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Montenegro despede-se amanhã do Parlamento "como se não fosse voltar"

Luís Montenegro irá despedir-se na quinta-feira do parlamento como se não fosse voltar a ser deputado, e vai limitar a sua participação política aos media e a algum convite que lhe seja feito por estruturas partidárias.

Montenegro despede-se amanhã do Parlamento "como se não fosse voltar"
Notícias ao Minuto

08:34 - 04/04/18 por Lusa

Política PSD

"Eu, neste momento, despedir-me-ei do parlamento como se lá não fosse voltar porque essa possibilidade existe (...) Nestes 16 anos, não houve sítio nenhum onde tivesse passado mais tempo do que no Palácio de São Bento", assegurou o ex-líder parlamentar, em entrevista à Lusa na véspera de deixar o seu lugar de deputado na Assembleia da República.

Com participações semanais na TSF e na TVI24 e, a partir da próxima semana, no Expresso, garante que vai usar a sua voz na comunicação social para "contribuir para que o PSD possa afirmar a sua alternativa política e vencer as terceiras eleições consecutivas para a Assembleia da República".

Fora dos órgãos nacionais e do parlamento, Luís Montenegro diz que estará "naturalmente disponível" para cumprir as suas obrigações como militante de base, mas recusa ter um plano de fazer qualquer roteiro pelo país, até porque foi o que fez nos últimos anos "com muito gosto".

"Se acaso nessa circunstância de militante de base me chamarem, é natural que possa corresponder, mas não tenho nada previsto nesse sentido. Este é um tempo em que esse papel cabe aos atuais líderes, o líder do partido e o líder parlamentar", afirmou.

No Congresso de fevereiro surpreendeu quase todos ao anunciar que deixaria o parlamento a 05 de abril, data simbólica escolhida por nesse dia passarem precisamente 16 anos desde que tomou posse pela primeira vez como deputado, em 2002, durante a maioria PSD/CDS-PP liderada por Durão Barroso.

Para assinalar a data e como quinta-feira é dia de debate quinzenal não poderá fazer uma declaração de despedida em plenário -- como fez recentemente o ex-deputado do CDS-PP Filipe Lobo d'Ávila -, mas foi organizado um jantar para hoje à noite em Lisboa que conta já com mais de 140 confirmações, entre deputados do PSD da atual e anteriores legislaturas e colaboradores do grupo parlamentar que trabalharam com Montenegro nos últimos 16 anos.

O presidente do PSD, Rui Rio, foi convidado para o jantar, mas, até ao final do dia de terça-feira, não havia ainda a confirmação da sua presença.

Sempre eleito por Aveiro (a sua posição na lista foi variando até chegar a número um em 2015), a primeira intervenção de que guarda memória foi sobre o encerramento da empresa C&J Clarks em Castelo de Paiva, que mereceu pedidos de esclarecimento de Francisco Louçã, pelo BE, e de Vítor Ramalho, pelo PS.

Se dos líderes parlamentares a que pertenceu à direção (Pedro Santana Lopes e Miguel Macedo) prefere não destacar nenhum, Montenegro aponta Luís Marques Guedes como o presidente de bancada que acompanhou praticamente todo o seu percurso na Assembleia da República e a quem descreve como "parlamentar de mão cheia".

Nos outros partidos, é o ainda líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, quem merece destaque, por ter sido aquele com quem trabalhou mais de perto durante o período da 'troika', numa legislatura onde foram os únicos presidentes de bancada que estiveram do início ao fim e com quem "pela primeira vez" uma coligação pós-eleitoral durou quatro anos.

"Como ele costuma dizer com muita graça, sempre combinámos as concordâncias e as discordâncias entre nós", afirmou.

O período em que liderava a bancada do PSD com o país sob intervenção externa é precisamente aquele que aponta como o mais difícil dos seus anos parlamentares.

"Foi muito difícil, sobretudo nos primeiros tempos, ter de assumir muitas medidas, sobretudo quando tínhamos a noção clara de que a responsabilidade não era nossa", afirmou, dizendo que "chegava a ser chocante, ainda hoje é", a forma como o PS "lavava as mãos de toda a austeridade por que o país passou".

Como momentos mais gratificantes, destaca a participação em mais de 60 ou 70 debates quinzenais e "o privilégio" de falar por duas vezes na sessão solene do 25 de Abril.

"E há muita gente que aponta como inesquecível o discurso que fiz no encerramento da discussão do programa de Governo chumbado pela 'geringonça'", disse.

Nessa ocasião, a 10 de abril de 2015, procurou 'desmontar' a frase de António Costa de que palavra dada, seria palavra honrada e aponta que o atual primeiro-ministro é ainda "apanhado muitas vezes" devido a essa expressão.

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