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Jovens experimentam gravidade zero no primeiro voo parabólico em Portugal

Trinta jovens vão experimentar na sexta-feira, dia 16, a sensação de gravidade zero num voo parabólico, o primeiro realizado em Portugal, a bordo de um avião com partida da Base Aérea de Beja, numa iniciativa da agência espacial portuguesa.

Jovens experimentam gravidade zero no primeiro voo parabólico em Portugal
Notícias ao Minuto

10:21 - 14/09/22 por Lusa

Tech Inovação

A iniciativa "Zero-G Portugal -- Astronauta por um Dia", que junta estudantes entre os 14 e os 18 anos que foram selecionados após provas eliminatórias, é promovida pela Portugal Space, que pretende incentivar os mais novos para a área do espaço, "assegurar o futuro do espaço a nível nacional", segundo Hugo André Costa, membro da direção da agência espacial portuguesa.

O voo, com partida e regresso à Base Aérea n.º 11, da Força Aérea Portuguesa, é operado pela empresa francesa Novespace, subsidiária da agência espacial francesa (CNES).

Fundada e presidida pelo ex-astronauta Jean-François Clervoy, que faz questão de acompanhar os voos, a Novespace realiza voos parabólicos com fins científicos (para as agências espaciais europeia, francesa, alemã e japonesa) e para o público em geral (um voo a título particular pode custar por pessoa 6.900 euros e já há lotação esgotada para fevereiro de 2023).

Na prática, o voo fretado pela Portugal Space, que será feito por um avião Airbus A310, propriedade da Novespace, vai simular a ausência de gravidade que existe no espaço a partir de manobras de ascensão e queda-livre (parábolas) executadas pela aeronave que vão permitir aos passageiros flutuar no seu interior em ciclos de cerca de 20 a 25 segundos.

Para o voo foram reservadas três horas, em parte destinadas à preparação da tripulação e passageiros, mas apenas serão executadas 15 parábolas de um minuto cada, que irão simular um total de cinco a seis minutos de gravidade zero, a que os astronautas estão sujeitos quando trabalham e vivem na Estação Espacial Internacional, mas durante meses.

Durante o voo, o Airbus irá sobrevoar a costa portuguesa e manter-se numa zona do espaço aéreo fechada a outros voos, que pode ser mais a norte ou a sul do território continental consoante o estado do tempo.

Pedro da Silva Costa, militar da Força Aérea que trabalha na Portugal Space para a área da Defesa, explicou à Lusa que, se as condições meteorológicas forem favoráveis, o avião sobrevoará ao largo de Monte Real e fará as manobras numa zona onde normalmente treinam os caça F16. Caso contrário, a aeronave rumará "abaixo do Algarve", para uma zona que por hábito está reservada a exercícios de meios aéreos e navais.

Os voos parabólicos (a par dos treinos debaixo de água) são praticamente o único meio na Terra capaz de reproduzir o efeito da ausência de gravidade ou microgravidade com pessoas. O que permite gerar no ar este efeito são, precisamente, as parábolas que o avião descreve.

Silva Costa adiantou que o avião efetua primeiro uma subida vertiginosa de aproximadamente 7.600 metros de altitude, gerando durante 20 segundos uma aceleração 1,8 vezes a da gravidade no solo. Nesta altura, os passageiros vão sentir-se mais pesados, como se tivessem quase o dobro do seu peso.

Depois, um dos pilotos reduz o impulso do motor da aeronave praticamente a zero, fazendo com que descreva uma parábola.

A aeronave continua a subir até atingir o ponto de inflexão da parábola, a 8.500 metros de altitude, e depois começa a descer.

"A descida demora cerca de 20 segundos, durante os quais os passageiros flutuam devido à ausência de peso criada pela queda-livre do avião", esclareceu o militar, acrescentando que um dos pilotos acelera de novo, os passageiros voltam a sentir-se pesados e o avião "retoma o voo horizontal estável" quando "o ângulo com a horizontal atinge os 45º".

O avião executa 15 vezes estas manobras. A bordo seguem três pilotos: um controla o ângulo de subida e descida do "nariz" da aeronave, outro domina o movimento de rotação para manter as asas horizontais e um terceiro, sentado atrás dos dois primeiros, controla a velocidade do motor, avisos, temperaturas e pressão.

Além da diversão que proporcionam, os voos parabólicos "são cruciais na preparação de experiências, equipamento e astronautas e permitem que as experiências dos cientistas sejam testadas antes de seguirem numa missão espacial", assinalou Pedro da Silva Costa.

À iniciativa "Zero-G Portugal -- Astronauta por um Dia", dirigida a estudantes entre os 14 e os 18 anos de todo o país, concorreram 460 jovens, um número que "superou as expectativas", de acordo com Hugo André Costa, da direção da Portugal Space, que espera o dobro dos candidatos em 2023, ano em que será feito um novo voo parabólico.

Mimetizando à microescala o processo de recrutamento de astronautas, a seleção dos 30 jovens, metade dos quais raparigas, teve várias fases, incluindo exposição das motivações, provas de perceção e interpretação do espaço, de aptidão física e entrevista. Depois de selecionados, os "eleitos" ainda tiveram de se submeter a exames clínicos para obterem o certificado de aptidão médica exigido para o voo.

Um dos "eleitos" foi Ricardo Martins, 15 anos, de Vila Verde, no distrito de Braga. Soube da "excelente iniciativa" da Portugal Space pela televisão antes de ir para a escola.

Decidiu concorrer atraído pela temática do espaço, que sempre o fascinou "desde muito novo", e estimulado pelas fases do processo de seleção, "todas elas desafiantes e enriquecedoras", como se em causa estivesse a seleção de astronautas.

O jovem não pretende ser astronauta, mas antes "gostava de seguir engenharia aeroespacial", inspirado na ideia de que, tal como os navegadores portugueses revelaram novos mundos durante a época dos Descobrimentos, o "espaço e o desvendar do mistério à sua volta pode elevar o nome de Portugal" novamente.

Encara com "bastante entusiasmo e ansiedade" o voo de sexta-feira e quer aproveitá-lo "ao máximo", ver como o seu corpo reage e fazer experiências a bordo.

Foi também pela televisão, "em casa, com a família", que Maria Matias Neto, 17 anos, de Vagos, no distrito de Aveiro, teve conhecimento da iniciativa. Despertou-lhe a atenção, foi saber mais, inscreveu-se.

No final, ficou "bastante feliz e aliviada" quando soube que tinha sido selecionada. O voo parabólico "vai ser uma coisa incrível, uma experiência que não se volta a repetir" tão depressa.

"Tenho de aproveitá-la muito bem", disse a jovem à Lusa, que demoveu o interesse de ser astronauta, que implicava estar muito tempo longe da família, a favor da engenharia aeroespacial.

Ao promover a "Zero-G Portugal -- Astronauta por um Dia", a agência espacial portuguesa espera que os 30 jovens sejam este ano letivo "embaixadores" da iniciativa nas escolas, que relatem e divulguem a experiência que tiveram junto de colegas e professores, "contribuindo para cultivar e estimular o interesse pelo espaço".

Os astronautas também participam em ações de divulgação quando regressam das suas missões, sendo uma das tarefas do seu trabalho, a par das saídas para o espaço.

Na quinta-feira, véspera do voo, o astronauta alemão Matthias Maurer, 52 anos, vai partilhar a sua experiência numa palestra em Beja. Matthias Maurer, astronauta da Agência Espacial Europeia (ESA), regressou em 06 de maio depois de uma estada, a primeira, na Estação Espacial Internacional, onde durante seis meses executou vários trabalhos científicos.

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