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Precisa de um advogado ou fotógrafo? Basta pedir à Zaask

O Tech ao Minuto esteve à conversa com o CEO Luís Pedro Martins e procurou conhecer não só o objetivo da startup mas também as ambições.

Precisa de um advogado ou fotógrafo? Basta pedir à Zaask

Se é um interessado pelo ecossistema de startups e de empreendedorismo português é provável que já conheça a Zaask, uma plataforma que permite a qualquer pessoa “realizar os seus projetos pessoais” (o lema da empresa) ao permitir entrar em contacto com o prestador de serviços indicado para a situação.

A missão da Zaask é muito concreta e esse foco tem ajudado a empresa a crescer a olhos vistos desde 2013, tendo conseguido já expandir-se para Espanha com sucesso. No entanto, o caminho de uma startup como a Zaask não é só composto por vitórias. Também há lições a aprender pelo caminho.

O Tech ao Minuto esteve à conversa com o CEO da Zaask, Luís Pedro Martings, onde se procurou perceber o caminho que a empresa tem vindo a percorrer assim como descobrir o que está no horizonte para 2017. Pode ler a conversa em baixo.

O que é a Zaask? O que permite fazer?

É um marketplace para serviços locais. Temos uma proposta de valor tanto para a oferta como para a procura. Para a procura resolvemos o problema que as pessoas têm (e continuam a ter) de quando precisam de um prestador de serviços local (para casa ou eventos) têm de perder um tempo à procura de alguém de confiança que esteja disponível quando e onde precisam. Este tempo pode variar de acordo com a sorte que tiverem mas é uma experiência que hoje não faz sentido. Eu hoje em dia preciso de um livro e em dois cliques tenho de um livro. Eu preciso de um eletricista em casa e é o ‘cabo dos trabalhos’ para aparecer. Diz que vem mas não vem, diz que dá um orçamento mas não dá, não faz o trabalho bem, vai embora a meio, às vezes ficam com o dinheiro e não voltam,… bem, todo esse tipo de coisas que acontecem a muitos de nós hoje em dia não faz sentido. É este o problema que estamos a resolver para o lado da procura.

O problema não é que hajam muitos prestador de serviços. Há muitas listagens como o Google, o OLX, as Páginas Amarelas, etc, o problema é encontrar um prestador de serviços bom, de confiança e que esteja disponível quando e onde eu preciso. Cada um destes prestadores de serviços tem uma capacidade operacional muito pequena, um fotógrafo só consegue fotografar um casamento por dia, um pintor estar numa ou duas casas por dia, por exemplo. Estes prestadores de serviços têm o problema de ter buracos de trabalho e, por isso, têm a grande tendência de fazer ‘overbooking’ e a aceitar tudo e, como é óbvio, não conseguem dar resposta a tudo e é aí que entra a frustração das pessoas. É essa a nossa proposta de valor e uma que seja tão simples como comprar um livro online.

Como é que resolvemos o problema? As pessoas chegam até nós e preenchem um formulário onde fazemos as perguntas exatas sobre o que pretendem. Vamos imaginar que vêm à procura de um advogado e pergunto-lhe desde logo o orçamento, a área geográfica em que atua, o tipo de direito que pratica, etc. Esta informação com que fico da pessoa permite-me não só saber exatamente o que precisa como também encaminhar esse tipo de serviço para o prestador certo. Temos uma categorização (que está cada vez mais detalhada) para que os prestadores de serviço não recebam lixo. Por exemplo, um advogado de direito criminal é um advogado muito diferente de um direito de família, portanto não vai querer ter esse tipo de trabalho. No espaço de duas horas as pessoas recebem em média duas a três propostas de profissionais que estão disponíveis para fazer o trabalho quando e onde seja preciso, com toda a transparência que tipo de profissionais estão a concorrer. Não só pela validação de informação que fazemos a cada um mas também a partir da avaliações de clientes passados e a partir daí o cliente escolhe.

Falaste em confiança algumas vezes. Essa confiança vem do sistema de avaliação do site do Zaask?

Não só. Pode não ser 150% perfeito mas é o melhor que o mercado tem. Digamos que queres um eletricista. Pesquisas, vais parar ao site dele e é ele a falar sobre ele, o que é sempre diferente da opinião de clientes passados. Nós temos as referências mas também temos um sistema de gamificação. Não obrigo os profissionais a colocarem todas as suas informações, podem colocar as que quiserem mas peço imensa informação. Desde o registo criminal, até à licença profissional, as suas ligações às redes sociais, etc etc.

Isso resulta num determinado nível de confiança dentro da plataforma…

Exatamente. Quando mais informação um profissional me dá eu assumo que posso ter mais confiança com ele. A partir daí começo a categorizá-lo. ‘Este deu-me toda a informação necessária, é um profissional ouro. Este só deu isto, é prata. Aquele bronze’, etc. Tu recebes duas a três propostas e vês não só as avaliações mas também a categoria dentro da plataforma. Pode não ser 150% perfeito mas é o melhor que existe.

Quanto à proposta de valor para profissionais é simples. Fazemos um target a micro-empresas, uma a dez pessoas, e resolvemos o problema que têm de falta de clientes. Apesar de terem os seus clientes habituais às vezes têm ali momentos de horas ou dias em que não têm nada. É aí que entramos. Se fores um fotógrafo vais receber vários pedidos na tua zona geográfica para o tipo de fotografia que gostas de fazer por pessoas que estão à procura de um profissional como tu.

Quanto ao nosso modelo de negócio, os profissionais só pagam as oportunidade em que estão interessados. Nas Páginas Amarelas, por exemplo, eles pagam para estar no topo da lista quer possam ou não dar resposta. Na Zaask não, só pagam aquelas em que estão interessados, não deixa de ser uma oportunidade de negócio, por isso é que em média os profissionais pagam à empresa três euros. Funcionamos com um sistema de créditos, uma moeda virtual da Zaask que vendemos em pacotes. Por exemplo, 50 créditos custam 50 euros e vão gastando nas oportunidades de negócio que querem.

A Zaask serve então de mediador entre cliente e prestador de serviço?

Não gosto da palavra ‘mediação’ porque acho que fazemos muito mais que isso. Normalmente um mediador não acrescenta valor e penso que o Zaask está a solucionar um problema ao cliente e ao prestador de serviço e faço-o de uma forma inovadora. Para o cliente envio propostas e ele não tem de andar atrás delas, só tem de escolher. Para o profissional faço o mais difícil, encontro-lhe clientes, ele paga e eu garanto-lhe que o cliente viu o orçamento dele. Se o cliente não for à plataforma e não vir a proposta ou devolvo os créditos ao profissional. Comparando isto com a Google em que pagas pelos cliques e não tens garantias que convertes esse clique. É diferente.

Se for à plataforma e quiser escolher um eletricista ou um canalizador específico do diretório posso fazê-lo?

Podes mas a nossa proposta de valor é fazer esse trabalho por ti. Eu vou dar-te os profissionais que são certos para ti, que te possam ajudar a realizar os teus projetos pessoais.

Como e quando é que surgiu a Zaask? 

A Zaask surgiu da minha vontade e do meu sócio de ter um negócio por conta própria. Antes trabalhávamos numa empresa em que desenvolvemos uma marca de pagamentos móveis, percorremos o mundo inteiro e vendíamos muito a empresas de jogo online uma área que dentro do digital está muito avançada. A nossa experiência no negócio digital vem daí. Isso foi numa altura em que se falava muito de desemprego, em 2013. Associando vontade de ter negócio, experiência na área digital, ao desemprego, chegou a parte do ‘temos de fazer alguma coisa’.

Vimos nesta crise uma oportunidade, com novas necessidades. Agora estamos voltados para profissionais mas também estamos fartos de ajudar pessoas desempregadas em que lhes damos a oportunidade de criar o seu próprio emprego.

Em 2013 lançam a Zaask em Portugal e estiveram na StartUp Lisboa. Qual foi a influência da StartUp Lisboa?

A StartUp Lisboa funcionou acima de tudo como um sítio onde estavam outros empreendedores. Ajuda bastante, sobretudo porque o ecossistema estava a começar e não te sentes como o único maluco que está a lançar o seu próprio negócio numa altura de crise. Deixaste o teu emprego, estavas a ganhar bem e estás num sítio onde estão outras pessoas com a mesma perspetiva do que tu. Isso ajuda bastante. Continua a servir como um ponto focal para todo o ecossistema de empreendedorismo, não só para investidores como media, aceleradores, pessoas que vêm de fora,…, vai lá tudo. Estar ali foi importante para nós porque estivemos desde o momento 0 integrados num ecossistema e isso é fundamental.

Em que ponto se deu a expansão para Espanha?

Deu-se em 2015, quando o mercado português já estava mais estabilizado (com mais clientela), com o modelo de negócio certo. Inicialmente não tínhamos este modelo de negócio, tínhamos um modelo à comissão que funcionava bem para toda a gente menos para nós (risos) porque as pessoas faziam muita desintermediação. Descobrimos este modelo de negócio, as coisas começaram a andar bem, passado um ano fomos para Espanha e tivemos uma entrada difícil.

Quais foram os principais problemas em Espanha?

A estratégia de ‘go to market’ não estava certa. Fomos muito por via de um crescimento dos canais pagos como o Adwords e Facebook, canais que te chupam o dinheiro todo. Não são necessariamente os que te permitem crescer de uma forma mais sustentável e rápido. Só se tiveres muito dinheiro, que não era o nosso caso. Tivemos então de ‘ir à volta’, encontrar outra estratégia de crescimento. É importante para as startups perceberem como crescer de forma orgânica.

Como foi essa forma para Zaask? Foi necessária alguma sensibilidade acrescida?

Muito trabalho (risos). Exigiu sim. Portugal engana porque é um mercado em que os canais de marketing são relativamente pouco competitivos, os custos são muito baratos, mas em outros mercados mais competitivos não é bem assim e no nosso caso tivemos de mudar a estratégia completamente. Tivemos uma estratégia de crescimento assente na tecnologia, de aumentar a nossa visibilidade de forma orgânica, muito mais por via de uma visibilidade na web com conteúdo de muita qualidade, um produto diferente que também nos permitia essa visibilidade. Isso por ter impacto e repercussão nas áreas que nos queríamos focar na empresa. O que vimos é que a base acabou por ser a tecnologia e o produto. Foi isso que nos tem vindo a permitir crescer em Portugal e em Espanha de uma forma orgânica e sustentável.

Aprenderam algumas lições em Espanha então…

Todos os dias se aprende! Essa foi uma aprendizagem difícil, dura e cara.

Faz-vos ficar reticentes a expandir para outros países ou estão mais confiantes?

Estamos mais confiantes, já aprendemos. Não quer dizer que não hajam outros problemas mas estamos mais preparados. É tudo uma curva de aprendizagem mas é isso que nos protege da restante concorrência, é já ter aprendido e passado por isso, estar noutro patamar e ter identificado as soluções. Isso depois é o mercado a filtrar.

A verdade é que um empreendedor está constantemente a passar por dificuldades. Não é um negócio estável, é um negócio novo e é como se fosse um bebé. Há muita coisa para aprender, muitos erros para fazer e infelizmente não se consegue aprender sem cometer erros. É uma chatice não é?!

Aquilo que quero dizer é que é preciso muita resiliência.

É essa a palavra-chave para um empreendedor?

É uma das. Também é preciso capacidade de adaptação e nós felizmente temos mostrado alguma. Mudámos o nosso modelo de negócio, não a proposta de valor mas a forma como ganhávamos dinheiro. Para além de resiliente, um empreendedor tem de estar preparado para se adaptar. Essa capacidade de adaptação é crucial porque a aprendizagem é contínua.

Qual é o próximo grande passo para a Zaask?

Queremos ser claramente um marketplace de referência e uma marca conhecida do grande público em Espanha. Em Portugal já o começamos a ser mas ainda há muito espaço por crescer. É uma questão de tempo e investimento, com os dois a dependerem necessariamente um do outro. E entrar um ou outro mercado, é essa a ideia para 2017.

(Não perca amanhã a segunda parte da entrevista feita a Luís Pedro Martins, que terá como tema a edição do Web Summit que teve recentemente lugar em Portugal)

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