Uma delegação do CDS, encabeçada por Assunção Cristas, esteve reunida na Lousã com o professor Xavier Viegas a propósito do relatório sobre os incêndios de Pedrógão Grande. Em destaque na conversa terá estado o capítulo 6 do relatório, um capítulo alvo de análise e de reserva por parte da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD).

“Estamos há muito tempo no Parlamento a solicitar o acesso ao relatório completo, que entendemos que é um dever nosso e um direito de todos os portugueses. Conhecemos a posição da CNPD, mas também entendemos desde a primeira hora que isso não pode impedir os deputado de aceder ao relatório, até para poderem fazer uma leitura comparada com o relatório da comissão técnica independente”, defendeu Assunção Cristas à saída da reunião.

“Sabemos que as conclusões não são totalmente coincidentes, mas há aqui aspetos muito importantes no que diz respeito ao socorro às vítimas, ao que foi ou não foi feito naquele momento, que de facto nos levam a crer que é preciso escrutinar este relatório na sua integralidade”, disse ainda.

A líder centrista realçou que teve “oportunidade de ouvir a explicação” de Xavier Viegas mas que o seu partido irá continuar a bater-se “no Parlamento para que o relatório chegue às mãos dos deputados” da primeira comissão”, algo que poderá ser feito “com toda a reserva” mas que acredita que deve ser feito “para que não reste nenhuma dúvida sobre o que se passou”.

Cristas sugeriu ainda que Xavier Viegas poderá ir ao Parlamento futuramente, onde poderá ser questionado publicamente sobre as conclusões do relatório.

Da parte do CDS, acrescentou, o partido “não vai deixar de cumprir o que garantiu desde a primeira hora: garantir que tudo é esclarecido” relativamente à tragédia de Pedrógão Grande.

A líder do CDS realçou ainda que respeita a decisão da CNPD mas que “discorda” dessa mesma decisão, relativamente à privacidade de algumas informações.

“Se de facto a CNPD entende que não é possível revelar o relatório, mesmo sem os nomes das pessoas envolvidas, então temos de dizer que tem de haver outra decisão: mesmo que seja à porta fechada”, afirmou.

Questionada por um dos jornalistas sobre se o Governo terá interesse em que o relatório não seja conhecido na totalidade, Cristas respondeu: “Eu não sei qual é o interesse do Governo, sei que o interesse dos portugueses, de todos nós, é de facto conhecermos com verdade tudo o que se passou”.

Recorde-se que o investigador do Centro de Estudos de Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra defendeu recentemente que as populações deverão organizar-se porque há situações em que os bombeiros poderão não chegar a tempo do socorro, tendo ainda argumentando que o parecer da CNPD vincula o documento, mas não a investigação que lhe deu origem.