Tiago Barbosa Ribeiro, deputado socialista, explica por que razões votou a favor da iniciativa do Bloco de Esquerda e do PCP, que condenam a repressão política na Catalunha e que foram esta quinta-feira rejeitados no Parlamento.
“É arrepiante a brutalidade da reação de Madrid, mas também a evidente politização da justiça, o controlo mediático e a ofensiva institucional para torpedar um processo político e pacífico que aspira à ordem republicana”, refere Barbosa Ribeiro.
Na opinião do deputado, é “completamente intolerável que qualquer activista político seja tratado como um terrorista e sujeito a penas que nem sequer vemos nas ditaduras mais ferozes, sobretudo pela organização de um referendo que bastava não reconhecer para iniciar o necessário diálogo político”.
“Madrid não quer e comporta-se como ocupante numa parte do país”, analisa o deputado socialista, salientando que podemos “resguardar-nos nas vírgulas, na imutabilidade das leis, no que quisermos”, mas que o Estado espanhol merece a “a nossa profunda condenação”.
Carles Puidgemont foi detido no domingo pela polícia alemã junto à fronteira com a Dinamarca no cumprimento de um mandado de detenção europeu emitido pela justiça espanhola.
Na sexta-feira da semana passada, o Supremo Tribunal espanhol acusou de delito de rebelião 13 separatistas pela sua participação no processo de independência da Catalunha, entre os quais se encontram o Carles Puigdemont, refugiado até ter sido detido na Bélgica, e o seu ex-presidente, Oriol Junqueras, preso desde novembro de 2017.
São acusados de terem organizado o referendo de autodeterminação de 01 de outubro de 2017 apesar de este ter sido proibido por violar a Constituição espanhola.
Em 27 de outubro de 2017, Madrid decidiu intervir na Comunidade Autónoma, através da dissolução do parlamento regional, da destituição do executivo regional e da convocação de eleições regionais que se realizaram em 21 de dezembro último.
O bloco de partidos independentistas manteve nessas eleições a maioria de deputados no parlamento regional, mas está a ter dificuldades para formar um novo executivo.