Robôs que interagem com humanos poderão ter no futuro "acreditação ética"
Robôs prestadores de cuidados ou capazes de dar gratificação sexual poderão no futuro ter uma espécie de "acreditação ética", afirmou hoje uma especialista em ética na inteligência artificial.
© Global Imagens
Tech Aimee van Wynsberghe
Aimee van Wynsberghe, que preside à Fundação para uma Robótica Responsável, afirmou que em meados do ano que vem deverá haver um "protótipo" de uma "marca de qualidade" a aplicar a produtos robóticos.
Falando na Web Summit, em Lisboa, afirmou que a ética é já uma preocupação de empresas da área da inteligência artificial e robótica, à medida que robôs vão sendo criados para áreas que dependem tradicionalmente de uma "relação empática" entre seres humanos, como os cuidados de saúde e o sexo.
À medida que a tecnologia avança, é preciso colocar questões como: "queremos mesmo idosos ou crianças com companheiros robóticos em vez de companheiros humanos?" ou "queremos providenciar a idosos ou deficientes apoio na forma de gratificação sexual" usando robôs?
Para Aimee van Wynsberghe, professora de Ética e Robótica na universidade Técnica de Delft, na Holanda, "é o momento perfeito para investigar outros interesses, aspetos, imagens e preferências" sexuais na conceção de robôs destinados ao sexo, que atualmente são dominados por uma cultura "pornográfica que usa o corpo feminino".
Defendeu que introduzir a ética na robótica não visa "banir a tecnologia" ou "estrangular a inovação".
Minutos antes, no mesmo palco instalado num dos pavilhões da FIL, uma empresa sueca tinha apresentado a milhares de pessoas na audiência o Furhat, um chamado "robô social" com uma programação que lhe permite interagir com seres humanos com caras diferentes para funções diferentes.
Do tamanho de um busto, o Furhat demonstrou em palco como consegue ensinar línguas ou servir para dar indicações a passageiros num aeroporto.
A falar japonês ou a pedir uma cerveja, o Furhat muda de "personalidade", de género e de cara. O robô pode até ter cara de cão e falar como uma personagem de desenho animado, bastando trocar a capa que lhe cobre a parte da frente da cabeça e na qual é projetada a cara adequada à função que está a cumprir.
"Criar uma tecnologia mais humana" foi o voto final da voz monótona de sotaque americano do robô Furhat, num discurso ao som de Vangelis.
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