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Watson: O 'médico' do futuro está a caminho de Portugal

Não veste uma bata branca, nem tão pouco tem um estetoscópio ao peito. Tem o estatuto de médico, mas na verdade é um assistente de excelência. Falamos do Watson da IBM, uma das criações que melhor espelha o intuito da IBM em levar a inteligência artificial à medicina e tudo em prol da saúde humana perfeita. Ao Tech ao Minuto, Cristina Semião, Healthcare Manager da IBM Portugal, fala de “um protocolo já assinado” para a inclusão deste sistema no nosso país.

Watson: O 'médico' do futuro está a caminho de Portugal
Notícias ao Minuto

12:00 - 07/04/17 por Daniela Costa Teixeira

Tech IBM

Nos dias que correm, falar em Medicina implica falar em tecnologia e na importância que os sistemas computorizados têm na descoberta do diagnóstico e do tratamento das mais variadas patologias.

A IBM está empenhada em levar o lado mais inovador e eficaz do mundo tecnológico à medicina e traçou como objetivo melhorar a saúde humana já nos próximos cinco anos. Como? Com uma aposta clara na inteligência artificial e, em particular, com o recurso ao sistema cognitivo Watson, que possibilita uma nova forma de comunicação e parceria entre pessoas e computadores e que se assume como o principal aliado desta caminhada pela saúde humana perfeita.

A inclusão deste supercomputador é já uma realidade em países como o Japão e Alemanha, mas Portugal não vai ficar de fora, garante Cristina Semião, Healthcare Manager da IBM Portugal.

Ao Tech ao Minuto, revela que "a IBM está naturalmente a estabelecer contactos com várias organizações e grupos de saúde em Portugal", existindo já "um protocolo já assinado em Portugal". Contudo, já depois de um segundo contacto, não foi adiantada qual a entidade portuguesa que receberá o sistema de inteligência artificial.

Em entrevista por e-mail, a especialista fala da aposta clara da IBM no setor da saúde e em como os novos sistemas tecnológicos não vão substituir os médicos, mas sim auxiliá-los, permitindo uma compreensão mais clara, célere e eficaz de toda a informação médica de um paciente ou de uma doença.

Sem a computação cognitiva, a saúde iria padecer do paradoxo de ter cada vez mais dados e cada vez menos compreensão dos mesmos.

No mais recente 5 in 5 da IBM, três dos cinco objetivos destinam-se à saúde. Porquê esta aposta tão clara?

É uma aposta grande da IBM porque entendemos que o setor da saúde está a viver um período de transformação e disrupção sem precedentes, que a IBM quer apoiar e ajudar a concretizar.

O setor tem que encontrar respostas rapidamente a desafios que têm vindo a caracterizá-lo de forma vincada, especialmente na última década - desde o esforço e os custos com os cuidados associados a um aumento significativo de doentes crónicos e a uma população cada vez mais envelhecida, passando pelas limitações orçamentais e de recursos, falta de competências, até à explosão de dados das mais variadas fontes, cidadãos cada vez mais informados e sobre informados.

A IBM acredita estar unicamente dotada para ajudar a responder a perguntas que tradicionalmente são difíceis na saúde, como ‘o que funciona e não funciona, para quem, porquê, em que contexto, e a que custo?’ e organizou as soluções e a inovação necessárias para produzir esta mudança ao redor de três áreas-chave: novas formas como os vários atores no ecossistema da saúde comunicam e colaboram entre si, seja entre clínicos e pacientes, ou entre plataformas para um maior equilíbrio entre cuidados primários, secundários e sociais, focados na prevenção mais do que na doença; novas ideias e ferramentas de investigação e inovação exigidas para lidar com as novas descobertas que acontecem todos os dias e captar valor real da revolução genómica; e novos meios de apoio à decisão para alavancar toda esta informação e fazer com que os cuidados personalizados e baseados na evidência se tornem finalmente numa realidade.

Ginni Rometty, CEO da IBM, mencionou recentemente que, apesar de endereçarmos muitas outras áreas, estamos convictos de que a participação da IBM como agente de mudança na saúde, será das coisas mais importantes que poderemos fazer enquanto instituição.

A inteligência artificial é o denominador comum nestas três apostas. O futuro da medicina passa por esta tecnologia?

Necessariamente! Vivemos num mundo inundado de dados, e a saúde não é exceção, quer em volume, variedade ou complexidade. Este fenómeno, conhecido por Big Data, já é visto como o recurso natural por excelência do século XXI, mas tal como um qualquer outro recurso natural, são precisas ferramentas e plataformas próprias para o explorar, refinar e, finalmente, usar.

Por exemplo, o genoma de apenas um paciente oncológico é equivalente a meio terabyte de dados (500 GB) e um epidemiologista precisaria de ler cerca de 160 horas por semana para se manter atualizado em relação à informação que é publicada apenas para a sua especialidade médica. Veja-se, o cérebro humano deixou de ter capacidade e memória suficientes para processar toda esta informação e é aqui que entram os sistemas cognitivos que o ajudam a interpretar, correlacionar e gerar conhecimento de forma rápida e eficaz, o que tem particular impacto numa área cujo objetivo primordial é preservar, tratar e melhorar a vida humana.

As soluções tradicionais de analítica são incapazes de aprender e de se adaptarem a uma qualquer nova problemática ou tratarem ambiguidades, não conseguem interpretar imagens, mas são úteis no tratamento de dados estruturados ou não estruturados que usem semântica conhecida e definida (na relação de palavras e frases e o seu significado). Já um sistema cognitivo simula o processo cognitivo humano, entende linguagem natural, gera hipóteses e valida-as com base na evidência, aprende e adapta-se, com a vantagem de nunca se esquecer de nada. Em suma, sem a computação cognitiva, a saúde iria padecer do paradoxo de ter cada vez mais dados e cada vez menos compreensão dos mesmos.

Sendo a saúde uma área tão sensível, como é que se ganha a confiança das pessoas perante um uso tão específico de tecnologias no diagnóstico de patologias?

Primeiro, é preciso esclarecer que a tecnologia não é a responsável pelo diagnóstico de patologias, esta auxilia. Em saúde isto quer dizer que a computação cognitiva deve ser usada para ‘assistir’ o médico ou o profissional de saúde a organizar todos os dados e informação relativa ao paciente (histórico, exames clínicos, sintomas, dados familiares, análise genómica, etc), analisar e fazer a correlação necessária com todos os dados disponíveis e relevantes de muitas outras fontes (como por exemplo, diretórios por patologia, trabalhos de investigação e jornais científicos, ensaios clínicos, etc) para então oferecer uma recomendação, por exemplo terapêutica, para determinada patologia. Compete depois e sempre ao profissional tomar a sua decisão, que, com recurso a esta tecnologia, será necessariamente mais informada, personalizada e baseada na evidência.

Utilizada de forma abrangente, esta tecnologia pode ser ainda usada para democratizar o conhecimento de determinada patologia por toda a organização ou numa rede, elevando a qualidade e consistência do processo de decisão clínico, que terá reflexo numa maior confiança das pessoas em determinadas instituições face a outras.

Últimos inquéritos mostram que os decisores no setor concordam que a computação cognitiva tem o potencial de mudar radicalmente a saúde. Aliás, um estudo recente do IBM Institute for Business Value, entre os gestores familiarizados com a tecnologia, 84% acreditam que irá ter um papel disruptivo; 81% creem que irá impactar significativamente o futuro a sua atividade; e 95% declaram a intenção de investir em capacidades cognitivas.

A IBM pretende criar um chip que tanto permitirá detetar precocemente doenças, como informará as pessoas se é ou não necessário ir ao médico. Atualmente, as pessoas vão maioritariamente aos médicos para curar uma condição que têm. No futuro vamos assistir ao contrário? A aposta vai para a prevenção e não para o tratamento?

A prevenção tem de ser uma prioridade, quando vivemos num mundo que não se pode permitir pagar os custos de uma saúde baseada na gestão de episódios agudos e tratamentos hospitalares. E hoje já vemos uma maior ação por parte dos cuidados primários, médicos de família e centros de saúde, na gestão e promoção de programas de prevenção.

Apelando a que os cidadãos sejam parte ativa neste processo, também aqui os dados provenientes de toda uma variedade de sensores e dispositivos móveis do nosso dia-a-dia terão um papel preponderante na estimulação e monitorização do bem-estar e qualidade de vida das pessoas. Estes dados devem ser partilhados pelo próprio cidadão/paciente com os seus cuidadores formais, como o médico, ou informais, como por exemplo um familiar, e denominam-se internacionalmente de PGHD - Patient Generated Health Data.

Com acesso a aplicações cognitivas organizadas numa plataforma de Internet das Coisas, como é o caso do IBM Watson IoT, teremos a possibilidade de processar também estes PGHD e antecipar um qualquer episódio crítico de saúde antes mesmo de serem sentidos os primeiros sintomas pelo paciente.

Este conhecimento permite fazer uma medicina de precisão que considera não apenas os dados clínicos, mas também ambientais, sociais, comportamentais e mentais, que no seu conjunto provaram ter um impacto significativo, não só no estado de saúde e bem-estar geral do indivíduo, como também na sua longevidade ativa.

O sistema de inteligência artificial Watson tem-se mostrado eficaz na deteção precoce de doenças, muitas delas de cariz raro. O Watson já é utilizado num hospital alemão. A IBM está a tentar estabelecer uma parceria semelhante em Portugal ou já teve algum contacto nesse sentido?

Cientes do tremendo avanço que significa a implementação de uma solução baseada em Watson num hospital, a IBM está naturalmente a estabelecer contactos com várias organizações e grupos de saúde em Portugal.

A adoção e a integração de soluções cognitivas numa organização é uma viagem e não um destino. Portanto, com um protocolo já assinado em Portugal, continuamos a trabalhar em verdadeira parceria com as principais organizações por forma a definir bem a oportunidade, a proposta de valor e o impacto esperado, e esse é o caminho que estamos a percorrer agora.

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