A multinacional de tecnologias de informação identificou em julho mais de 200 casos de agentes estrangeiros a utilizarem IA para criar conteúdos falsos online, mais do dobro do número registado em julho de 2024 e mais de dez vezes o registado em 2023.
As conclusões, publicadas hoje no relatório anual de ameaças digitais da Microsoft, mostram que os adversários estrangeiros estão a adotar táticas inovadoras nos seus esforços para utilizar a internet como arma para a espionagem e a fraude.
Os adversários dos Estados Unidos, bem como os gangues criminosos e os piratas informáticos ('hackers'), exploraram o potencial da IA, utilizando-a para automatizar e melhorar os ciberataques, disseminar desinformação e penetrar em sistemas sensíveis.
A IA pode, por exemplo, traduzir e-mails de "phishing" mal formulados para inglês fluente, bem como gerar clones digitais de altos funcionários do governo.
As operações cibernéticas governamentais visam frequentemente obter informações confidenciais, minar cadeias de abastecimento, perturbar serviços públicos essenciais ou disseminar desinformação.
Os cibercriminosos, por outro lado, trabalham com fins lucrativos, roubando segredos de empresas ou utilizando 'ransomware' para extorquir pagamentos às suas vítimas.
Estes gangues são responsáveis pela grande maioria dos ciberataques no mundo e, nalguns casos, construíram parcerias com países como a Rússia.
Segundo Amy Hogan-Burney, vice-presidente de segurança e confiança do cliente da Microsoft, que supervisionou o relatório, cada vez mais, estes atacantes estão a utilizar a IA para atingir governos, empresas e sistemas críticos, como hospitais e redes de transporte.
"Vemos este como um momento crucial, em que a inovação está a avançar muito rapidamente", disse Hogan-Burney.
Os Estados Unidos são o principal alvo de ciberataques internacionais, com criminosos e adversários estrangeiros a visarem empresas, governos e organizações da maior economia mundial mais do que em qualquer outro país.
Israel e a Ucrânia foram o segundo e o terceiro principais alvos, demostrando como os conflitos militares que envolveram estas duas nações se espalharam para o mundo digital.
A Rússia, a China e o Irão negam utilizar operações cibernéticas para espionagem, disrupção e desinformação.
A China, por exemplo, diz que os Estados Unidos estão a tentar "difamar" Pequim enquanto conduzem os seus próprios ciberataques.
Num comunicado enviado por e-mail à Associated Press na quinta-feira, a missão do Irão junto das Nações Unidas afirmou que o país rejeita as alegações de responsabilidade por ciberataques contra alvos norte-americanos, mas reserva o direito de se defender.
"A República Islâmica do Irão não inicia qualquer forma de operação cibernética ofensiva contra qualquer Estado. (...) No entanto, como vítima de operações cibernéticas, responderá a qualquer ameaça deste tipo de forma proporcional à sua natureza e escala", refere a missão.
A Coreia do Norte foi pioneira num esquema em que utiliza IA para criar identidades norte-americanas, permitindo-lhes candidatar-se a empregos remotos na área da tecnologia.
O regime autoritário norte-coreano embolsa os salários, enquanto os 'hackers' usam o seu acesso para roubar segredos ou instalar 'malware'.
Leia Também: Empresa Mango sofre ciberataque a um dos serviços de marketing externo