"Há alguma preocupação no Bloco e no PCP com a entrada de Rui Rio"
Comentador analisou o impacto que a eleição de Rui Rio para a liderança do PSD está a ter a nível interno e a nível externo. Para Marques Mendes, prováveis acordos de Rio com Costa geram "preocupação" na Esquerda. Já o PSD, diz, deve focar-se nas próximas eleições.
© Global Imagens
Política Marques Mendes
Este domingo ficou marcado pelas declarações inflamadas de Jerónimo de Sousa e de Catarina Martins relativamente ao novo líder do Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio, eleito há uma semana.
Para a coordenadora do Bloco de Esquerda, Rio representa “a voz da direita conservadora” que “quer voltar ao bloco central”. Já o secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP) deixou o aviso para risco de o bloco central “intensificar a exploração e retomar a liquidação de direitos”.
Depois destas declarações, Luís Marques Mendes, no seu espaço de comentário semanal na SIC, analisou-as e considerou que a “extrema-esquerda”, referindo ao Bloco e ao PCP, está preocupada com a chegada do novo líder do PSD.
“Como já se viu hoje pelas declarações de Jerónimo de Sousa e de Catarina Martins, há alguma preocupação com a entrada de Rui Rio”, começou por dizer o comentador. “Com a entrada de Rui Rio, desaparece aquilo que para a extrema-esquerda foi sempre o papão: Passos Coelho, o cimento da ‘geringonça’. É um sinal de preocupação”.
Apesar de não acreditar, propriamente, que o novo PSD e o PS possam mesmo formar um bloco central, Marques Mendes considera que os “pactos, entendimentos e acordos” entre os dois partidos podem ser possíveis, o que “cria embaraço no PCP”.
Marcelo e Rio "querem evitar maioria absoluta de António Costa"
O ex-líder do PSD abordou ainda o futuro do partido, nomeadamente no que diz respeito à preparação das próximas eleições legislativas, bem como no relacionamento com o Presidente da República.
Nesse sentido, realçou o comentador, Rui Rio e Marcelo Rebelo de Sousa, apesar das diferenças, têm um objetivo em comum: impedir a maioria absoluta do PS. “Rui Rio é muito diferente de Marcelo Rebelo de Sousa e tem porventura muitas diferenças, mas tem uma preocupação em comum. Qual é? Ambos, Presidente da República e líder do PSD, querem evitar maioria absoluta de António Costa, tarefa que não é fácil”, sublinhou.
Esta maioria, continuou Marques Mendes, seria prejudicial para Rui Rio que “ambiciona vencer as eleições” e para Marcelo porque "com um governo com maioria absoluta, um Presidente da República tem menos poder de manobra, menos poder de influência, menos capacidade negocial”.
A nível interno, Marques Mendes reafirmou que Hugo Soares deve abandonar a liderança da bancada parlamentar, até porque tal seria uma decisão “benéfica” para ambos. “Se Rui Rio é o candidato da mudança, não pode ter um líder parlamentar a representá-lo que seja a imagem da continuidade. Não é uma questão pessoal, é política”, explicou.
O ex-líder do PSD disse ainda que o partido deve “concentrar as atenções em preparar as eleições”, não devendo, por isso, excluir o CDS de um eventual acordo de governo. Para além disso, sugere Marques Mendes, o novo presidente deve “sensibilizar independentes para apoiar o PSD”, bem como abrir a porta a apoiantes de Pedro Santana Lopes.
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