IA é "tecnologia poderosa" com benefícios e risco de "uso indevido"
O investigador em Inteligência Artificial (IA) Stuart Russell considerou, em declarações à Lusa, que esta é uma "tecnologia poderosa" com benefícios que pode ter "uso indevido", mas que a "verdadeira questão" é torná-la "'competente'".
© iStock
Tech Stuart Russell
Stuart Russel, que é considerado um dos mais importantes investigadores mundiais em IA, com vasto trabalho em robótica e bioinformática, participa na quarta-feira no encerramento da conferência do Ciclo Fidelidade-Culturgest dedicado à Inteligência Artificial, em Lisboa.
Em resposta escrita a questões da Lusa, Stuart Russell disse que a Inteligência Artificial, "tal como o fogo e a energia atómica, é uma poderosa energia que pode trazer grandes benefícios, mas pode também ser mal utilizada".
E deu exemplos já conhecidos dessa má utilização, nomeadamente na "amplificação" de preconceitos raciais ou de género, "na mudança gradual da opinião política das pessoas através das redes sociais" e os "primeiros passos na criação de armas autónomas".
"Acho que é também razoável ser cético relativamente a um campo que promete criar IA ao nível humano, mas não oferece ideias de como controlá-lo assim que criado", prosseguiu o investigador.
"Embora os filmes e os media falem sempre da IA tornar-se 'consciente', a verdadeira questão é a IA tornar-se 'competente'", sublinhou, adiantando que o "problema do controlo" é o tema sobre o qual está a trabalhar neste momento.
Questionado sobre quais são os grandes desafios da Inteligência Artificial, Stuart Russell afirmou: "Assumindo que conseguimos ultrapassar os problemas de uso indevido e resolver o problema de controlo de uma IA cada vez mais inteligente, há muitos benefícios a curto prazo que podemos esperar".
Veículos autónomos que tornam as viagens mais seguras, melhor educação e melhor saúde, a aceleração da investigação científica, maior acesso ao conhecimento ou assistentes digitais que apoiam a vida diária dos cidadãos são alguns dos exemplos apontados pelo professor de Engenharia Eletrotécnica e Ciências da Computação na Universidade da Califórnia, Berkeley, e professor adjunto de Neurocirurgia da Universidade da Califórnia, em São Francisco.
No entanto, "existem vários problemas importantes por resolver antes de podermos disponibilizar a IA no seu propósito geral, que significa Inteligência Artificial com a mesma amplitude e flexibilidade como os humanos", argumentou.
Ou seja, o grande propósito da IA é "dar-nos acesso a uma inteligência maior, o que significa uma mudança na civilização".
Questionado sobre qual será o impacto da Inteligência Artificial na vida diária dos cidadãos, o investigador considerou que a civilização será muito mais produtiva.
"Em 1780, se quisesse viajar até à Austrália, isso seria um projeto de vários anos, de vários milhões de dólares, com um elevado risco de morte. Agora, bastam apenas alguns toques no telemóvel e aguardar" a indicação de "viagem como serviço", disse.
Com a proposta geral da IA, "será 'tudo como um serviço'", apontou, salientando que a civilização tornar-se-á "mais produtiva" e a vida das pessoas será "mais fácil".
Tudo isto assumindo que "nós iremos trabalhar politicamente na forma como assegurar que todos estão incluídos", acrescentou.
Isto porque aquilo a que todos chamam atualmente "trabalho" será realizado de uma melhor forma e mais barata "pelas máquinas", destacou.
Por isso, "precisamos também de descobrir como é que os humanos podem estar produtivamente envolvidos na sociedade, em vez de apenas serem consumidores de produtos e de entretenimento", desafiou.
Stuart Russell é considerado um pioneiro na compreensão e uso da Inteligência Artificial, refletindo sobre o futuro entre a máquina e os humanos.
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