A investigação está a cargo da Gendarmaria Nacional (força militar da polícia) e visa a rede X enquanto entidade jurídica, mas também pessoas singulares que a gerem, afirmou a procuradora da Justiça francesa Laure Beccuau, em comunicado, sem nomear o responsável da X, Elon Musk, multimilionário e presidente executivo da Tesla.
A decisão foi tomada depois de terem sido recebidos dois relatórios, a 12 de janeiro, que "relatavam a alegada utilização do algoritmo da X [antigo Twitter] para ingerência estrangeira", explicou a procuradora.
O primeiro documento veio de Eric Bothorel, deputado da região de Côtes-d'Armor e especialista nestes assuntos.
O deputado alertou o Ministério Público para "recentes alterações no algoritmo da X, bem como para a aparente interferência na sua gestão desde a sua aquisição por Elon Musk", em 2022.
Bothorel destacou uma "redução na diversidade de vozes e opções" na plataforma, referindo que a rede "está a afastar-se do seu objetivo de garantir um ambiente seguro e respeitoso para todos" e mostra "falta de clareza quanto aos critérios que levaram às mudanças no algoritmo e às decisões de moderação".
Além disso alegou o especialista, foram feitas "intervenções pessoais de Elon Musk na gestão da sua plataforma" que representam "um perigo real e uma ameaça às nossas democracias".
De acordo com informações do semanário Le Canard enchaîné de fevereiro, o segundo relatório partiu de um diretor de cibersegurança que é funcionário público.
Este especialista em cibersegurança relatou "uma grande mudança no algoritmo utilizado pela plataforma X, que hoje oferece uma enorme quantidade de conteúdo político de ódio, racista, anti-LGBT+ e homofóbico, que, por isso, visa enviesar o debate democrático em França".
O Ministério Público, que confirmou, no início de fevereiro, que estava a investigar estas denúncias, declarou hoje no seu comunicado que tinha aberto o procedimento "com base em verificações, contributos de investigadores franceses e informações fornecidas por várias instituições públicas".
A investigação centra-se "em particular" nos delitos de adulteração da operação de um sistema automatizado de processamento de dados por um gangue organizado, bem como extração fraudulenta de dados de um sistema automatizado de processamento de dados por um gangue organizado.
O responsável da X France, Laurent Buanec, afirmou a 22 de janeiro na rede social, que "a X tem regras rígidas, claras e públicas destinadas a proteger a plataforma contra o discurso de ódio" e a "combater a desinformação" e que o seu algoritmo "foi concebido para evitar a oferta de conteúdos de ódio".
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