A responsável pelos assuntos governamentais e políticas do YouTube (subsidiária da Google) na Austrália e Nova Zelândia, Rachel Lord, observou que a medida, que entrará em vigor a 10 de dezembro, pode ter "consequências indesejadas".
"A legislação não só será extremamente difícil de aplicar, como também não cumprirá a sua promessa de manter as crianças mais seguras online", disse Lord, durante uma audição numa comissão do Senado, a câmara alta do parlamento, que examina as novas medidas.
A executiva enfatizou que a plataforma de vídeos YouTube investiu significativamente no design de produtos adequados à idade e em ferramentas de controlo parental.
Impedir que os menores utilizem a plataforma eliminará os filtros e proteções concebidos para proporcionar um ambiente seguro para as crianças em áreas como o desporto, a música e a aprendizagem, lamentou Lord.
Lord insistiu ainda que o YouTube "não é uma rede social", mas sim uma plataforma de vídeo "que os australianos usam como biblioteca de conteúdos e recurso educativo".
Entre as funcionalidades que deixariam de estar disponíveis para os adolescentes, a executiva mencionou a desativação da reprodução automática, dos lembretes para pausas e a remoção de anúncios personalizados.
O parlamento australiano aprovou em novembro a proibição de contas para menores de 16 anos em redes sociais, concedendo o prazo de um ano para as plataformas digitais concluírem o processo.
Estão previstas multas de até 50 milhões de dólares australianos (cerca de 28 milhões de euros) para as empresas que falharem sistematicamente a implementação desta medida, pioneira a nível mundial.
No entanto, em setembro, as autoridades australianas declararam que as plataformas de redes sociais devem evitar a verificação generalizada da idade dos utilizadores.
"Pensamos que seria pouco razoável se as plataformas verificassem a idade de toda a gente", disse a comissária Australiana da 'eSafety' (entidade dedicada à prevenção de abusos e burlas 'online'), Julie Inman Grant, acrescentando que as empresas do ramo já têm informação suficiente sobre os utilizadores para saberem quem tem mais de 16 anos.
Inman Grant defendeu que a verificação de idade generalizada dos utilizadores seria uma "tática de terror".
A ministra das Comunicações da Austrália, Anika Wells, afirmou que o Governo local quer manter a informação e dados dos detentores de contas daquelas redes o mais privados possível.
"As plataformas sociais já sabem muito acerca de nós. Se uma pessoa está no Facebook, por exemplo, desde 2009, as empresas sabem que tem mais de 16 anos. Não há necessidade de verificação", disse.
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