Visite Portugal através da ciência, assim se chama o blogue, em versão portuguesa e inglesa, apresenta-se como um "projeto comunitário que pretende juntar cidadãos, ciência e o gosto por viajar, descobrir e aprender".

O blogue partilha fotos enviadas pelas pessoas, como as do fundo mar que se podem ver atualmente, e de futuro irá permitir que especialistas de vários ramos científicos possam esclarecer dúvidas.

Como as que Ana Veríssimo, 35 anos, a trabalhar num laboratório de engenharia de tecidos e medicina regenerativa em Saga, no Japão, tinha quando era miúda e "fazia pequenas viagens" pelo país com os pais e lhes perguntava, sem obter resposta, que peixes é que havia na água ou o que era uma determinada rocha.

"Acho que muita gente tem essas perguntas também", disse à Lusa, em declarações telefónicas a partir do Japão.

Para Ana Veríssimo, que começou o seu percurso científico e académico em biologia marinha, área onde teve "o privilégio" de fazer muitas viagens de estudo com professores, e de com eles satisfazer a sua curiosidade, o blogue é "uma forma de abrir o conhecimento a mais pessoas" e "aliar a aprendizagem de uma forma diferente ao gosto de viajar".

Com esta iniciativa, a investigadora pretende não só "envolver as pessoas na ciência e desmistificar a ideia de que os cientistas são pessoas que falam numa linguagem esquisita", mas também sensibilizá-las para a proteção da natureza.

"Educar, sensibilizar e, como resultado, pode ser que consigamos proteger as espécies e os habitats", assinalou a autora do blogue, que ainda está numa fase embrionária.

Ana Veríssimo está entretanto a iniciar contactos com outros cientistas, a trabalharem em Portugal ou no estrangeiro.

A ideia é ter uma rede de peritos suficientemente sólida que permita aos curiosos, portugueses e não só, obterem respostas a questões de domínios tão diversos como a física, a química, a astronomia e, claro está, a biologia marinha, tendo como pretexto algo que viram, e registaram numa foto ou num vídeo, numa viagem pelo país.

Posteriormente, e se o projeto for bem-sucedido e houver financiamento, será feito um documentário com a informação recolhida e que traduzirá o espírito do "Visite Portugal através da ciência".

No Japão, Ana Veríssimo usa técnicas de bioimpressão em 3D para criar vasos sanguíneos artificiais que lhe possibilitem estudar o aneurisma aórtico abdominal, uma dilatação no segmento da artéria aorta - a maior do sistema circulatório - localizado na barriga.

Apesar de ter 'trocado' a biologia marinha, área de formação de base, pela engenharia de tecidos, em que trabalha, Ana Veríssimo continua "a fazer investigação". E "a ser curiosa". Afinal, foi a curiosidade que a 'empurrou' para a ciência.