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Facebook é um vetor da mudança de velocidade na comunicação atual

Os académicos Gustavo Cardoso e Paulo Frias afirmaram à agência Lusa que o Facebook é um dos vetores da mudança de velocidade na comunicação atual, no âmbito do 15.º aniversário daquela rede social.

Facebook é um vetor da mudança de velocidade na comunicação atual
Notícias ao Minuto

14:50 - 02/02/19 por Lusa

Tech Académico

"Vivemos num mundo em que as coisas acontecem muito mais rapidamente, e isso tem a ver com a tecnologia, toda", disse Gustavo Cardoso, investigador do ISCTE, acrescentando que isso é algo que se reflete no comportamento humano, já que hoje em dia não há disponibilidade "sequer para esperar muito tempo se uma coisa não carrega automaticamente".

Paulo Frias, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), considera que a velocidade em redes sociais como o Facebook, que comemora 15 anos na segunda-feira, "faz com que as pessoas se comecem a adaptar a um modo de comportamento e operacional diferente".

No entanto, o académico da instituição portuense crê que "não é só uma mudança só de velocidade, não é uma mudança temporal. É uma mudança espaciotemporal", explicando que é espacial no sentido em que "as coisas aparecem todas muito planificadas ou plasmadas na mesma superfície", e temporal porque "ao mesmo tempo acontecem com muito mais rapidez".

Para Paulo Frias já não se coloca a questão de passagem entre o mundo analógico e o digital. "Há uns anos", os meios estavam "divididos e sabíamos que rádio era rádio, televisão era televisão e imprensa era imprensa", e agora os conteúdos "são consumidos num plano que pode ser considerado um novo meio, onde os conteúdos podem aparecer de igual maneira".

Ambos os académicos consideram que a questão da dicotomia entre a comunicação real e virtual já não faz sentido.

Para Gustavo Cardoso, à medida que o tempo foi passando "e que as pessoas têm dois espaços que são complementares na sua utilização, esbate-se a diferença e os espaços passam a ser exatamente os mesmos".

"Já tudo faz parte do que nós poderíamos considerar o real", e que por isso "já não há muito essa discussão", uma vez que "as pessoas veem isso mais como um 'continuum' do que propriamente uma coisa fraturada", afirmou Paulo Frias.

Gustavo Cardoso considera que a possibilidade de os utilizadores poderem escolher o tipo de conteúdos que querem ver no seu 'feed' de Facebook, ao mesmo tempo, entre notícias, amigos, figuras públicas e entretenimento "não é demasiado confusa".

No entanto, considera que esta possibilidade pode ser "má" para a própria empresa.

"Eu acho que isso em termos de estratégia de 'marketing' é péssimo, porque resolve um problema imediato, mas depois as pessoas ficam chateadas porque nunca recebem coisas novas. Nós gostamos de ser expostos a coisas novas, mas também gostamos de ver as nossas opiniões reafirmadas", explanou.

Esta dualidade era "conseguida" pelos meios de comunicação tradicionais, advoga, "não tanto por sua opção, mas por necessidade, porque só tinham um canal para emitir, ou uma edição em papel para fazer", e hoje "é possível ao Facebook, ou a um jornal, ou a quem for, tentar moldar à vontade do freguês".

"Só que quando molda perde essa dimensão de originalidade e de surpresa", defende.

Paulo Frias considera que isso é uma "intenção" por parte da rede social, alicerçada na vontade de "criar nichos", e não um "erro algorítmico".

"Do ponto de vista da saúde da democracia isso obviamente que é mau, porque o que aparece no 'feed' são as pessoas com quem se concorda e com quem mais se discorda", o que faz com que o "universo de discussão, de debate público, dessa ágora, seja muito reduzido, porque se acaba por estar nas extremidades. Isto cria polarização", conclui.

Gustavo Cardoso alinha pela mesma ideia, mas considera que a 'bolha' social "não é algorítmica" e que a solução para lidar com ela é "criando capacidade de ouvir o outro".

"A polarização alimenta-se daquilo que é algo que nós apreciamos, que é ter razão, e para ter razão é preciso que tenhamos muitas outras pessoas que pensam como nós. É uma questão de grupo", afirma, argumentando que "as pessoas só ouvem o outro se forem forçadas a ouvir o outro".

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