"É o que eu desejo. Tenho vontade de estar presente e festejar o meu clube. Em princípio, vou com os meus amigos daqui [de Portimão], que vamos para todo o lado com o Sporting", atirou o antigo médio, de 70 anos, em declarações à Lusa, para recordar o triunfo obtido em 09 de junho de 1974.
Menos de dois meses após a 'Revolução dos cravos', o Sporting venceu o Benfica, no Estádio Nacional, por 2-1, e conquistou, então, a nona Taça de Portugal das 17 que conta no seu historial.
Com apenas 19 anos, Paulo Rocha estava ainda a dar os primeiros passos na carreira sénior, que contou com passagens, mais tarde, por Sporting de Braga, Portimonense ou Desportivo de Chaves, e foi titular no meio-campo de "uma equipa a sério".
"Havia muito bons jogadores no Sporting naquela altura. Especialmente o Fraguito e o Wagner, eram jogadores extraordinários. Depois, tínhamos um ponta de lança extraordinário, Yazalde, diferente de todos os outros, um goleador. E um guarda-redes que, para mim, foi o melhor português, o Vítor Damas", recordou.
Mas o 'chirola', Yazalde, não alinhou nessa decisão e quem marcou o golo do empate, aos 89 minutos, que forçou o prolongamento, "foi o Chico Faria", que tinha entrado momentos antes para o lugar do próprio Paulo Rocha, que "não era o Maradona", mas "era um bom jogador".
"E o Marinho" fez, depois, o 2-1, que permitiu ao Sporting celebrar, pela última vez, a conquista de uma Taça de Portugal frente ao velho rival.
"Foi uma grande vitória do meu clube, o Sporting Clube de Portugal. Não foi só essa vitória na Taça, mas foi também o campeonato, com aquelas peripécias de, antes do 25 de Abril, estarmos em Magdeburgo [nas meias-finais da Taça dos Vencedores das Taças]. Juntámos o útil ao agradável, porque foi campeonato e Taça", exultou.
Depois disso, os dois clubes só voltaram encontrar-se na decisão, no Jamor, em duas ocasiões, tendo o Benfica saído vencedor em 1987 (2-1) e em 1996 (3-1).
Porém, de volta a 2025, Rocha acredita que os 'leões' têm, novamente, um conjunto de jogadores que pode fazer a diferença, contudo apontou ao óbvio, primeiro, sem esquecer o resto do grupo.
"Quem pode decidir é o ponta de lança, que é extraordinário, o Gyökeres. E também um jogador fabuloso que o Sporting tem, que é aquele rapazinho que marcou aquele golo extraordinário, o primeiro contra o Vitória de Guimarães, o Pedro Gonçalves. Extraordinário! Um jogador fino, de classe", elogiou.
Sempre sem esconder a paixão exacerbada pelo Sporting, que garante ser "o melhor clube do mundo" e 'exala' em todas as palavras, apontou outros potenciais desequilibradores na final.
"Depois tem o Trincão, que está em grande forma. E tem grandes jogadores, tem os miúdos, os 'Quendas', esses miúdos novos que jogam muito à bola. Rápidos, com muita classe. É esse o meu clube, o meu Sporting", vincou à Lusa.
Por isso, questionado se o conjunto de Alvalade é favorito para conquistar a final de domingo, não tem dúvidas: "Favorito, favorito, favorito! Até pode não ganhar, mas favorito é, sem dúvida nenhuma. Espero que também no domingo consigamos essa mesma vitória, fazer a dobradinha para festejarmos, novamente, como festejámos no sábado e muito bem".
Reformado, com 70 anos, Paulo Rocha divide atualmente os seus dias "entre Portimão e o sossego da bonita vila de Mértola", no Alentejo, onde também tem uma casa.
No seu incontestável sportinguismo, admite apenas "uma falhazinha", que é os seus "filhos e netos serem do FC Porto".
"Esses malandros deram cabo de mim. Foi numa altura em que o FC Porto começou também a ganhar muito. Porque, antes, raramente ganhava. Eles nasceram nessa altura e pronto... Porto, Porto, Porto! Mas o resto da minha família, mais antiga, era e continua a ser gente do Sporting", deixou claro, com boa disposição.
Por isso, seja no Algarve ou no Alentejo, o vermelho é a única cor que não entra em casa de Paulo Rocha.
"Não tenho nada vermelho em minha casa. Nada! Só tenho o sangue, infelizmente. Devia ser verde, o nosso sangue devia ser verde", desabafou.
Benfica e Sporting jogam a final da 85.ª edição da Taça de Portugal no domingo, às 17:15, no Estádio Nacional, em Oeiras.
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