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Jantar no Panteão Nacional: “Governo sacudiu água do capote”

Marques Mendes atribui responsabilidades ao governo anterior mas sobretudo ao atual e defende substituição de diretora-geral do Património e Cultura, Isabel Melo.

Jantar no Panteão Nacional: “Governo sacudiu água do capote”
Notícias ao Minuto

23:21 - 12/11/17 por Melissa Lopes

Política Marques Mendes

Luís Marques Mendes comentou, no seu habitual espaço de comentário na Sic, a polémica do jantar dos convidados da Web Summit, no Panteão Nacional, local onde estão sepultadas as figuras de maior relevo do país.

“Acho que esta polémica nunca devia ter existido, nunca devia ter existido o jantar e, depois de o jantar [ter acontecido], acho que todos deviam ter uma palavra de humildade e dizer ‘correu mal, pedimos desculpa, isto vai ser corrigido e não volta a repetir-se’”, começou por dizer Marques Mendes.

O comentador frisou, inclusive, que “infelizmente” tem a sensação de que está tudo “um bocadinho meio louco” no país político. E passou a explicar porquê.

“Como ainda ontem dizia Seixas da Costa no seu blog, o Panteão, para além de um monumento nacional, é um cemitério. E num cemitério não se fazem jantares, por uma questão de respeito pelos símbolos nacionais e pela memória das pessoas que estão ali sepultadas”, argumentou, atribuindo várias responsabilidades. “Todos os intervenientes que, nas últimas 24 horas falaram para as televisões, saíram mal [na fotografia]”, considerou.

Na opinião de Marques Mendes, tem responsabilidade o antigo secretário de Estado da Cultura do governo de Passos Coelho que, “em 2014, fez um regulamento, definiu regras para utilização de palácios e monumentos nacionais para rentabilizar os espaços”. Esse regulamento, frisou, “abriu a hipótese de de existir esse jantar”.

No entendimento do social-democrata, “a responsabilidade agora maior é já deste Governo e da directora-geral do Património Cultural”. Isto porque, justificou, “nos termos do regulamento tem depois que haver uma autorização caso a caso”. E a directora-geral “autorizou e autorizou mal. Podia ter dito que não. Tem responsabilidades também, é talvez a maior responsável”, reforçou.

Por último, Marques Mendes considerou que também o primeiro-ministro e o ministro da Cultura têm responsabilidades. “Estão em funções há dois anos, se discordavam disto já podiam ter mudado e revogado e anulado aquele regulamento”, disse, condenando a postura de António Costa e do Governo em si: “Fizeram aquilo que é um padrão, sacudir a água do capote”.

“Se reparar, Costa nunca tem nada a ver com os incêndios de Pedrógão, com os incêndios de outubro, nada com Tancos, nada com a legionella, nunca tem nada a ver com nada”, acusou. Podiam ter seguido o exemplo do fundador da Web Summit que, com muita humildade, veio pedir desculpa”, sugeriu Marques Mendes.

Para ser coerente, defendeu ainda, o Governo “vai ter que agir”. Por um lado, “a directora-geral do Património Cultural acho que, neste momento, já devia ter pedido a demissão ou colocado o lugar à disposição. Ela foi desautorizada publicamente pela sua tutela”, comentou.

“Se amanhã ela não fizer isso, pergunta-se o que é que vai fazer o Governo? Para ser coerente, o Governo tem que fazer duas coisas: revogar o despacho, isso já anunciou, mas também substituir e demitir a directora-geral, Isabel Melo. “Se não fizer isso, fica a ideia que o Governo afinal é conivente”, rematou.

Isabel Melo, saliente-se, afirmou este domingo que não se demite na sequência da polémica. 

O Governo, através do gabinete do primeiro-ministro, classificou, no sábado, a utilização do espaço do Panteão Nacional para a realização do referido jantar como "absolutamente indigna", referindo que tal utilização estava enquadrada legalmente através de um despacho proferido pelo anterior executivo PSD/CDS.

Também anunciou na mesma altura que iria proceder à alteração da lei "para que situações semelhantes não voltem a repetir-se, violando a história, a memória coletiva e os símbolos nacionais".

Opção que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou ser "muito sensata". A polémica originou também trocas de acusações entre os vários partidos políticos

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