Dados. "Mais do que protegidos, temos que estar preparados"
O conselheiro executivo da International Data Corportation (IDC) e professor universitário Bruno Horta Soares afirmou hoje que é preciso haver uma mudança de paradigma de empresas e pessoas no que toca à recolha de dados na Internet.
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Em declarações à Lusa, à margem da Conferência Internacional sobre Cibersegurança, a decorrer no Porto, o responsável explicou o porquê de a recolha de dados pessoais serem importantes para as empresas, sublinhando que quem não o fizer não fará negócio no século XXI, mas também que é preciso assumir os riscos e ameaças que estes trazem.
"Se quero tratar as necessidades do cliente, preciso de recolher dados pessoais, que ele me autorize a ter e saiba escrupulosamente porque é que preciso deles. Não há uma proibição, mas uma responsabilização das organizações que se queiram meter nesses caminhos e reconhecer o perigo que passa a existir", começou por dizer, acrescentando que é necessário manter "total transparência com o cliente".
Bruno Horta Santos reconhece que "o motivo de preocupação para as pessoas é enorme", porque existem organizações que estão "à frente da iliteracia digital das pessoas" e "têm a tentação de irem mais além do consentimento que o cliente deu", e que passa pela sociedade trabalhar a literacia digital das pessoas.
"A maior parte das vezes os dados podem estar a ser passados porque dei um 'visto' num texto que não li. O grátis passou a ser o novo normal numa sociedade digital e nada é grátis. É uma nova normalidade, mas o que é a televisão? Um meio que utilizamos de forma grátis, no qual os clientes daquele serviço são as empresas de publicidade. O fenómeno não é anormal, só está altamente acelerado", relativizou.
O especialista em cibersegurança confirma que existirão perigos, ameaças e ataques, mas que esse é "o novo jogo", elucidando que não se pode "fugir, ignorar a evolução, por não querer correr o risco de perder dados", apontando que "as organizações que se vão diferenciar vão ser as que vão fazer de tudo para que isso não aconteça".
"Mais do que protegidos, temos que estar preparados. E isso é uma mudança tramada na cabeça das pessoas. Estamos a dizer a alguém que é normal ser atacado, um dado ser roubado, o que não é normal é a organização ser apanhada num fenómeno de não estar à espera ou não estar preparada. Tem a ver com transparência e confiança que ambos os lados têm de ter", desenvolveu.
A responsabilidade da "primeira linha de defesa dos ciber-riscos" passa pelos conselhos de administração das empresas, sendo que a segurança tem de deixar "de ser um tópico técnico, de suporte e passe a ser uma preocupação" da administração.
"Não podemos ir para o mundo digital porque as oportunidades são fantásticas e chamar o tipo de segurança para garantir que nada acontece", exemplificou.
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