Um grupo de trabalhadores da Microsoft, composto não só por atuais funcionários como também por pessoas que já passaram pela gigante tecnológica, reuniu-se numa praça junto à sede em Redmond, no estado de Washington nos EUA, num protesto que visa a parceria da empresa com o exército de Israel.
O protesto é da responsabiliade da No Azure for Apartheid, uma organização que tem lançado apelos para que a Microsoft cesse a partilha de tecnologia com o governo de Israel numa altura em que a comunidade internacional tem alertado para as condições a que o povo palestiano em Gaza está a ser submetido no conflito que ainda decorre contra o Hamas.
Este protesto surge pouco depois de uma investigação partilhada pelo The Guardian ter revelado a relação entre a Microsoft e o exército israelita, que tem usado a tecnologia da empresa na plataforma Azure para reunir e armazenar milhões de chamadas telefónicas e mensagens de texto em Gaza e na Cisjordânia. Alegadamente, estas informações foram usadas não só para chantagear e prender palestinianos, como também para selecionar alvos para bombardeamento em Gaza.
© Getty
Depois desta investigação ter sido tornada pública, a Microsoft anunciou que decidiu lançar uma avaliação interna para perceber como a tecnologia da plataforma Azure tem sido usada pelo para reunir dados de palestinianos. Na altura, a tecnológica de Redmond notou que este tipo de uso para levar a cabo “vigilância em massa” é proibido pelos termos de serviço.
Em relação a este protesto em Redmond, diz o site PC Gamer que um porta-voz da Microsoft afirmou que “foi pedido [aos protestantes] para saírem, e saíram”. No entanto, a No Azure for Apartheid afirma que os protestantes no local foram “dispersados pela política sob ameaça de prisão” devido ao facto de a praça em que estavam ser propriedade privada da Microsoft.
Pode ver na galeria acima algumas das imagens deste protesto na sede da Microsoft em Redmond.
Conferência anual da Microsoft interrompida
Serve recordar que esta não é a primeira vez que a Microsoft é alvo de acusações de estar a contribuir para a atual situação em Gaza. Em maio deste ano um funcionário da Microsoft interrompeu a conferência anual Build para protestar contra os contratos nas áreas da ‘cloud’ e da Inteligência Artificial (IA) com o governo de Israel.
De acordo com os relatos do site The Verge, passavam apenas alguns minutos desde que o CEO Satya Nadella tinha subido ao palco do evento em Seattle e foi interrompido por um funcionário da empresa, com outra pessoa presente no evento a gritar “libertem a Palestina”. Pode ver o momento no vídeo acima, que mostra também o funcionário a ser escoltado para fora do recinto.
Pouco depois, o funcionário responsável por interromper a conferência partilhou um e-mail com milhares de outros trabalhadores da Microsoft e identificou-se como Joe Lopez - um engenheiro de ‘firmware’ que passou os últimos quatro anos a trabalhar na equipa de sistemas de ‘hardware’ da divisão Azure.
“A liderança rejeita as nossas alegações de que a tecnologia Azure está a ser usada para atingir ou ferir civis em Gaza. Aqueles de nós que têm estado atentos sabem que isto é uma mentira descarada”, pode ler-se no e-mail. “Cada byte de dados que é armazenado na ‘cloud’ (muitos dos quais provavelmente contendo dados obtidos por via de vigilância em massa ilegal) pode e será usado como justificação para arrasar cidades e exterminar palestinianos”.
Leia Também: Líder do GitHub está de saída. Empresa será 'engolida' pela Microsoft