"No centro das operações de desinformação está uma verdade simples: os factos por si só não vencem a guerra da informação", pois o impacto emocional impulsiona o engajamento que determina o seu alcance.
"A desinformação prospera não porque é convincente, mas porque capta a atenção e se aproveita do medo, da frustração e da divisão", lê-se na informação disponibilizada.
Para os autores do relatório Pravda, uma característica que unifica a escolha de tópicos de desinformação nos vários países em que a rede de desinformação atua, é a divisão, "essa erosão da confiança e das conexões na sociedade é a ferramenta que a máquina de propaganda russa avaliou como ataque mais eficaz à democracia que existe".
A Pravda (Verdade, em português) é uma rede de mais de 190 'sites', com mais de 140 subdomínios direcionados a 83 países, funcionando através de conteúdo de 'sites' russos e canais do Telegram, republicando em dezenas de idiomas, entre os quais o português.
Outro conceito chave é o controlo reflexivo, uma estratégia que visa em vez de reagir às situações, moldar a forma como as pessoas as interpretam com antecedência, alimentando o público com informações cuidadosamente projetadas para guiá-los em direção a uma conclusão pré-calculada.
Além disso, o observatório refere também que a inteligência artificial (IA), por um lado, permite uma manipulação mais rápida, ampla e convincente; por outro lado, também oferece novas formas de identificar a desinformação.
"No entanto, a tecnologia por si só não pode preencher a crescente lacuna de confiança", pois quando as instituições não conseguem explicar claramente as suas ações, decisões ou políticas, acabam por criar um vácuo de informações que será preenchido por especulação, desinformação e propaganda.
O observatório salienta que "a batalha contra a desinformação não é uma luta de curto prazo, implica um esforço contínuo para proteger a compreensão do público num mundo onde as informações podem ser distorcidas".
Recentemente, um estudo do observatório concluiu que mais de metade do conteúdo da rede de desinformação russa Pravda visa as ex-repúblicas soviéticas e os Estados dos Balcãs, com Moldávia a liderar o 'ranking', enquanto Portugal regista um valor residual.
De acordo com a organização, a Moldávia concentra a maior taxa de desinformação, com 11.250 publicações desinformativas por cada milhão de habitantes, enquanto Portugal conta com cerca de 1.550 publicações deste tipo por cada milhão de habitantes.
Leia Também: Parlamento Europeu quer táticas de combate à desinformação em democracia