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Que nota dão os ex-candidatos aos dois anos de mandato de Marcelo?

Veio suceder a Cavaco Silva, quebrar protocolos e estar próximo do povo. Eis Marcelo Rebelo de Sousa depois de dois anos na Presidência da República.

Que nota dão os ex-candidatos aos dois anos de mandato de Marcelo?
Notícias ao Minuto

08:51 - 28/01/18 por Inês André de Figueiredo

Política Presidentes

No dia 24 de janeiro de 2016, Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito Presidente da República de Portugal, depois de uma vitória à primeira volta com 52% dos votos. Muito aconteceu nestes dois anos. Apelidado de ‘o Presidente do povo’ e conhecido por estar em todo o lado, Marcelo andou pelo país, houve abraços e beijos, selfies, mas também consolos necessários em tempos de tragédias (e houve muitas).

Esta semana comemoraram-se os dois anos de mandato e o Notícias ao Minuto foi perceber o que pensam cinco daqueles que se candidataram contra Marcelo Rebelo de Sousa, nas eleições presidenciais de 2016.

O balanço é positivo. Ouviram-se elogios e ‘boas notas’. Mas também há quem deixe críticas a alguns momentos dos últimos dois anos, nomeadamente à “omnipresença vs omnipotência” e também ao seu “silêncio ruidoso”.

Marisa Matias

Notícias ao MinutoMarisa Matias, ex-candidata à Presidência da República© Global ImagensMarcelo às vezes confunde-se um bocadinho com a sua própria esfera de influênciaA bloquista candidata às presidenciais de 2016 começa por comparar Marcelo a Cavaco Silva para explicar a forma como analisa os dois últimos anos. “Se compararmos com o Presidente anterior, estamos num contexto de mais lealdade institucional e de uma presidência que se tem articulado com os outros órgãos de soberania”, frisa.

A “própria personalidade” do Presidente também é um vinco realçado por Marisa Matias, reforçando que Marcelo está “em todos os espaços”, o que “às vezes confunde-se um bocadinho com a sua própria esfera de influência”. 

Por outro lado, o silêncio de um Presidente tão presente no quotidiano torna-se um “ruído”. “Creio que Marcelo está tão presente e ocupa tanto espaço, que quando não está é um silêncio muito ruidoso”, comenta. Os casos dos “trabalhadores dos CTT, da ex-Triumph, da MEO e da Altice”, são alguns dos pontos em que Marisa Matias agiria de forma diferente se ocupasse o cargo.

Ainda assim, o balanço é merecedor de uma “nota positiva” aos olhos da bloquista.

Maria de Belém

Notícias ao MinutoMaria de Belém Roseira, ex-candidata à Presidência da República© Global Imagens

Marcelo permitiu preencher espaços vazios no domínio da relação com as pessoas“Um balanço positivo”. É desta forma que a candidata às eleições presidenciais Maria de Belém vê os últimos dois anos de Marcelo enquanto chefe de Estado.

A socialista ressalva mesmo que o mandato “coincidiu com uma época muito interpelante para o país do ponto de vista da consternação e dos sentimentos e emoções das pessoas”. “O Presidente soube assumir o seu papel de Presidente nas competências constitucionais que tem e que são a parte principal da sua missão e não descurou uma parte muito importante que é a da relação com os portugueses”.

A atuação de Marcelo Rebelo de Sousa é ainda vista como um “grande restauro emocional às pessoas”, o que foi “muito positivo” nas circunstâncias pelas quais Portugal passou.

Além do mais, Maria de Belém refere que o Presidente “tem uma dinâmica que toda a gente lhe conhece” e que nos últimos anos “permitiu preencher espaços vazios no domínio da relação com as pessoas”. 

Edgar Silva

Notícias ao MinutoEdgar Silva, ex-candidato à Presidência da República© Global Imagens

A omnipresença do PR pretende induzir aquela natureza omnipotenteO candidato do PCP às eleições acredita que a “ideia central [do balanço] é que a intervenção do Presidente da República está associada a uma omnipresença que gera ou induz uma ideia de omnipotência”.

Na visão do ex-candidato, Marcelo incluiu-se, ele próprio, numa “azáfama mediática” que acaba por suscitar a “falsa ideia do poder resolutivo” do chefe de Estado.

“A omnipresença do PR pretende induzir aquela natureza omnipotente, o que deturpa e distorce as funções constitucionalmente atribuídas ao cargo. Ou seja, no atual quadro do regime democrático, essa omnipresença que é mediatizada corresponde a uma indução de que, no coletivo da opinião, o PR está em todo o lado e por isso é também omnipotente e capaz de resolver”, explica.

Também a forma de gerir o caso da ex-Triumph merece críticas de Edgar Silva,  apontando o dedo ao Presidente por “não ter recebido as trabalhadoras da ex-Triumph que se dirigiram ao Palácio de Belém”.

Vitorino Silva (Tino de Rans)

Notícias ao MinutoVitorino Silva, ex-candidato à Presidência da República© Global Imagens

Marcelo merecia nota 18. Provou que o PR também pode estar ao pé dos soldadosSe Tino de Rans fosse professor, o ‘aluno’ Marcelo merecia “nota 18” pelos dois últimos anos. Porquê? “Porque tem defendido muitas das coisas que eu defendia e que diziam que era impossível”, enfatiza, referindo-se à proximidade com a população e com o facto de não ser mais um político de “escritório e vidros fumados”.

“Marcelo provou que é possível o Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas também estar ao pé dos soldados. Não descura o mais simples e o mais próximo”, refere o ex-presidente da Junta de Freguesia de Rans.

Porém, fica uma ressalva ao “longo cumprimento a Merkel”. “Somos um país com História, não nos podemos estar a baixar a ninguém. Não gostei muito de ver o nosso PR a fazer aquele cumprimento”, salvaguarda.

Quanto ao futuro, Vitorino Silva conta apoiar Marcelo Rebelo de Sousa na sua próxima corrida presidencial, caso esta aconteça, mas garante que se Marcelo “for sozinho”, Tino de Rans volta a ser candidato, em prol da democracia. 

Paulo de Morais

Notícias ao MinutoPaulo de Morais, ex-candidato à Presidência da República© Global ImagensMarcelo acaba por transformar assuntos banais em importantes, mas também os importantes em banaisO candidato independente Paulo Morais vê o mandato de Marcelo como “simpático”, mas causa de “um problema para a vida política portuguesa”. “Marcelo comenta tudo, nomeadamente assuntos muito banais, e acaba por transformar os assuntos banais em importantes, mas também os assuntos importantes em banais, desvalorizando-os”, justifica.

Fala-se de uma espécie de “efeito anestesiador da sociedade”, em que “os assuntos verdadeiramente importantes acabam por ser tratados como se não fossem graves”.

Porém, e perante o “ano horribilis para o Estado português”, em que Paulo de Morais garante que “o Estado não cumpriu a sua função mínima que é garantir a segurança dos cidadãos”, também o Presidente da República é merecedor de críticas.

“Sendo o PR o chefe de um Estado que falhou em toda a linha, sendo 2017 um ano horribilis para o Estado português, é claramente um ano mau para a Presidência da República e é com alguma pena que vejo que o chefe de Estado teve de representar um Estado falhado”, frisa o ex-candidato.

Paulo de Morais valoriza o facto de Marcelo andar por todo o país mas, na sua opinião, “isso não chega”, já que “o PR tem de estar perto das pessoas mas tem de as defender, não só para as consolar para a desgraça do estado em que vivem”.

“O Marcelo que anda a consolar as pessoas por o Estado não cumprir essas funções, cumpre apenas essas funções de consolador mor do reino. Mas o PR tem de ser mais do que isso, tem de ser alguém que exija que o Estado funcione, não pode ser apenas o desculpabilizador”, entende o político.

*O Notícias ao Minuto tentou ainda contactar Sampaio da Nóvoa mas sem êxito até à hora de publicação desta notícia.

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