de combustão.

Os investigadores dizem que "veículos com uma autonomia elétrica acima dos 75 km emitem mais dióxido de carbono em média do que os que têm autonomia de 45 km a 75 km, apesar da maior autonomia elétrica".

Pode ler-se no estudo que só há energia "para quase um terço da distância percorrida em modo elétrico". E estas diferenças também têm consequências ao nível dos custos de utilização associados a consumos de combustível e de eletricidade - com despesas adicionais de centenas de euros.

Sobre a poluição, o trabalho conclui: "As emissões dos PHEV no mundo real são muito mais altas do que as suposições reguladoras, deixando-os muito mais perto dos veículos de combustão interna do que o esperado. Embora WLTP estime que os PHEV emitem menos 75 por cento de dióxido de carbono do que os motores de combustão interna, os dados do mundo real mostram que os PHEV têm uma média de 135 gramas de dióxido de carbono por quilómetro. Isto significa que a diferença real de emissões é de apenas 19 por cento, não a grande diferença prevista nos regulamentos atuais".

Custo extra de 500 euros

Para além do impacto ambiental, as disparidades entre os valores encontrados nos testes WLTP e em mundo real significam que os híbridos plug-in ficam mais caros para os proprietários.

O estudo defende que os gastos extra rondam 940 euros por ano. Só em combustível, face às estimativas WLTP, são em média quatro vezes superiores.

Considerando os custos totais de energia, incluindo o carregamento, há despesas cerca de 500 euros acima do esperado. Contas feitas, os gastos ficam 50 por cento acima do indicado pelos dados oficiais.

Para percorrer cerca de 5.000 km anuais em modo elétrico, o condutor terá de pagar 250 euros extra em combustível, já que não seria de esperar que gastasse gasolina/gasóleo nessas circunstâncias.

É dado o exemplo do Ford Kuga, o modelo mais vendido em 2023. A diferença é inferior à média, mas os custos com combustível são cerca de três vezes superiores às estimativas WLTP fixando-se em torno dos 640 euros anuais. Há, depois, 360 euros de custos extra com a energia no geral.

Mudanças planeadas não vão ser suficientes

O 'Utility Factor' será corrigido, previsivelmente, em 2027/2028. No entanto, a Transportes e Ambiente defende que vai continuar a sobrestimar "significativamente o uso elétrico em condições reais" e, assim, manter um cenário de emissões reais dos PHEV inferiores ao testado.

Leia Também: Sabia que os carros são menos eficientes com tempo frio?

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