Refletir sobre os desafios colocados pela desinformação e o papel da literacia mediática na sociedade atual, foi o mote para o encontro académico sobre literacia mediática, organizado pelo Observatório Ibérico de Medias Digitais (Iberifier), que decorreu na quarta-feira, na capital de Espanha, Madrid.
No encontro, o investigador no ISCTE Vítor Tomé, salientou a necessidade de preparar os cidadãos para uma aprendizagem continua e autónoma: "Devemos preparar as pessoas para pensar e aprender por conta própria ao longo da vida", afirmou.
Neste sentido, o académico defende que a alfabetização mediática deve estar em atualização constante, pois "um curso sobre Inteligência Artificial (IA) hoje não será o mesmo daqui a alguns anos. A alfabetização mediática é muito mais do que apenas estudar a desinformação".
Vítor Tomé explica também que a alfabetização mediática é contextual, variando entre as regiões, pelo que é necessário encontrar um acordo em que todos possam fazer projetos de alfabetização mediática em diferentes regiões, mas seguindo uma metodologia comum, desta forma os resultados poderão ser mais eficazes.
O académico da Universidade de Navarra, Charo Sábada, também participou na iniciativa e alertou que nos últimos anos, foi precisamente a desinformação que impulsionou a urgência de fortalecer a literacia mediática, uma competência essencial para se perceber melhor o ambiente tecnológico atual, afirmou o professor.
O Iberifier realça ainda no seu 'site' que a literacia mediática tornou-se um desafio fundamental para a cidadania digital e para o futuro dos meios de comunicação social, uma vez que num "ambiente cada vez mais saturado de informação, e também de desinformação, capacitar pessoas para o consumo crítico, responsável e consciente de conteúdo é mais urgente do que nunca".
O Iberifier é um projeto que visa combater a desinformação e integra 23 centros de investigação e universidades ibéricas, as agências noticiosas portuguesa, Lusa, e espanhola, EFE, e 'fact checkers' como o Polígrafo e Prova dos Factos - Público, de Portugal, e Maldita.es e Efe Verifica, de Espanha.
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