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"Bloco Central? Só em condições absolutamente extraordinárias"

O candidato à liderança do PSD salientou a necessidade de reformar o país, estando ou não o PSD no poder. Sem admitir grandes diferenças ideológicas relativamente a Pedro Santana Lopes, Rui Rio diz situar-se no Centro político e quer o PSD a concorrer sozinho nas próximas eleições legislativas.

"Bloco Central? Só em condições absolutamente extraordinárias"
Notícias ao Minuto

23:48 - 04/12/17 por Pedro Bastos Reis

Política Rui Rio

Depois do desastroso resultado das eleições autárquicas, que precipitaram a saída de Pedro Passos Coelho da liderança do partido, o PSD prepara-se para ir a eleições diretas em janeiro. Pedro Santana Lopes e Rui Rio disputam a liderança do maior partido da oposição e é o próprio antigo presidente da Câmara do Porto que reconhece que não existem grandes diferenças ideológicas entre ambos.

Numa entrevista à RTP3, Rui Rio salienta as “personalidades distintas” entre os dois candidatos, que, nas suas palavras, são “ambos sociais-democratas”, mas também elenca algumas diferenças. A primeira, é o facto de Santana Lopes ser um nome recorrente na corrida à liderança do PSD, ao passo que Rui Rio só agora tomou uma decisão que lhe foi pedida por várias vezes.

“Pedro Santana Lopes candidatou-se já cinco vezes a líder do partido. Pediram-se várias vezes para ser candidato e eu disse sempre que não, porque era presidente da Câmara do Porto e queria levar o meu mandato até ao fim”, começou por dizer Rui Rio.

Feita a devido análise às diferenças e semelhanças entre candidatos, o antigo presidente da Câmara Municipal do Porto abordou os desafios que se impõe, internamente, ao PSD, bem como as suas ideias para a reforma do país.

Para Rui Rio, que garante não controlar o aparelho do PSD ao contrário de “alguns [que] controlam um bocadinho, menos do que aquilo que pensam, mas controlam sempre um bocadinho”, e identifica uma prioridade: reformar o partido que tem vindo a perder militantes e a afastar-se da sociedade civil.

“O PSD não se renovou, foi perdendo quadros, foi perdendo militantes. O PSD tem de voltar a chamar essas pessoas à participação e tem de trazer para dentro de si todos os portugueses que nos diversos setores de atividade têm relevo, que têm ideias sobre aquilo que fazem”, sublinha Rui Rio que considera como prioridade “meter a ‘sociedade portuguesa’ dentro do PSD”, porque só assim o partido terá “capacidade, em 2019, para lutar taco a taco com o PS para o Governo nacional”.

Prova deste afastamento do PSD, diz Rui Rio, é o resultado global do PSD nas eleições autárquicas, em especial o que aconteceu em Lisboa e no Porto. Também neste aspeto, o candidato aponta o dedo a Passos Coelho por não ter sido capaz de fazer “uma oposição acutilante” ao Governo.

“O Governo apregoa alguns resultados relativamente positivos no plano das finanças públicas e no plano económico, mas depois há muita outra coisa na governação que só não se vê que não está a correr mal porque não tem havido uma oposição acutilante para o fazer”, rematou.

“O meu PSD, o PPD, é social-democrata”

Questionado sobre a sua posição no espectro político, Rui Rio foi perentório, considerando o PSD um partido do Centro, que disputa parte do eleitorado com PS. “O meu PSD, o PPD, é social-democrata, ora um pouco mais à Direita ora um pouco mais à Esquerda, mas é um espaço que ocupa o Centro político”.

Nesse sentido, o candidato recusa “uma visão liberal em que o mercado e o setor privado resolvem tudo e em que o Estado tem de estar o mais afastado possível das coisas” e, ao invés disso, defende “uma economia de mercado” que dê “à iniciativa privada tudo aquilo de que ela necessita para funcionar”. Mas, garante, quando [esta] não funciona é legítimo que o Estado intervenha”.

Sem aprofundar muito as distinções ideológicas que tem com Santana Lopes, Rui Rio admitiu que poderá estar um pouco mais à Esquerda do que o seu adversário. “Admito que o Pedro Santana Lopes possa ser um bocado mais à Direita e eu um pouco mais à Esquerda. Mas estamos os dois neste espaço entre o que se pode designar o Centro-Direita e o Centro-Esquerda”.

“Temos de revisitar o 25 de Abril, e de forma civil e reformista"

Ao situar-se, claramente, ao Centro, muito se tem especulado relativamente à disponibilidade de Rui Rio tentar um futuro acordo de governo com o PS. No entanto, esta não é a questão chave para o antigo presidente da Câmara do Porto, que considera mais importante reformar o sistema político, esteja ou não no poder. “Os partidos não têm de estar no mesmo governo para fazer as grandes reformas”.

“Temos de revisitar o 25 de Abril, e de forma civil e reformista, nem militar nem revolucionária, fazer um conjunto de reformas que voltem a trazer à tona e a reforçar aquilo que eram os grandes objetivos do 25 de Abril. Isto é feito à escala parlamentar, não à escala de governo”, afirmou Rui Rio, que garante estar “disponível” para esta reforma. “Se nunca houve líderes disponíveis, então sou o primeiro”.

Afirmando que um Bloco Central com o PS “é algo que pode acontecer mas só em condições absolutamente extraordinárias”, nas próximas legislativas, Rui Rio admite que o PSD deverá concorrer sozinho, mas não exclui acordos futuros, nomeadamente com o CDS.

Não se querendo alongar nesta questão, Rui Rio insistiu sobretudo na necessidade de reformar o sistema português em vários níveis, devido ao “afastamento das pessoas relativamente ao regime”.

“Defendo um modelo de reformas nos diversos patamares no regime, que não pode ser feita só por um partido, como é lógico, tem de ser feita através de acordos com outros partidos, todos ou parte deles, consoante a vontade de cada um”, reiterou o candidato.

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