Em comunicado, o instituto do Porto adianta hoje que o projeto, intitulado 'ENERSHARE', pretende "desenvolver uma arquitetura de referência que facilite a partilha de dados no setor energético".
Ao longo dos próximos três anos, o projeto vai tentar criar um "espaço comum de dados a nível europeu" para potenciar a interoperabilidade, confiança, valor e modelos de governação de dados do setor energético, mas também o desenvolvimento de serviços energéticos e não-energéticos digitais "baseados na partilha de dados ao longo da cadeia de valor".
"Estes novos serviços garantirão uma melhoria das eficiências energética, financeira e técnica das comunidades de energia renovável e uma melhor integração de outros setores, como o da mobilidade elétrica, e vetores energéticos como o hidrogénio", salienta o instituto.
Com um financiamento de oito milhões de euros do programa Horizonte Europa da Comissão Europeia, o projeto prevê a instalação, até junho de 2025, de sete pilotos.
"O consórcio do projeto ENERSHARE vai lançar as bases para a configuração do Espaço Europeu de Dados Energéticos, em linha com iniciativas relevantes da União Europeia, nomeadamente GAIA-X, IDSA, BDVA, ETIP SNET, BRIDGE", refere o INESC TEC, acrescentando que o projeto vai também permitir impulsionar "a igualdade de condições para a partilha de dados".
No consórcio, o instituto do Porto assume o papel de coordenação do desenvolvimento de novas técnicas de inteligência distribuída, de novos serviços e gémeos digitais.
Citado no comunicado, o coordenador do Centro de Sistemas de Energia (CPES) do INESC TEC, Ricardo Bessa, salienta que "os algoritmos patenteados de aprendizagem distribuída, 'federated learning', na literatura anglo-saxónica, e a plataforma baseada em 'blockchain' para mercado de dados (...) serão melhorados e aplicados a diferentes casos de uso".
Entre os casos de uso destacam-se a produção de base renovável, as comunidades de energia, a operação de redes elétricas, os sistemas multi-energia e a eficiência energética.
Ao longo do projeto o instituto do Porto irá debruçar-se também em técnicas de interoperabilidade semântica.
"Vamos ainda trabalhar em funcionalidades relacionadas com a confiança, para assegurar a privacidade e confidencialidade, soberania e controlo total dos dados", esclarece, também citado no comunicado, o investigador do Laboratório de Software Confiável (HASLab) do INESC TEC, Fábio Coelho.
De acordo com o investigador, serão exploradas tecnologias de controlo de identidade para a coordenação da partilha de dados e a criação de novos serviços digitais, bem como de modelos de negócio.
Coordenado pela Engineering Ingegneria Informatica S.p.A., em Itália, o projeto conta com 30 parceiros de 12 países europeus (Itália, Portugal, Espanha, Alemanha, Grécia, França, Eslovénia, Letónia, Finlândia, Noruega, Países Baixos, Luxemburgo).
A par do INESC TEC, integram o projeto outras duas instituições portuguesas, nomeadamente, o Smart Energy Lab e o R&D Nester.
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