Cientistas desenvolveram lentes que permitem ver no escuro

Uma equipa multidisciplinar de cientistas desenvolveu e testou em humanos e ratos lentes de contacto que convertem a luz infravermelha em luz visível que permitem a visão noturna, mesmo com os olhos fechados.

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Lusa
23/05/2025 07:24 ‧ há 6 horas por Lusa

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Inovação

As lentes, concebidas por uma equipa de neurocientistas e cientistas de materiais da China e da Universidade de Massachusetts (EUA), não necessitam de uma fonte de energia e permitem que o utilizador receba vários comprimentos de onda de infravermelhos ao mesmo tempo.

 

Como são transparentes, permitem aos utilizadores ver simultaneamente a luz infravermelha e a luz visível, embora a visão infravermelha tenha sido melhorada quando os participantes tinham os olhos fechados, afirmam os autores do estudo publicado na quinta-feira na revista Cell Press.

"A nossa investigação abre a possibilidade de dispositivos portáteis não invasivos para monitorizar as pessoas", afirma o principal autor do estudo, Tian Xue, neurocientista da Universidade de Ciência e Tecnologia da China.

A tecnologia das lentes de contacto utiliza nanopartículas que absorvem a luz infravermelha e a convertem em comprimentos de onda visíveis aos olhos dos mamíferos.

"Há muitas aplicações potenciais para este material. Por exemplo, a luz infravermelha intermitente pode ser utilizada para transmitir informações em ambientes de segurança, 'ransomware', encriptação ou anticontrafação", acrescentou o neurocientista.

As nanopartículas podem detetar "luz infravermelha próxima", ou seja, luz na gama dos 800-1600 nanómetros, que se situa imediatamente abaixo da luz vermelha visível que os seres humanos já conseguem ver.

Em estudos anteriores, a equipa demonstrou que estas nanopartículas permitem a visão por infravermelhos em ratos quando injetadas na retina, mas queria conceber uma alternativa menos invasiva.

Para tal, combinaram as nanopartículas com polímeros flexíveis e não tóxicos, como os utilizados nas lentes de contacto moles normais, e depois de demonstrarem que eram seguras, testaram-nas em pessoas e ratos.

Nos testes, descobriram que os ratos que usavam lentes de contacto pareciam ver comprimentos de onda infravermelhos. Por exemplo, quando lhes foi dada a escolher entre uma caixa escura e uma caixa iluminada por infravermelhos, os ratos com lentes de contacto escolheram a caixa escura, enquanto os ratos sem lentes de contacto não mostraram qualquer preferência.

Os ratos mostraram também sinais fisiológicos de visão por infravermelhos: as pupilas dos ratos com lentes de contacto contraíram-se na presença de luz infravermelha e as imagens cerebrais revelaram que a luz infravermelha fez com que os seus centros de processamento visual se iluminassem.

Nos indivíduos testados, as lentes de contacto infravermelhas permitiram aos participantes detetar com precisão sinais intermitentes do tipo código Morse e perceber a direção da luz infravermelha que entrava.

"É muito claro: sem as lentes de contacto, o sujeito não consegue ver nada, mas com elas, consegue ver claramente a luz infravermelha a piscar", diz Xue.

Segundo o neurocientista, a equipa descobriu também que, "quando o sujeito fecha os olhos, é ainda mais capaz de receber esta informação cintilante, porque a luz infravermelha próxima penetra na pálpebra de forma mais eficaz do que a luz visível, pelo que há menos interferência da luz visível".

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