PSD a apoiar PS? "Fazem-me a pergunta e eu não gosto de ser hipócrita"
Rui Rio socorre-se da "tradição" para explicar a razão pela qual afirmou que apoiaria um governo minoritário PS. "Obviamente que quero ganhar e obviamente que o PSD quer ter o primeiro-ministro, mas a pergunta não era essa", explicou.
© Global Imagens
Política Rui Rio
Minutos depois da declaração de Santana Lopes em Penafiel, na qual o ex-Provedor da Santa Casa criticou a possibilidade de um apoio do PSD ao PS, Rui Rio atirou, em Arcos de Valdevez:
“Há uma pessoa que explicaria isso melhor ao doutor Santana Lopes, que seria o professor Marcelo Rebelo de Sousa, que quando o engenheiro Guterres teve um governo minoritário, o PSD, liderado por Marcelo, e eu como secretário-geral, permitiu que aquele primeiro-ministro, que teve mais votos, governasse. Foi o caso do engenheiro Guterres”, quis enquadrar o candidato à liderança do PSD, para explicar a razão pela qual não diz que não a um possível apoio ao PS.
“Aquilo que o PSD tem acusado o doutor António Costa é que, apesar de Passos Coelho ter ganhado as eleições, ele não possibilitou que um governo minoritário pudesse governar”, apontou, evocando aquilo que era “tradição” e que vai contra o desfecho que originou a Geringonça.
“Fiquei a saber – ou ficámos todos a saber – uma coisa: se o doutor Santana Lopes, por acaso, ganhar as eleições, ou tem a maioria absoluta ou o país vai ficar mais quatro anos com a denominada Geringonça, não tenha dúvidas nenhumas sobre isso”, disse o ex-autarca do Porto.
Questionado sobre se falar nessa possibilidade de apoio ao PS não é um assumir de que o PSD não vai ganhar as próximas legislativas, Rui Rio defendeu que tem de ser “sério” e que quando um jornalista faz uma pergunta “temos de responder com sinceridade”.
“E a pergunta não era se eu quero ganhar ou perder, obviamente que quero ganhar e obviamente que o PSD quer ter o primeiro-ministro. E fazem-me a pergunta: ‘E se não tiver’?”, esclareceu, completando: “Isso é uma possibilidade, eu não gosto de ser hipócrita”. "'E se não quiser?’ Se não quiser, não passamos cheques em branco, mas a tradição em Portugal é o contrário do que passa agora, aquele que ganha, os outros deixam governar”.
Rui Rio não consegue, por isso, “entender minimamente qual a coerência do que está a dizer face ao passado”. “Está em choque frontal com aquilo que o PSD tem dito e feito ao longo de todos os anos, particularmente nesta situação agora”, disse Rio.
Sobre o facto de ter pedido a Santana para pedir desculpa aos militantes pelo tom usado no debate na RTP, Rio argumentou que se tivesse feito o mesmo que Santana fez na primeira parte do frente-a-frente – onde não se discutiram ideias, mas sim “meias verdades”, teria também “sacado” de papéis.
“Sou muito parco em palavras, dou poucas entrevistas, e apareço pouco na comunicação social, ele há anos que aparece todas as semanas. Não imagina o que há de coisas que ele tenha dito e de contradições que tenha feito. Imagine que eu começava a 'sacar', como se estivesse a jogar às cartas, uma atrás da outra”, disse.
Se o tivesse feito, questionou: “Como é que ficava o debate? Qual era o nível? Como saía o partido? E acima de tudo, como é que saía a dignidade do cargo ao qual estamos os dois concorrer?”
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com