Governo quer ser "núcleo acelerador" da estratégia nacional do Espaço
O Governo assumiu hoje o compromisso de transformar-se no "núcleo acelerador" da estratégia nacional para o Espaço, enaltecendo a criação de uma empresa em Ponte de Sor (Portalegre) que vai construir satélites destinadas à observação terrestre.
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Tech Ponte de Sor
O compromisso foi assumido pelo secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional, Jorge Seguro Sanches, na cimeira aeronáutica "Portugal Air Summit", momentos antes da cerimónia de assinatura da criação do consórcio que dá origem à empresa Magellan Orbital, que envolve, à partida, um investimento superior a 30 milhões de euros.
"A Defesa Nacional assume assim o compromisso de se constituir como o núcleo acelerador e multiplicador da estratégia nacional para o Espaço, sendo este apenas um primeiro passo [consórcio] daquele que é um planeamento mais amplo e que visa dotar a Defesa Nacional de uma capacidade espacial própria à escala da sua atuação", disse.
O governante recordou ainda que setor aeronáutico em Portugal é "reconhecido" pelos parceiros europeus e que o cluster, que integra a indústria da aeronáutica, do Espaço e da Defesa, envolve "mais de 80 entidades" estabelecidas em Portugal, emprega "cerca de 18.500 pessoas", com um volume de negócios "superior a 1,7 mil milhões de euros", dos quais "87%" se destinam à exportação.
"Este cluster representa cerca de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) português, esperando-se que passe a representar 3% nos próximos anos. Este é um 'cluster' com grande margem para crescer, sendo espectável o seu peso na economia nacional nos próximos anos"", sublinhou.
A Magellan Orbital é formada pelo Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA), Efacec, Omnidea, Tekever e IdD -- Portugal Defence.
Fonte da empresa Tekever disse na quarta-feira à agência Lusa que, além de ficar sediada em Ponte de Sor, a nova empresa "terá também acesso" às instalações dos seus fundadores em Matosinhos, Évora, Almada e Arruda dos Vinhos.
A informação criada pela Magellan Orbital será colocada ao serviço de setores como a logística, o turismo, as energias renováveis, a aquacultura, a investigação científica e meteorológica, as agências públicas de segurança e defesa, ambiente e a salvaguarda da vida e dos recursos marítimos, sem descurar o uso deste recurso por parte das Forças Armadas e do dispositivo de Defesa Nacional.
A Magellan Orbital pretende trabalhar em "estreita colaboração" com a indústria e a academia, nomeadamente para "utilizar e potenciar" tecnologias, produtos e serviços oferecidos pelo tecido empresarial português, incorporando-os nos produtos e serviços que oferecerá no mercado internacional.
"Queremos atrair para a Magellan Orbital pessoas que partilhem a nossa visão de que é possível criar, a partir de Portugal, um prime mundial na área do `new space´", explicou a fonte da empresa Tekever.
"Queremos que a Magellan seja a primeira opção de todos os estudantes de aeroespacial, e que seja o motivo pelo qual muitos dos nossos brilhantes engenheiros, que hoje trabalham fora de Portugal, voltem e fiquem", acrescentou.
O projeto conta com um investimento superior a 30 milhões de euros, mas os parceiros pretendem "acelerar" o crescimento da empresa com investimento, quer dos próprios parceiros, quer ao nível dos fundos comunitários, quer ao nível do mercado de capitais.
De acordo com a mesma fonte, o "primeiro grande desafio" da empresa será a montagem de uma "sólida" rede de parceiros industriais, académicos e institucionais, nacionais e internacionais, na qual a empresa espera apoiar para levar a cabo a sua missão.
"Ao nível tecnológico, teremos de conseguir montar uma cadeia de valor eficiente e de elevada qualidade para todos os subsistemas e componentes, por forma podermos competir ao mais alto nível internacional, com preços competitivos", sublinha.
A fonte da Tekever fez ainda questão de acrescentar que este projeto não se trata de um começo, mas sim "mais um passo" numa estratégia que os seus fundadores estão a levar a cabo "há já mais de cinco anos", no âmbito da qual deram já "largas provas" a nível individual.
"O grande desafio de médio prazo, será conseguir ter a capacidade de operar eficientemente, e tirar o máximo partido para os nossos clientes, de uma infraestrutura espacial. É um tipo de conhecimento novo, que será absolutamente diferenciador, e para o qual já estamos a trabalhar", acrescentou a mesma fonte.
Numa nota enviada à Lusa, a Tekever explica ainda que este projeto surge de uma "forte articulação" com a Portugal Space, o Air Centre, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e o Ministério da Defesa Nacional.
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