Esta descoberta significa que, apesar das suas enormes diferenças planetárias, a Terra e Marte podem ser moldados por algumas das mesmas forças básicas e processos relacionados com o frio.
O artigo, publicado na revista Icarus e citado na segunda-feira pela agência Europa Press, oferece novos conhecimentos sobre o clima passado de Marte e os tipos de ambientes que podem ter albergado vida, bem como novos conhecimentos sobre a física fundamental dos materiais granulares.
Os investigadores usaram imagens de satélite de alta resolução para analisar nove crateras em Marte e compará-las com as da Terra.
Descobriram que as formas onduladas do relevo de Marte têm formas semelhantes e seguem os mesmos padrões geométricos básicos dos lóbulos de soliflução, encontrados em regiões frias e montanhosas da Terra, como o Ártico e as Montanhas Rochosas.
Estes padrões, segundo Glade, "são exemplos grandes, granulares e lentos de padrões comuns encontrados em fluidos do dia-a-dia, como tinta a escorrer pela parede".
A maior diferença é que as versões marcianas são, em média, 2,6 vezes mais altas, apontou.
Os investigadores mostram que esta diferença de altura é exatamente o que seria de esperar se as propriedades físicas do solo e a menor gravidade de Marte permitissem que os lóbulos crescessem antes de entrarem em colapso.
Na Terra, os lóbulos de soliflução formam-se quando o solo congela e descongela parcialmente, soltando o solo o suficiente para que este possa deslizar lentamente pela encosta abaixo ao longo do tempo.
Marte provavelmente passou por ciclos de congelamento e degelo semelhantes aos da Terra, embora os ciclos marcianos tenham sido provavelmente causados pela sublimação (onde o gelo se transforma diretamente em vapor) e não pelo degelo causado pela água líquida.
Investigadores sugerem que Marte pode ter albergado condições frias que moldaram a sua superfície de forma semelhante à da Terra, esclarecendo a evolução climática do planeta, o possível papel da água e onde procurar sinais de vida passada.
"Compreender como estes padrões se formam fornece informações valiosas sobre a história climática de Marte, especialmente a possibilidade de ciclos passados de congelamento e degelo, embora sejam necessárias mais pesquisas para determinar se estas características se formaram recentemente ou há muito tempo", apontou Sleiman.
"Em última análise, esta investigação pode ajudar-nos a identificar pistas sobre ambientes passados ou presentes noutros planetas que podem sustentar ou limitar a vida potencial", acrescentou.
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