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Resident Evil 2: Um remake assustador que faz justiça a um clássico

A Capcom foi bem-sucedida com este remake de um dos jogos mais aclamados do género ‘survival horror’.

Notícias ao Minuto

08:20 - 01/02/19 por Miguel Patinha Dias

Tech Testes

Quando se fala no género de terror – mais especificamente ‘survival horror’ – é comum que os fãs apontem como exemplo a série ‘Resident Evil’, dando especial ênfase ao segundo jogo da série lançado originalmente em 1998.

Por muito assustador que fosse o original (e era muito) é sabido que o antigo esquema de controlo e câmara fixa não envelheceram da melhor forma, o que faz com que voltar a ‘Resident Evil 2’ se torne mais um exercício de gestão de frustração do que propriamente uma atividade prazerosa. Independentemente dos fãs do original, a Capcom decidiu voltar a pegar em ‘Resident Evil 2’ para um remake .

A proposta foi ambiciosa mas, depois de passar algum tempo na companhia de ‘Resident Evil 2’, fica claro que a Capcom foi bem-sucedida com esta adaptação que chegou em janeiro à PlayStation 4, Xbox One e PC.

Um primeiro olhar denuncia o departamento visual como o que mais beneficiou deste remake mas, desengane-se, a atualização dos gráficos é bem mais importante do que pode parecer à primeira vista. A já referida câmara fixa do original foi substituída por uma câmara posicionada nas costas da personagem jogável, aproximando-se sempre que o jogador aponta uma das armas de fogo.

Não é nada que já não tenha sido feito. ‘Resident Evil 4’ estreou este esquema de controlo em 2005 e desde então não foram poucos os jogos que recorreram a ele. Não é portanto o esquema de controlo por si só que ajuda a conferir o terror que é jogar ‘Resident Evil 2’. O já mencionado grafismo e sobretudo o sistema de iluminação é crucial na eficácia do jogo.

Os corredores debilmente iluminados da esquadra da polícia de Raccoon City estão mais tenebrosos do que nunca, com cantos completamente envolvidos em escuridão que apenas uma lanterna é capaz de perscrutar. Isto faz com que o efeito surpresa da antiga câmara fixa consiga ser efetivamente replicado com este sistema de iluminação. Entrar numa sala ou corredor mal iluminado é sempre um momento de incerteza e um ponto alto que se mantém durante todo o jogo.

Ainda sobre o grafismo, todos os ambientes, inimigos, armas, vestuário e efeitos são renderizados de forma exemplar. As entranhas de zombies, por exemplo, nunca perdem o impacto e são efetivamente nojentas, quase num nível fotorrealista. Só as caras de algumas personagens é que por vezes parecem não se enquadrar com o resto do grafismo, caindo muitas vezes no que é conhecido como ‘uncanny valley’.

Uma nota ainda para o departamento sonoro, também ele uma parte integrante do ambiente sombrio e aterrorizante que compõem a grande obra que é ‘Resident Evil 2’. Com a esquadra de polícia envolta em caos e praticamente abandonada, todo o ruído é levado a sério e nenhum passo é desconsiderado (estamos a pensar em ti Mr. X). Os gemidos dos zombies cortam o ar e preparam-no para a travessia agoniante que é chegar a uma sala onde possa sentir mais seguro.

Só alguns sons é que talvez pudessem beneficiar de uma maior atenção, nomeadamente o som de tiros de armas mais comuns como a pistola. Seria de esperar que o som de uma pistola num edifício praticamente abandonado tivesse um maior impacto sonoro mas o som parece por vezes de uma pistola de brincar. A boa notícia é que provavelmente estará tão aterrado de medo com as monstruosidade que tem à frente que dificilmente reparará neste pormenor.

Sim veteranos, este também é para vocês

O remake de qualquer jogo gera sempre a questão de qual é a intenção da produtora com ele. Conquistar novos fãs ou agradar a veteranos? Muitos fãs de longa data de ‘Resident Evil 2’ podem sentir que este remake não apresenta nada de novo e que, portanto, podem deixá-lo passar. Permitam-nos discordar.

Este novo ‘Resident Evil 2’ não muda, de uma forma substancial, a história apresentada há 20 mais de 20 anos. O jogador continua a ter duas campanhas por onde escolher, as quais continuam a ser protagonizadas por Leon S. Kennedy e Claire Redfield. Os protagonistas têm diferentes motivações na chegada a Raccoon City, cidade já completamente tomada por zombies quando o jogo tem início. No entanto, a Capcom teve a oportunidade de adicionar mais contexto e personalidade, não só a Leon e a Claire como também a personagens secundárias, que são agora mais tridimensionais e emprestam mais verosimilhança ao mundo de jogo.

Posto isto, diríamos que ‘Resident Evil 2’ é quase tão obrigatório para os novatos como também para os fãs do original. Sim, o remake pode surgir de uma vontade de rentabilizar a nostalgia sentida dos jogadores mas, mesmo que o seja, ao menos a Capcom fê-lo da melhor forma possível. Não é tempo perdido.

Este equilíbrio nem sempre é fácil de conseguir, sobretudo quando se trata de um jogo com duas campanhas diferentes que partilham grande parte dos cenários. Para conseguir a variedade necessária para incentivar os jogadores a experienciarem as histórias de Leon e Claire, os produtores oferecem situações diferentes e armas distintas. Assim, mesmo que haja zonas e inimigos partilhados os jogadores são obrigados a encontrarem novas estratégias e a serem mais cautelosos ou mais agressivos.

A munição e os itens de cura continuam a ter de ser racionados e o espaço de inventário bem gerido. Porém, nota-se alguma piedade da parte dos produtores. Agora, é possível andar enquanto aponta a arma e até aumentar o espaço disponível, impedindo que faça repetidas viagens a uma sala segura para armazenar itens em excesso ou que não precise mais. 

As (muitas) chaves que encontrará, por exemplo, deixarão de ser úteis chegando a um determinado momento e o menu de jogo avisá-lo-á disso mesmo. Esta piedade dos produtores também fica evidente na ausência dos icónicos Ink Ribbons, que no original eram essenciais para gravar o progresso. Agora, estes itens apenas estão presentes no modo mais difícil para os que se sentirem audazes. É um fã de longa data que acha que antes os jogos é que eram bons? Tem aqui uma boa forma de o mostrar e conquistar este ‘troféu’ terminando o jogo nesta dificuldade mais alta.

Os fãs de longa data também apreciarão o facto de a Capcom ter modificado grande parte dos puzzles, o que faz com que os cenários tenham obrigatoriamente de ser examinados com cautela mesmo independentemente das vezes que jogou ao original. Além disso, também há certos itens (faca ou granada) que servem como último recurso caso seja apanhado por um zombie, permitindo evitar uma eventual dentada mortífera.

A referida dificuldade mais alta mexe com a resistência dos zombies e outros monstros que encontrará pelo caminho. A recorrente presença de zombies no mundo dos videojogos podia ter deixado as criaturas menos impactantes mas, verdade se diga, em ‘Resident Evil 2’ são verdadeiramente aterradoras.

Os zombies são autênticas ‘esponjas’ para balas, demorando a sucumbir a tiros mesmo na cabeça. Mesmo quando caem no chão não é garantido que não se levantem, uma possibilidade que pode esgotar por inteiro as suas munições. Sempre que possível, aconselhamos a uma abordagem cautelosa que procure evitar as criaturas.

Considerações finais

Mesmo com a incursão pelo género de ação da série ‘Resident Evil’ – a qual começou precisamente com o já mencionado ‘Resident Evil 4’ – é interessante ver que a Capcom conseguiu voltar às raízes ‘survival horror’ que foram popularizadas pelo ‘Resident Evil 2’. Com este remake, a Capcom demonstra porque a série se tornou um standard do género e torna bem claro que deve continuar a ser considerada como tal. Esperemos agora por um novo da série e pelo quase certo remake de ‘Resident Evil 3: Nemesis’

Pontos fortes

- Ambiente aterrador proporcionado pelo sistema de iluminação

- Grafismo rico em detalhes

- Novos segmento de história dão um maior contexto às personagens

- Puzzles refeitos ‘trocam as voltas’ aos veteranos

Pontos fracos

- Alguns efeitos sonoros estão mais fracos que o esperado

- Certas expressões faciais retiram o efeito de imersão

Ideal para…

Apreciadores do género ‘survival horror’, com ou sem experiência na série. Revisitar a esquadra de Raccoon City será uma experiência especial para os veteranos. Encontrar um remake que faça justiça à experiência do original é raro de se ver e, estamos felizes por dizê-lo, ‘Resident Evil 2’ consegue-o com sucesso.

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