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Esquerda critica PSD e CDS por travar entrada da Santa Casa no Montepio

PS, BE e PCP acusaram hoje PSD e CDS-PP de "oportunismo", por recomendaram ao Governo que trave a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) no Montepio, mas apenas os socialistas admitiram que votarão contra estas resoluções.

Esquerda critica PSD e CDS por travar entrada da Santa Casa no Montepio
Notícias ao Minuto

18:03 - 19/04/18 por Lusa

Política Projeto

PCP e BE preferiram reservar o sentido de voto sobre os projetos de PSD e CDS-PP para sexta-feira. Assim, apenas o projeto de resolução do Bloco, que pede a regulação dos investimentos da Santa Casa, conta com aprovação garantida, com os votos dos socialistas e comunistas.

Durante o debate, o deputado social-democrata Duarte Pacheco mostrou panfletos do PCP e imagens da deputada do BE Mariana Mortágua onde estes se mostravam contra a operação e desafiou todos a "assumirem as suas responsabilidades".

"Estamos perante um investimento de alto risco, entendemos que a Santa Casa não pode colocar dinheiro que pode ser necessário para ajudar quem precisa. Amanhã [sexta-feira], iremos ver quem está a favor ou contra esta aventura", desafiou o deputado do PSD.

Pelo CDS-PP, Filipe Anacoreta Correia salientou que foram os democratas-cristãos os primeiros a questionar o negócio, saudando que a SCML fale agora em investir apenas 18 milhões no Montepio, ao invés dos 200 milhões que chegaram a ser ponderados.

"É muito diferente, mas continua a ser demasiado dinheiro (...) O negócio da anunciada entrada no Montepio é uma vergonha que os portugueses não gostam, cheira mal", afirmou, desafiando as bancadas de esquerda a serem "coerentes".

A deputada do BE Mariana Mortágua acusou PSD e CDS-PP de um "aproveitamento oportunista", considerando que a discussão "vai muito para além" de travar a entrada da SCML no Montepio, mas definir como se regula a carteira de investimentos desta instituição.

Para isso, defendeu, "o Governo tem de reforçar o seu papel no escrutínio dos investimentos da Santa Casa e tem de haver um código de conduta".

"Pedimos que se crie um quadro legal que limite os ativos investidos em ação não social e discipline que tipos de investimentos podem ser feitos pela Santa Casa", defendeu, considerando que só assim haverá "garantias de transparência".

O deputado do PS Rui Riso criticou PSD e CDS-PP por não terem criticado outros investimentos da SCML no passado, como a intervenção no processo de privatização dos CTT, a recapitalização do BCP ou a participação em fundos imobiliários.

"O problema do CDS e PSD não tem a ver com investimentos que a Santa Casa fez, tem a ver com quem é hoje ministro e quem é hoje provedor. Se calhar, se fosse há uns meses, não se colocaria o problema porque o provedor era outro", criticou, numa referência ao anterior provedor da SCML, Pedro Santana Lopes, que já foi presidente dos sociais-democratas.

O deputado do PCP Miguel Tiago voltou à acusação de oportunismo de PSD e CDS-PP, embora classificando a possibilidade de a Santa Casa entrar no capital do Montepio como um "estranho negócio".

"PSD e CDS usam o negócio como instrumento de arremesso e mais um dos seus números parlamentares", criticou.

Considerando que "existem várias dúvidas que devem ser esclarecidas" nesta operação, Miguel Tiago apenas declarou apoio ao projeto do BE, embora considerando que nenhuma das recomendações vai à raiz do problema.

"A Caixa Económica Montepio Geral devia estar ao serviço dos associados da Associação Mutualista e não devia ter sido convertida em Sociedade Anónima sujeita a negócios", apontou.

Em 04 de abril, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho, assegurou no parlamento que o investimento na Caixa Económica Montepio Geral não se trata de um "salvamento" do banco e que há 20 a 30 instituições de solidariedade também interessadas em participar, ainda que de forma simbólica.

Segundo o provedor, em causa está a possibilidade de a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) ficar com 1% do capital do banco Montepio em troca no máximo de 18 milhões de euros. Tal investimento, a concretizar-se, avalia o banco em cerca de 1.800 milhões de euros.

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