"A política não deve ser um palco, uma peça devidamente encenada"
O candidato à liderança do PSD Rui Rio afirmou hoje, em Viana do Castelo, que o aniversário dos dois anos do Governo está a ser "muito mal" comemorado, com uma sessão pública "encomendada" que "demonstra falta de confiança".
© Tony Dias/Global Imagens
Política Rui Rio
"O segundo aniversário é muito mal comemorado e demonstra a falta de confiança. Se tivesse confiança não fazia assim. Isso parece-me evidente", afirmou o antigo autarca do Porto num encontro com militantes do Alto Minho.
Rio adiantou que "o Governo tem a consciência de que o balanço não é muito positivo: se o balanço fosse positivo o Governo fazia uma sessão aberta onde as pessoas livremente perguntavam aquilo que quisessem aos membros do Governo".
O Governo assinalou hoje dois anos em funções com um Conselho de Ministros Extraordinário em Aveiro, seguido de uma sessão em que os membros do executivo responderam a questões colocadas por cidadãos, iniciativa que está a gerar polémica devido a notícias sobre o pagamento dos participantes.
"Quando o Governo vê isso com preocupação e encomenda um serviço para que as pessoas vão lá fazer perguntas que o Governo conhece de antemão e são convenientes, julgo que é o Governo que tem consciência das dificuldades que tem encontrado e dos 'inêxitos' que tem encontrado pelo caminho", sublinhou.
O candidato à liderança do PSD disse que a política "não deve ser encenada".
"Se eu faço uma sessão pública onde pessoas me fazem perguntas livremente e afinal não é livremente, tudo está preparado, então isto é um palco, é um ensaio. A política não deve ser um palco, uma peça devidamente encenada. Ou é uma coisa natural ou então não se faz", acrescentou.
O jornal Sol noticiou no sábado que o Governo liderado por António Costa vai pagar 36.750 euros a um grupo de 50 cidadãos, que participa num estudo na Universidade de Aveiro e fez hoje perguntas ao executivo na sessão pública.
De acordo com o jornal, o gabinete de Costa afirmou que foi pedida à Universidade de Aveiro "a elaboração de um estudo quantitativo, elaborado pelo professor Carlos Jalali, que aborda [...] o cumprimento das promessas por parte deste Governo e as preocupações que os inquiridos identificam como prioritárias para o futuro".
Coube à empresa Aximage a "definição técnica para a constituição de uma amostra adequada" e o "recrutamento dos participantes", incluindo "a gestão das deslocações [...]" e dos atos relacionados com transporte, alojamento e refeições", de acordo com a mesma fonte do Governo.
O Governo, citado pelo semanário, disse ser alheio aos termos da seleção e recrutamento dos participantes.
Questionado pelos jornalistas à margem da sessão de apresentação da candidatura à liderança do PSD, Rio disse que "o estado de graça do Governo acabou a partir de Pedrógão Grande" (grandes incêndios de junho), mas referiu acreditar que a legislatura será concluída.
O PSD escolherá o seu próximo presidente em 13 de janeiro em eleições diretas, com Congresso em Lisboa entre 16 e 18 de fevereiro.
Até agora, anunciaram-se como candidatos à liderança do PSD o antigo presidente da Câmara do Porto Rui Rio e o antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes.
O atual presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, já disse que não se recandidata ao cargo que ocupa desde 2010.
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