Reino Unido avalia compra de fábrica de 'chips' por empresa chinesa
O Conselho de Segurança Nacional do Reino Unido vai examinar a aquisição da maior fábrica de semicondutores britânica por uma empresa de capital chinês, revelou o primeiro-ministro.
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"Estamos a investigar. Pedi ao Conselheiro de Segurança Nacional para averiguar", disse o primeiro-ministro Boris Johnson no Parlamento na quarta-feira.
A Nexperia NV, empresa holandesa de capital chinês, adquiriu na segunda-feira a Newport Wafer Fab, que fabrica semicondutores principalmente para a indústria automóvel.
O Conselheiro de Segurança Nacional, Stephen Lovegrove, "avaliará se as coisas que (a Newport Wafer Fab) está a fazer têm valor real de propriedade intelectual e interesse para a China, se há implicações reais de segurança", disse Johnson.
A legislação empresarial do Reino Unido dá ao governo 30 dias para permitir que o negócio prossiga ou colocá-lo sob averiguação.
A chinesa Wingtech Technology Co. Ltd., que controla a Nexperia, já havia afirmado em comunicado que o negócio enfrenta "incertezas".
Além de fornecer fábricas automotivas, a Newport Wafer tem-se concentrado em semicondutores compostos mais avançados, que estão no centro de tecnologias como o 5G e reconhecimento facial.
A empresa também tem fortes laços com várias universidades do Reino Unido.
A Nexperia foi separada da NXP Semiconductors NV em 2017 e adquirida por um consórcio chinês liderado pela Beijing Jianguang Asset Management Co. Ltd.
Em 2018, a Wingtech comprou a Nexperia por 3,6 mil milhões de dólares.
O negócio está a gerar controvérsia no Reino Unido, por implicar a aquisição de tecnologia de ponta por uma empresa de propriedade chinesa, num momento em que há uma escassez global de 'chips', críticos a diversas indústrias, e que pode durar até 2023.
A Nexperia, que se tornou a segunda maior acionista da NWF em 2019, disse que a aquisição ajudará a fabricar mais 'chips' e responder à crescente procura, a nível mundial.
Tom Tugendhat, líder do Grupo de Pesquisa da China do governo do Reino Unido e presidente do Comissão de Relações Exteriores, manifestou à CNBC surpresa com o fato de a compra não estar a ser analisada de acordo com a Lei de Segurança e Investimento Nacional, que foi introduzida em abril.
"Por ter mantido contato com parceiros nos Estados Unidos e em todo o mundo, sei que não estou sozinho", disse Tugendhat na segunda-feira.
"O setor da indústria de semicondutores enquadra-se no escopo da legislação, cujo objetivo é proteger as empresas de tecnologia do país de aquisições estrangeiras quando houver um risco material para a segurança económica e nacional", referiu ainda.
Tugendhat adiantou que, ao subscrever o comunicado da última reunião do G7, o Reino Unido comprometeu-se a tomar medidas para construir resiliência económica em cadeias de abastecimento globais críticas, como semicondutores, e o negócio "parece ser uma reversão imediata e pública desse compromisso".
O regulador de concorrência do Reino Unido anunciou em janeiro uma investigação sobre a oferta de USD 40 mil milhões pela Nvidia para compra da Arm, com sede em Cambridge, cujos modelos de 'chips' são usados por fabricantes em todo o mundo.
Em março, o governo italiano impediu a empresa chinesa Shenzhen Investment Holdings de adquirir o controle da LPE, uma empresa de semicondutores sediada em Milão, classificando-a como um setor de "importância estratégica".
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