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‘Geringonça’ faz dois anos. PCP e BE querem ir mais longe

Tanto o PS como os partidos à sua Esquerda salientam o caráter inovador da atual solução governativa. No entanto, têm consciência das diferenças e PCP e BE fazem questão de as realçar.

‘Geringonça’ faz dois anos. PCP e BE querem ir mais longe
Notícias ao Minuto

22:53 - 10/11/17 por Pedro Bastos Reis

Política Partidos

Há precisamente dois anos, PS, PCP, Bloco de Esquerda e PEV sentaram-se à mesa e assinaram o acordo que viria a dar origem à chamada ‘geringonça’, termo que começou por ser pejorativo mas que, aos poucos, começou a ser utilizado quase de forma consensual, da Esquerda à Direita.

Apesar de a coligação Portugal à Frente (PAF) ter sido a mais votada nas eleições legislativas de 2015, PSD e CDS perderam a maioria. António Costa sentou-se com Jerónimo Martins, Catarina Martins e Heloísa Apolónia e os quatro líderes chegaram a um acordo para uma solução governativa histórica na política portuguesa.

Com altos e baixos, a ‘Geringonça’, contra as expectativas dos mais céticos, tem sobrevivido. No entanto, PCP e Bloco não deixam de relembrar ao Governo de António Costa de que é preciso ir mais longe.

“Esta solução é inovadora, está a enriquecer a democracia”, afirmou esta sexta-feira Tiago Barbosa Ribeiro na antena da RTP2, salientando que a solução governativa continua a incomodar PSD e CDS. “Percebemos alguma incompreensão por parte de alguns setores, e alguma azia, até, que vemos no Parlamento, diariamente, por parte dos partidos da Direita, relativamente à forma como esta solução foi encontrada e como ela, sobretudo, tem funcionado”, acrescentou o deputado socialista.

Ao lado do socialista, esteve também a deputada do PCP Diana Ferreira e o bloquista José Soeiro. Ambos salientaram a solução política encontrada em 2015, destacando a importância que cada um dos partidos assume no funcionamento da ‘Geringonça’.

“Viemos de umas eleições legislativas em que PSD e CDS tiveram uma perda de votos significativas, em que não alcançaram, sequer, a maioria absoluta, e em que o PCP toma uma posição dizendo que o PS só não é governo se não quiser. É a partir dessa viabilização de um governo do PS que se constrói a solução política que temos hoje e que, efetivamente, tem feito um caminho de reposição de direitos e rendimentos”, começou por explicar Diana Ferreira.

Já o deputado do Bloco de Esquerda sublinhou a importância da “relação de forças” para encontrar “caminhos possíveis” para o país. “As soluções políticas dependem do peso que as pessoas derem a cada partido. Temos hoje uma solução que mostra que há outros caminhos possíveis e que esses caminhos dependem da relação de forças e de encontrar soluções para o país”, afirmou José Soeiro.

Focados na convergência, sem esquecer diferenças

Tendo em conta as diferenças entre os quatro partidos que constituem esta solução governativa, Tiago Barbosa Ribeiro destaca os pontos comuns que os unem, nomeadamente a necessidade de “recuperar direitos, repor e devolver rendimentos, estabilizar e normalizar o país, e com isso ter melhores resultados orçamentais”. “Uma das riquezas desta solução é precisamente cada partido não esconder aquilo que separa cada um de si”, remata o socialista.

É precisamente devido a estas diferenças que tanto o PCP como o Bloco sentem que é preciso ir mais longe.

“É fundamental aprofundar um caminho de reposição de direitos e rendimentos, mas que se vá mais longe no progresso social, e que se avance também para a conquista de mais direitos e rendimentos”, destaca a deputada Diana Ferreira.

Por seu lado, José Soeiro considera que os passos seguintes da ‘Geringonça’ devem incidir sobre as “relações coletivas de trabalho”, de forma a “relançar a contração coletiva”, sem esquecer a importância da “questão da reestruturação estruturada da dívida”.

Os partidos à Esquerda do PS já deram o seu ‘ok’ ao Orçamento do Estado para 2018. O próximo ano trará certamente muitos desafios à ‘Geringonça’, não só a nível interno ou como externo. O futuro é uma incógnita, mas o facto é que esta “solução inovadora”, como caracteriza Barbosa Ribeiro, já ultrapassou metade da legislatura.

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