Como combater vício em tecnologia? Web Summit quer encontrar respostas
O facto de muitos de nós dormirem ao lado dos nossos dispositivos móveis serve para ilustrar a necessidade de pensar sobre o assunto.
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Estamos cada vez mais ligados. E não, não estamos cada vez mais ligados a outras pessoas mas sim aos nossos smartphones e à tecnologia que nos rodeia. Não acredita? Acha alarmista? O facto de tanto a Google como a Apple terem integrado no Android e no iOS ferramentas que permitem limitar o tempo passado online, deve servir de ‘alarme’ para sabermos que o vício em tecnologia é um problema com que temos de lidar.
Sendo uma das maiores cimeiras de tecnologia em todo o mundo, a Web Summit é o local certo para debater o tema. Foi precisamente isso que fizeram os participantes de uma das conferências do último dia da cimeira, que procuraram responder à questão de como se limita o tempo que passamos ao ecrã.
Para a professora especializada em psicologia clínica e reabilitação no Kings College de Londres, Dame Til Wykes, é importante destacar as consequências negativas que a Internet possa ter em alguém que já tem à partida uma saúde mental debilitada como “ansiedade” ou “síndrome obsessivo compulsivo”. Para Wykes, é difícil saber se o problema está na Internet ou nas pessoas e que é mais provável que haja uma correlação paralela entre elas.
Já para Michael Smith, o co-fundador e co-CEO da aplicação Calm (destacada pela Apple em 2017 como uma das melhores aplicações da App Store), o problema está na falta de vontade das empresas tecnológicas em lidar como o problema. “O smartphone não é o problema. O smartphone é uma ferramenta”, defendeu Smith, indicando que também pode ser usado para melhorar a saúde mental através de apps como a Calm. Apesar da solução apontada por Smith, Wykes intercedeu e colocou em dúvida o benefício de apps de meditação, apelando para que se tentem analisar dados que provem a eficácia destas aplicações.
A privacidade de dados pessoais também foi um assunto abordado, os quais podem ser usados para manter os internautas e utilizadores de smartphones nas plataformas digitais. “Há uma obrigação da parte das empresas tecnológicas em dizerem-te o que estão a fazer com os teus dados. Penso que estamos numa fase de transição em que temos mais literacia e vamos de vício para desenvolver hábitos saudáveis”, apontou a CEO da consulta Wolff Olins, Sairah Ashman. “A maioria das pessoas não é aversa à partilha de dados, apenas quer saber o que é que as empresas estão a fazer com eles”.
Parte das tecnológicas tem depositado nos utilizadores a responsabilidade da forma como usam as suas plataformas digitais e do tempo que passam nelas. No entanto, aponta Wykes que foram estas mesmas empresas que criaram as ‘loot boxes’, consideradas por muitos como novos jogos de azar que acabam por tornar aficionados de videojogos em vítimas de jogos de azar. “Da mesma forma que se impede que certas pessoas tenham acesso a bebidas alcóolicas, talvez o mesmo princípio pudesse ser aplicado à tecnologia e seja regulado o tempo passado diante de um ecrã”, defendeu Wykes.
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