Durante uma audição parlamentar, o chefe do Conselho dos Assuntos Continentais (MAC) de Taiwan -- o órgão responsável pelas relações com a China continental --, Chiu Chui-cheng, afirmou que as autoridades da ilha já detetaram conteúdos nessas redes sociais "que promovem a unificação, a anexação pela força e a negação da soberania da República da China", nome oficial de Taiwan.
"O conselho tem estado a discutir esta questão com as autoridades competentes", disse Chiu, sublinhando que "avançar para a regulação legal" destas aplicações atingiu um ponto de "extrema necessidade".
O responsável afirmou ainda que as escolas de todos os níveis de ensino "devem alertar para a utilização" destas redes sociais e "promover a educação para o conteúdo", explicando os possíveis riscos, como o facto de as informações pessoais "poderem ser utilizadas" pela República Popular da China, ou de os utilizadores poderem ser expostos a uma "ideologia unificadora".
As observações surgem dias depois de Zhang Weiwei, professor de relações internacionais na Universidade Fudan, em Xangai, e diretor do Instituto da China, ter declarado num discurso que a utilização das redes sociais chinesas por jovens taiwaneses facilitaria a "reunificação" entre os dois lados do estreito.
"Sabemos que muitos jovens taiwaneses gostam de utilizar o Xiaohongshu e outras redes sociais chinesas, pelo que estão a cair sob a influência da China (...). Por isso, quando a China se unificar com Taiwan, será mais fácil governar [a ilha] do que Hong Kong", afirmou Zhang, segundo a imprensa taiwanesa.
"Se fosse esse o caso, teríamos de nos perguntar se plataformas como o TikTok e o Xiaohongshu estão a ser utilizadas como preparação para uma eventual unificação. Nesse cenário, os taiwaneses devem estar muito atentos à utilização destas aplicações", reagiu o diretor do MAC.
Taiwan é governada autonomamente desde 1949 sob o nome de República da China e possui as suas próprias Forças Armadas, além de um sistema político, económico e social distinto do da República Popular da China, sendo considerada uma das democracias mais avançadas da Ásia.
No entanto, Pequim considera a ilha uma "parte inalienável" do seu território e, nos últimos anos, intensificou a campanha de pressão contra Taipé, com o objetivo de alcançar a "reunificação nacional" -- meta central para o plano de longo prazo do Presidente chinês, Xi Jinping, de "rejuvenescimento" da nação chinesa.
Leia Também: Nova Iorque reclama vitória sobre TikTok no processo sobre saúde mental