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"Grandes líderes não são conhecidos pela exteriorização de sentimentos"

Ascenso Simões escreveu no site Acção Socialista e analisou o atual momento do país.

"Grandes líderes não são conhecidos pela exteriorização de sentimentos"
Notícias ao Minuto

08:41 - 20/10/17 por Inês André de Figueiredo

Política Ascenso Simões

Numa altura em que o Ministério da Administração Interna se encontra em remodelação, após a saída de Constança Urbano de Sousa e a entrada de Eduardo Cabrita, Ascenso Simões recorda os seus tempos enquanto secretário de Estado desta pasta, deixando uma “palavra amiga” à ministra e ao secretário de Estado que estão de saída.

“Nos dois anos seguintes a ter cessado funções no Ministério da Administração Interna, acordava, não raras vezes, com o pesadelo dos incêndios florestais. O psiquiatra que me seguiu dizia que os meus sintomas eram semelhantes aos do stress de guerra depois de tanta área ardida, dos mortos que se verificaram e das situações penosas que vivi”, relembra o socialista no site Acção Socialista.

Numa análise a uma situação trágica como a dos incêndios, Ascenso Simões fala em “dois universos em situação de crise”. “Um primeiro é da opinião publicada, sempre disposta a fazer sangue a fazer acelerar a História. O outro o da decisão fria, competente, à altura”, esclarece, acrescentando, e referindo-se ao primeiro-ministro, que “teria sido muito mais fácil a proclamação do pedido de desculpas, mas [entende] bem porque não foi esse o caminho”.

O socialista acredita que os “grandes líderes”, aqueles que ficam na História, “não são conhecidos pela exteriorização de sentimentos”. “Essa prática é meio caminho andado para a folga dos sistemas, a disfuncionalidade das máquinas de resposta”, assegura.

“Por isso me revelei profundamente contrário à ida sistemática do Presidente da República aos teatros das operações, mesmo que para ‘dar uma palavra amiga’, porque em situação de guerra cada comandante deve saber como se deve comportar”, defende Ascenso Simões.

Quanto à escolha de Eduardo Cabrita para a Administração Interna, diz acreditar que “o chefe do Governo escolheu bem”, sendo que se trata de uma pessoa com “experiência” e também “conhecimento da realidade do país”.

“Mas a António Costa vai caber a determinação das linhas de interconexão governativa para que se faça, a cada tempo, o que se impõe. Cabrita vai ter de ser autorizado a ter mau-feitio, vai ter que negar reunir com pessoal menor para elevar as suas orientações a marechais de campo, vai ter que ser ministro dos ministro”, ressalva.

Por outro lado, Ascenso Simões entende que ao grupo parlamentar do PS “cabe a mobilização necessária para encontrar os apoios certos a uma profunda mudança nas prioridades que se impõem”, sendo necessário “o reforço das relações de confiança com as populações, com as comunidades mais frágeis”.

“Ao PS cumpre apoiar, como nunca, o Governo. Ao PS importa ser o esteio forte da liderança dupla do Governo e do partido”, esclarece o socialista. Trata-se, portanto, de não se poder “estar aqui para acertar pequenas contas”, mas sim para “assumir uma leitura de sociedade e uma obrigação de país que formatam quase cinco décadas de história do PS”.

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