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Estação Espacial pode fermentar miso (embora um pouco diferente)

Astronautas da Estação Espacial Internacional provaram que os alimentos podem ser fermentados em microgravidade, ao preparar miso, que tem um cheiro e um sabor semelhantes ao miso da Terra, mas com um toque ligeiramente a noz e mais tostado.

Estação Espacial pode fermentar miso (embora um pouco diferente)

© Shutterstock

Lusa
03/04/2025 07:18 ‧ há 4 meses por Lusa

A experiência, publicada na quarta-feira na revista IScience, foi liderada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e os seus autores esperam que ajude a expandir as opções culinárias dos astronautas e melhore a qualidade de vida dos viajantes espaciais a longo prazo.

 

A fermentação no espaço "é possível com segurança e com resultados satisfatórios", mas o ambiente espacial 'molda' o processo de forma diferente, observaram no estudo.

O miso é um condimento tradicional japonês feito pela fermentação de soja cozida e sal.

Os investigadores concluíram no seu estudo que, ao combinar dados metagenómicos, metabolómicos e sensoriais, "o miso espacial é um miso reconhecível e seguro".

Esta descoberta sugere que outros tipos de fermentação alimentar também podem ser realizados com segurança e sucesso no espaço.

O ambiente espacial em órbita baixa da Terra, onde se encontra a Estação Espacial, apresenta características como a microgravidade e o aumento da radiação, que podem influenciar o crescimento e o metabolismo dos micróbios e, por conseguinte, o funcionamento da fermentação.

Assim, os investigadores quiseram explorar os seus efeitos testando se a fermentação dos alimentos era possível no laboratório espacial e qual seria o sabor, explicou o coautor principal Joshua Evans, da Universidade Técnica da Dinamarca.

A equipa enviou um pequeno recipiente de "miso do futuro" para a estação espacial em março de 2020, onde fermentou durante 30 dias antes de regressar à Terra como miso.

Para comparação, dois outros lotes idênticos foram fermentados na Terra: um em Cambridge (EUA) e outro em Copenhaga.

Todas as amostras foram equipadas com caixas de deteção ambiental que monitorizaram o ambiente de fermentação, temperatura, humidade, pressão e radiação.

Quando o miso da Estação Espacial regressou à Terra, a equipa analisou as suas comunidades microbianas, compostos de sabor e propriedades sensoriais.

O resultado foi que houve diferenças assinaláveis nas comunidades bacterianas presentes no miso.

"A fermentação (na Estação Espacial) ilustra como um sistema vivo à escala microbiana pode prosperar graças à diversidade da sua comunidade microbiana, destacando o potencial para a vida no espaço", sublinhou Maggie Coblentz, do MIT e coautora do estudo, citada pelo IScience

A equipa também comparou o sabor e o aroma do miso espacial com o do miso terrestre e descobriu que as amostras continham principalmente os mesmos compostos aromáticos e perfis de aminoácidos semelhantes.

Tanto as amostras do laboratório espacial como as do solo tinham um bom sabor, com perfis de sabor umami salgado semelhantes, reconhecíveis como miso, mas a amostra da estação tinha um sabor mais parecido com nozes torradas.

Coblentz prevê que o impacto desta investigação irá muito além de um simples pote de miso feito no espaço.

"Usamos algo tão fundamental como a comida como ponto de partida para iniciar conversas sobre as estruturas sociais no espaço e o valor das funções domésticas nos campos da ciência e da engenharia", frisou.

Leia Também: Problemas com a Starliner? Astronauta diz que é parcialmente culpado

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