Num diálogo organizado pela revista Commonwealth, entre Morris Chang e o académico norte-americano Chris Miller, sobre a competição global pelo domínio da indústria de 'chips' e as perspetivas de desenvolvimento do setor, o executivo disse que a China está "pelo menos entre 5 e 6 anos atrasada", face a Taiwan, em termos tecnológicos, segundo a agência oficial CNA.
Chang disse apoiar as políticas adotadas pelos EUA para protegerem a sua liderança industrial, embora tenha expressado preocupação sobre se o país vai ter sucesso em preservar essa posição.
O fundador da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), discutiu com Miller o futuro da cadeia de abastecimento global nos próximos 10 anos. O académico norte-americano defendeu que vai "ocorrer uma polarização entre a China e outros países" e que a "dimensão do mercado mundial para semicondutores vai aumentar significativamente".
"Não há dúvida: no setor dos 'chips' semicondutores, a globalização morreu", afirmou Morris Chang. "O livre comércio não está tão morto, mas está em perigo", acrescentou.
Os semicondutores e a tecnologia necessária para a sua produção são cada vez mais sensíveis, à medida que Pequim tenta desenvolver a sua própria indústria de alta tecnologia, o que tem implicações militares.
Em outubro passado, Washington bloqueou o acesso das empresas e entidades chinesas a tecnologia norte-americana utilizada no fabrico dos semicondutores mais avançados e está a pressionar os aliados europeus e asiáticos a aplicarem as mesmas restrições.
Analistas do setor dizem que a falta de acesso da China à tecnologia desenvolvida no exterior constitui uma séria desvantagem nos esforços de Pequim para desenvolver uma indústria doméstica de 'chips'. Os fornecedores chineses podem produzir componentes de baixo custo, usados em automóveis e na maioria dos bens eletrónicos, mas não aqueles que são usados em telemóveis, servidores e outros produtos.
A China anunciou, entretanto, várias medidas e planos para fortalecer a indústria doméstica de semicondutores, a fim de diminuir a sua dependência de fabricantes estrangeiros, como a TSMC.
De acordo com a Associação da Indústria de Semicondutores dos EUA, Taiwan produz mais de 90% dos 'chips' de alta qualidade do mundo. A TSMC tem de longe a maior participação.
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