Crash Bandicoot N. Sane Trilogy: Tão bom quanto se lembra?

Os três primeiros títulos da série foram refeitos com o grafismo e áudio a terem sido alvo da maior atenção.

© Notícias ao Minuto

História

O enredo dos jogos contidos neste ‘Crash Bandicoot N. Sane Trilogy’ são um exemplo da simplicidade de uma época, onde não eram precisos grandes motivos para ir de ponto A ao ponto B. A jogabilidade era central e bastava saber que Neo Cortex era um doutor malvado que fazia experiências com animais para querermos pôr um fim nos seus planos.

Os outros dois jogos voltam a colocar Crash Bandicoot (e a sua irmã Coco) contra Neo Cortex, sempre acompanhado de lacaios e ajudantes para dominar o mundo. Tudo muito simples e já conhecido entre os fãs da série.

© Activision / Vicarious Visions

Grafismo & Som

Mesmo que não seja o verdadeiro motivo que o leva a jogar a ‘Crash Bandicoot N. Sane Trilogy’, foi o departamento audiovisual o grande alvo de mudanças. O grafismo continua colorido e os cenários variados mas a maior definição e a riqueza dos pormenores – sejam eles de selva, fábricas, cavernas ou até do fundo do mar – valem a pena ser admirados.

Quase que é possível ver os pelos de Crash e as novas animações e expressões faciais são tão naturais que parece que sempre estiveram lá. Ver a cara aterrada de Crash a fugir de uma pedra rolante é sempre divertido.

Resta falar da banda sonora que, tal como os cenários, oferecem géneros completamente diferentes. Os ritmos tribais são facilmente substituídos pelos faixas eletro-industriais, numa variedade a que poucos jogos hoje em dia se permitem.

Seria fácil para a Vicarious Visions dar primazia ao grafismo, não tivesse a banda sonora um papel tão importante na identidade de ‘Crash Bandicoot’. Não sobrem dúvidas, ‘Crash Bandicoot N. Sane Trilogy’ faz um excelente trabalho em transportar a série para a PlayStation 4.

© Activision / Vicarious Visions

Jogabilidade

Mais tarde ou mais cedo, vai haver um ponto em ‘Crash Bandicoot N. Sane Trilogy’ que se vai perguntar estes jogos sempre foram assim tão difíceis. Ninguém tem a resposta a esta pergunta mas é uma coisa é certa: é provável que tenham passados muitos anos desde que encontrou um jogo que exija tanta minúcia como nestes três ‘Crash Bandicoot’. A curva de dificuldade está bem concebida mas não tenha dúvidas que o ‘pico’ vai fazê-lo esforçar-se para ultrapassar certos níveis (sim ‘High Road’, estamos a olhar para ti).

‘Crash Bandicoot 2: Cortex Strikes Back’ é possivelmente dos três jogos aquele que consegue atingir o melhor equilíbrio, uma vez que introduz novos movimentos e tem níveis que misturam um design mais inteligente com secções de plataformas desafiantes, mas sempre justas.

O mesmo acontece com ‘Crash Bandicoot: Warped’ mas, infelizmente, a secções de corridas e no fundo do mar acabam por ser as mais fracas do jogo, abrandando o ritmo a níveis desnecessários. Ainda que seja uma alteração puramente cosmética, é possível alterar para Coco quando pretender e explorar os níveis enquanto irmã de Crash quando anteriormente estava restringida a determinados níveis.

Tudo somado, ‘Crash Bandicoot N. Sane Trilogy’ apresenta três dos melhores títulos de plataformas que foram lançados nos anos 90. Continua a haver, no entanto, o problema da profundidade, sobretudo quando os níveis assumem uma perspetiva 2D e há segredos e saliências que fazem com que Crash se tenha de movimentar para outras direções que não para a esquerda e direita. Fiel às versões originais para o bem e para o mal.

A passagem para os dias de hoje faz com que os três jogos passem a suportar o analógico como forma de o jogar mover Crash mas poderá querer considerar os botões direcionais. Sobretudo se é fã da série, é provável que prefira este método que pode ser um pouco mais preciso e o próprio jogo reconhece isto nas dicas que dá nos durante os ‘loadings’.

© Activision / Vicarious Visions

Longevidade

Se dificilmente justificaria lançar individualmente cada um destes três jogos a coletânea do trio acaba por fazer todo o sentido. Unidos, estes dois jogos apresentam uma longevidade aceitável para os padrões de hoje e, note-se, acabam por ser ainda maiores do que parecem. Apanhar todas as caixas, completar todos os níveis bónus, reunir todos os cristais e gemas ,alcançar os melhores tempos em cada nível e conseguir os finais secretos não é tarefa fácil mas será praticamente obrigatório para todos os que apreciem este tipo de desafio.

© Activision / Vicarious Visions

Pontos fortes

O grafismo e o departamento sonoro são claros pontos altos nesta coletânea/remake/remasterização. Nunca um ‘Crash Bandicoot’ foi tão colorido, definido e bonito. Por outro lado, a jogabilidade continua tal e qual como se lembrava, exigindo toda a minúcia, habilidade e precisão que se lembra.

© Activision / Vicarious Visions

Pontos fracos

Exatamente o mesmo conteúdo que encontrou há 20 anos atrás. Os novatos que nunca experimentaram nenhum destes títulos poderão ficar satisfeitos, mas há fãs de longa data que poderiam querer um pouco mais desta coletânea. A questão do efeito de profundidade em determinados níveis continua a ser frustrante.

© Activision / Vicarious Visions

Ideal para...

Se se recorda de jogar a ‘Crash Bandicoot’ na sua infância poderá ter uma experiência interessante com ‘N. Sane Trilogy’. Por outro lado, os jogadores mais novos poderão ter vontade de experimentar estes três títulos que estão sem dúvida entre o melhor que se fez em jogos de plataformas, o género que se tem vindo a tornar cada vez mais raro.

© Activision / Vicarious Visions