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"Temos de lutar pela democracia e recriá-la sem cessar", afirma Marcelo

O Presidente da República afirmou hoje que é preciso lutar pela democracia todos os dias e recriá-la sem cessar, sem ceder um milímetro, num discurso perante os deputados e senadores espanhóis, nas Cortes Gerais de Espanha.

"Temos de lutar pela democracia e recriá-la sem cessar", afirma Marcelo
Notícias ao Minuto

16:44 - 17/04/18 por Lusa

Política Presidentes

Marcelo Rebelo de Sousa, que se encontra em visita de Estado a Espanha, fez uma intervenção de doze minutos na Sala do Plenário do parlamento espanhol, em Madrid, dedicada à importância da democracia, palavra que repetiu mais de uma dúzia de vezes.

"Lutar pela democracia é um imperativo de todos os dias. Tal como é um erro acreditar que basta a sua proclamação nas constituições e nas leis ou entender que, uma vez consagrada, é um dado adquirido para sempre. Vós e nós sabemos o que foi viver em ditadura e sonhar com a democracia e construí-la palmo a palmo durante longas caminhadas feitas de esperança e de combate", declarou.

Alternando entre o português e o castelhano, acrescentou: "Não ceder nem um milímetro dessa democracia é recriá-la sem cessar. Temos de recriar permanentemente a nossa democracia, a nossa educação, os nossos sistemas sociais, a nossa economia, a nossa relação e a relação com todos os demais, as nossas instituições, a nossa proximidade com as pessoas".

Segundo o chefe de Estado, isso tem de ser feito "com a cultura e a partir da cultura, porque a cultura é o que permanece quando as conjunturas económicas e políticas se alteram, quando as pessoas se sucedem no permanente fluir do tempo", constitui "a verdadeira diferença entre a democracia e a ditadura".

Quando terminou a sua intervenção, que foi aplaudida de pé, o Presidente da República foi surpreendido por um gesto simbólico de parlamentares pró-independência da Catalunha, que, com cravos amarelos ao peito, em sinal de apoio aos políticos catalães presos, cantaram no hemiciclo a canção-símbolo do 25 de Abril "Grândola, Vila Morena", de Zeca Afonso.

Sobre esse tema, Marcelo Rebelo de Sousa avisou logo à chegada a Espanha, no domingo à noite, que nada iria dizer, por se tratar de um assunto interno de um "país irmão".

Hoje, mesmo no final seu discurso, referiu-se somente de passagem à diversidade dentro da Península Ibérica: "Unidos como estamos, Espanha e Portugal, Portugal e Espanha, ambos muito diversos entre nós e dentro de nós, conscientes de que só juntos, e tal como somos, poderemos ir mais longe".

"Só juntos, em democracia, com a humilde coragem de querer mais futuro do que passado. Esta a mensagem fraterna do Presidente de Portugal, homenageando nestas Cortes o forte caráter, a vigorosa personalidade, a consistente determinação, o espírito indomável do povo espanhol. Viva Espanha, viva Portugal", concluiu.

Nesta sessão conjunta do Congresso dos Deputados e do Senado de Espanha, o chefe de Estado retomou a mensagem que deixou num encontro com estudantes universitários, na segunda-feira, de que "só com a democracia, que trouxe também a integração europeia", Portugal e Espanha puseram fim a um período de "dúvida quase sistemática" nas suas relações e de "desconfiança recíproca".

"É esse o sortilégio da democracia e que a contrapõe a toda e qualquer ditadura: o acolhimento da liberdade, do pluralismo, dos direitos humanos, todos eles, os pessoais, os políticos, os económicos, os sociais, os culturais", disse.

O Presidente da República advertiu para os "constantes e preocupantes" sinais vindos de "outras paragens onde sistemas políticos entram em crise ou se fragilizam porque se desistiu de se fazer da democracia uma realidade de todos os dias, um desafio nunca esgotado".

"A democracia une-nos e nunca, nunca podemos aceitar que ela nos divida", defendeu.

À chegada às Cortes, Marcelo Rebelo de Sousa foi recebido pelos presidentes das duas câmaras, numa curta cerimónia com alas de cortesia, em que se ouviram os hinos nacionais de Portugal e de Espanha.

Depois, assinou o livro de honra, no Salão dos Passos Perdidos, e foi agraciado com as medalhas do Congresso dos Deputados e do Senado, entregues pelos respetivos presidentes, Ana Pastor.

Ao tomar a palavra, no hemiciclo, o chefe de Estado expressou "honra e emoção" por estar "na casa da democracia de Espanha, representando uma pátria irmã", como tinham feito os seus antecessores António Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e Aníbal Cavaco Silva.

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