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"Há sequelas que se podem verificar". Doentes curados vão ser seguidos

Diretora-Geral de Saúde disse esta segunda-feira que Portugal vai ter protocolos de acompanhamento dos doentes curados para apurar se ficam ou não com sequelas relacionadas com a Covid-19. Taxa de infeção é agora ligeiramente mais elevada na região de Lisboa e Vale do Tejo, disse, reconhecendo, contudo, a tendência decrescente que é generalizada em todo o país (apesar das pequenas assimetrias).

"Há sequelas que se podem verificar". Doentes curados vão ser seguidos
Notícias ao Minuto

13:10 - 11/05/20 por Melissa Lopes

País Pandemia

Conhecido o boletim epidemiológico desta segunda-feira - que dá conta de mais nove mortes e 98 infetados nas últimas 24 horas, a diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, e o secretário de Estado António Lacerda Sales fazem um balanço da evolução do surto da Covid-19 no país, que inicia agora a segunda semana de desconfinamento de algumas atividades

António Lacerda Sales começou por referir que, apesar de estarmos na segunda semana de desconfinamento gradual, este "não é ainda o tempo para fazer balanços". "É tempo para continuar este caminho". "Esta não é, como sabemos, uma corrida curta e rápida, é uma maratona longa, por vezes com obstáculos", sublinhou Lacerda Sales. 

Respondendo às questões colocadas, o secretário de Estado reiterou ser cedo para balanços, sublinhando que "com a devida serenidade", chegará o tempo para os fazer. "Sentimos que há uma consciência individual cívica muito grande", realçou, acrescentando: "Também estamos expectantes que esse balanço possa vir a ser um balanço positivo se se mantiver esta consciência social como todos esperamos". 

Quanto ao Serviço Nacional de Saúde, "temos tido capacidade de responder às necessidades" e "mantemos um nível de expansibilidade que nos permite também olhar para o futuro com confiança", sublinhou. "Tudo aponta para que o SNS possa também, neste futuro próximo, vir a responder de forma satisfatória, como tem acontecido, às necessidades", concluiu. 

Desde o dia 1 de março, foram realizadas 547 mil testes de diagnóstico Covid-19 em Portugal. De 1 a 10 de maio, já foram feitos mais testes do que em todo o mês de março, disse Lacerda Sales, assinalando que, em maio, a média de testes realizados foi de mais de 10 mil por dia. 

O secretário de Estado deu também nota de que está previsto chegarem equipamentos de proteção indivdual, quer do mercado externo quer do mercado interno. "Esta semana, por exemplo, deverão chegar 2 milhões máscaras cirúrgicas, e 1.7 milhões de respiradores FFP2 e FFP3, entre outros materiais", deu conta, o que permite um "stock estável". 

Lacerda Sales disse ainda que a taxa de ocupação das unidades de cuidados intensivos está "estável". "Estamos a falar neste momento de uma ocupação de 53% nas unidades de adultos", especificou. 

Na sua intervenção, Graça Freitas voltou a apelar à vacinação das crianças para que evitem outras doenças infeciosas, deixando um "agradecimento público" à Ordem dos Farmacêuticos, aos farmacêuticos em geral e às farmácias que têm estado "ativamente a incentivar a vacinação". O agradecimento da diretora-geral de Saúde estendeu-se às enfermeiras e enfermeiros que continuam a vacinar todos os dias crianças e adultos. 

Doentes Covid-19 com sequelas?

Questionada sobre os doentes mais críticos de Covid-19 vão ficar com sequelas, Graça Freitas referiu que "há estudos de outros países nesse sentido, há sequelas que a curto prazo se podem verificar [danos nos pulmões, por exemplo]". "Mas em Portugal terá de ser feito um estudo ou vários estudos em vários hospitais com base em relatórios clínicos", ressalvou, lembrando que as lesões, que podem ou não ser permanentes, só se verificam depois de resolvida a situação aguda. "Mas sim, há indicações internacionais de que alguns doentes podem ficar com sequelas", respondeu. 

A diretora-geral adiantou ainda que estes doentes podem ter dois tipos de acompanhamento (pelos médicos do hospital onde estiveram internados e depois no retorno à vida comunitária pelos médicos de medicina geral e familiar). "Estes protocolos de acompanhamentos têm que ser muito bem pensados e têm que ser pensados no acompanhamento no tempo", disse, afirmando que são ainda coisas muito "embrionárias". Em todo o caso, "Portugal não é diferente dos outros países e obviamente vai ter protocolos de acompanhamento" dos doentes.

A este propósito, diretor do Serviço de Infeciologia do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, admitiu no sábado avançar com um estudo científico sobre as sequelas que a covid-19 deixou nos doentes recuperados.

Creches

Relativamente às preocupações manifestadas pelos profissionais quanto à reabertura das creches, Graça Freitas afirmou que estes locais "são um sítio para brincar" e que, sendo as crianças muito pequenas, não é possível impor-lhes regras de comportamento. "No entanto, devemos fazer tudo, mas tudo, o que os adultos e o espaço permitirem para minimizar o risco das suas brincadeiras", defendeu, dando como exemplo desmembrar turmas e manter o mínimo possível de alunos numa sala.

Tal "não garante que eles não se juntem", garante, isso sim, que se juntem "mais meninos com mais meninos". "Aquilo que podemos fazer não é impedir o mundo dos meninos, mas é dar a esse mundo a maior segurança possível, e isso está nas mãos dos adultos", resumiu, lembrando como é importante que as creches se organizem em função do seu espaço e número de alunos para criarem circuitos.

"As regras que foram apresentadas numa sessão pública, há poucos dias, eram apenas ainda para ser discutidas e para ouvir pareceres de pais, de associações e de outros setores", referiu ainda Graça Freitas. 

Futebol

Sobre o futebol, Lacerda Sales reforçou a mensagem que a ministra da Saúde já havia deixado. "Foi feito um trabalho muito profícuo entre a FPF e a DGS. Ontem mesmo finalizamos um parecer técnico onde estão plasmadas as nossas principais preocupações e diretrizes", disse o governante, sublinhando que o regresso a esta atividade tem que ser muito baseada na testagem, no isolamento, na proteção e tratamento. "E esse é garantidamente o trabalho da saúde" e à "Federação cabe o trabalho de operacionalizar de acordo com aquilo que são as diretrizes da DGS".

Portanto, evidenciou, "os níveis de responsabilidade estão muito bem definidos", rematando ainda: "Obviamente, se cada uma das partes fizer bem o seu trabalho, a retoma será bem sucedida". 

Taxa de infeção

Sobre o R0, este é "calculado com muita frequência, e diz respeito sempre aos dados disponíveis para os cinco dias anteriores". "Há sempre ajustes, conforme os boletins vão saindo, e são feitos à data. Há de facto ligeiras assimetrias, neste momento, a região de Lisboa e de Vale do Tejo é aquela que tem um R0 (ou um RT) um bocadinho mais elevada que as outras, mas com tendência decrescente", deu conta. 

Quanto tempo se pode testar postivo?

Esta é uma questão "muito importante", considerou a Diretora-Geral de Saúde, lembrando que há pessoas que testam positivo muito tempo depois de terem tido resolução da sua situação clínica.

"O que é que parece que acontece, segundo dados de outros países, é que no sistema respiratório superior destes doentes permanecem pequenas partículas virais que testam positivo pelo testo clássico, não havendo evidência, no entanto, que essas pequenas partículas originem novos casos de doença, porque não são vírus completos, sem capacidade de se replicar", disse, salvaguardando que este tema está ainda em estudo. 

Recorde aqui a conferência da DGS

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